Embora seja produzida na Argentina e tenha conquistado mercados como o México, a Toyota Hilux GR-S, potente picape V6, segue como um carro não vendido no Brasil. Entenda os motivos por trás dessa decisão da montadora e o impacto para os consumidores brasileiros
Apesar de ser produzida na Argentina, a Toyota Hilux GR-S V6 — versão esportiva e mais potente da consagrada picape — nunca foi oficialmente vendida no Brasil. Enquanto países como México e Chile já desfrutam da robustez aliada ao desempenho da versão V6 a gasolina, o mercado brasileiro ainda segue sem acesso a esse modelo, que se tornou um verdadeiro carro não vendido no Brasil.
Com um motor potente, apelo esportivo e acabamento exclusivo, a Hilux GR-S V6 se destaca nos países onde é comercializada. Mas por que essa picape ainda não chegou por aqui? O motivo vai além da proximidade geográfica e envolve uma série de fatores estratégicos, econômicos e culturais.
Toyota Hilux GR-S: potência e identidade esportiva
A Toyota Hilux GR-S é uma versão com DNA esportivo, criada pela divisão Gazoo Racing. Voltada para quem busca desempenho aliado à confiabilidade da linha Hilux, a picape traz um motor V6 4.0 aspirado a gasolina com cerca de 234 cv de potência e 38,3 kgfm de torque.
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Além do conjunto mecânico mais robusto, o modelo se diferencia visualmente com rodas exclusivas, detalhes em vermelho, grade frontal personalizada, faróis de LED e interior com acabamentos esportivos. A suspensão também recebe ajustes para melhorar o comportamento tanto no asfalto quanto no off-road.
Esse conjunto transforma a picape em uma opção de alta performance dentro do segmento, atendendo a um público que deseja mais do que apenas capacidade de carga e tração 4×4.
Por que este é um carro não vendido no Brasil?
Mesmo sendo fabricada em solo argentino, a picape nunca foi ofertada oficialmente no Brasil. A ausência pode ser explicada por um conjunto de decisões baseadas em dados de mercado, custos operacionais e comportamento do consumidor brasileiro.
Preferência por motores diesel
No Brasil, picapes médias são, em sua maioria, vendidas com motores turbodiesel. Essa preferência é sustentada por incentivos fiscais, maior economia de combustível e uma imagem de durabilidade associada ao diesel.
Segundo dados da Fenabrave e de análises do setor, o motor diesel continua sendo predominante entre as picapes médias no Brasil, refletindo a preferência histórica do consumidor por esse tipo de motorização nesse segmento. Isso reduz significativamente o apelo comercial de versões a gasolina, como a Hilux GR-S V6.
Custos e tributação
Mesmo sendo montada em um país do Mercosul, a picape com motor V6 a gasolina enfrentaria barreiras tributárias no Brasil. A tributação mais pesada sobre motores grandes e movidos a gasolina encarece o produto e dificulta seu posicionamento competitivo frente a rivais com motorização a diesel.
Além disso, haveria necessidade de homologação específica para o Brasil, com adaptações e testes que geram custos adicionais à fabricante.
Baixa demanda estimada
O segmento de picape V6 a gasolina é considerado de nicho no Brasil. A combinação entre custo elevado e preferência pelo diesel faz com que a Toyota não visualize grande retorno ao disponibilizar esse modelo no país.
A marca prefere investir em versões com maior potencial de volume de vendas, mantendo o foco em modelos que já são líderes de mercado — como a Hilux 2.8 turbodiesel.
Sucesso da Toyota Hilux GR-S V6 na América Latina
Enquanto os brasileiros seguem à espera, a Toyota Hilux GR-S com motor V6 é vendida em mercados vizinhos com boa aceitação. No México, por exemplo, o modelo se destacou como uma opção esportiva no segmento de picapes médias.
A gasolina é mais competitiva em relação ao diesel no território mexicano, o que contribui para o bom desempenho de vendas. A identidade da linha GR-S também tem forte apelo entre consumidores jovens e fãs da marca.
O mesmo ocorre em países como Chile, Paraguai e Colômbia, onde a versão esportiva é utilizada tanto por entusiastas quanto por clientes que buscam um veículo com visual diferenciado e motor mais potente.
Toyota Hilux GR-S no Brasil: visual esportivo, mas sem o motor V6
Vale lembrar que a sigla GR-S chegou ao Brasil em 2022, mas com um conceito distinto. Por aqui, a versão Hilux GR-S foi equipada com o tradicional motor 2.8 turbodiesel de 224 cv, o mesmo das outras configurações da linha.
Apesar de ganhar visual mais agressivo, suspensão reforçada e acabamento esportivo no interior, a picape nacional não contava com o motor V6 a gasolina. Na prática, tratava-se de uma edição especial com foco visual e ajustes técnicos, mas sem o desempenho adicional presente nas versões vendidas fora do país.
O modelo teve uma passagem discreta pelo mercado e saiu de linha no ano seguinte, sem uma substituta direta.
Estratégia da Toyota e o futuro das picapes V6 no Brasil
A ausência da Hilux V6 também reflete a postura mais conservadora da Toyota no país. Ao contrário de marcas como Ford, que apostam em picapes V6 turbodiesel como a nova Ranger, ou a RAM, com a Rampage turbo a gasolina, a Toyota mantém foco em eficiência, confiabilidade e economia.
A marca já sinalizou que prepara soluções eletrificadas para suas picapes e SUVs no futuro. Isso pode incluir motores híbridos, que unam desempenho e eficiência, tornando motores V6 a gasolina menos atrativos do ponto de vista ambiental e comercial.
Picape V6 da Hilux: desejo dos brasileiros e ausência sentida
Mesmo com a predominância do diesel, há um público fiel a modelos mais potentes no Brasil. A Ford Ranger V6 turbodiesel com 250 cv, por exemplo, tem recebido bons números de vendas. A RAM Rampage 2.0 turbo com mais de 270 cv também reforça essa tendência.
Esses dados indicam que existe, sim, demanda por picapes com maior desempenho, mesmo com preços acima da média. A ausência da Toyota Hilux GR-S V6 deixa uma lacuna no portfólio da marca no país, especialmente entre clientes que desejam performance esportiva sem abrir mão da tradição Hilux.
Um carro não vendido no Brasil — por enquanto
A chegada de uma nova geração da Hilux está prevista para 2025, e há expectativas de que a Toyota incorpore versões com motorização híbrida. Isso pode mudar o cenário atual, oferecendo uma opção intermediária entre performance e eficiência.
Enquanto isso, a picape V6 com emblema Gazoo Racing continua sendo um desejo distante para os brasileiros, mesmo estando ao alcance na linha de produção da vizinha Argentina.
Resta saber se a marca japonesa decidirá investir na ampliação de seu catálogo local ou se seguirá priorizando o equilíbrio entre volume de vendas e racionalidade mecânica. Até lá, a Hilux GR-S V6 permanece como um dos principais carros não vendidos no Brasil, apesar do forte apelo entre os entusiastas.