Futuramente, com a instalação da rede 5G, a fábrica da Nestlé poderá se transformar de automatizada para autônoma
A fábrica da Nestlé, localizada no município de Caçapava, no interior do estado de São Paulo, responsável pela produção de 2 milhões de unidades do chocolate KitKat por dia, já apresenta internet 5G. Agora, a linha apresenta outro avanço tecnológico com o uso de ‘carro-robô’, cujo tempo de resposta é instantâneo.
Saiba agora os avanços proporcionados pela internet 5G
A máquina é composta de uma antena que responde aos comandos de uma central. O dispositivo pode circular e frear mais rápido devido à rede 5G ultrarrápida. Graças ao 5G, a Nestlé consegue fazer com que a nova máquina transporte o wafer até a estação de chocolate para produzir o KitKat.
A rede da Nestlé existe graças a uma parceria entre a Ericsson e a Embratel. A faixa utilizada é a de 3,5 Ghz. Nos testes, a velocidade média de navegação chegou a 700 megabytes por segundo, enquanto a latência, que é o tempo de resposta entre equipamentos, foi de apenas 8 milissegundos.
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A internet 5G proporcionou a conexão entre vários dispositivos ao mesmo tempo, algo que irá permitir o desenvolvimento de inteligência artificial, internet das coisas (IoT), realidade aumentada, armazenamento de dados na nuvem e outras funcionalidades. Futuramente, a fábrica poderá se transformar de automatizada para autônoma.
O presidente da Nestlé no Brasil, Marcelo Melchior, disse em entrevista ao Estadão/Broadcast que é como se a fábrica agora pudesse pensar sozinha. Por exemplo, a estação poderia identificar um estoque baixo de cacau e ordenar, de forma independente, o reabastecimento.
A rede da Nestlé também está sendo utilizada nos óculos de realidade aumentada, com imagens fiéis da planta, as quais ajudam a treinar os funcionários sem precisar parar a linha de produção. Os óculos ainda servem para manutenção remota, isto é, um técnico de outro país pode verificar um problema na linha sem ter de pegar um avião.
A variedade de detalhes permite até calcular o ritmo de desgaste futuro dos componentes e trocá-los antes de uma eventual pane. Além disso, a rede tem sensores sem fio, ligados a equipamentos sem cabo e menores, o que deixa mais espaços livres no edifício.
Nestlé vira referência internacional
A fábrica de Caçapava, na região de São José dos Campos, é a primeira da Nestlé a ter uma rede 5G própria. A Nestlé, que tem fábricas em 79 países, escolheu o polo do município paulista uma vez que ali já funcionava como um centro de pesquisa para soluções tecnológicas. Caso as pesquisas deem certo nesse polo, são replicadas pelo continente americano.
O projeto da Nestlé alargou a lista de empresas no Brasil que estão testando a tecnologia da internet 5G para ganhar mais capacidade e autonomia em suas linhas de produção, como a Gerdau, Stellantis e Weg, entre outras empresas que têm projetos em conjunto com fornecedoras da tecnologia, incluindo Ericsson, Nokia, Huawei, Embratel, IBM e NTT.
Murilo Barbosa, vice-presidente de Negócios da Ericsson para o Cone Sul da América Latina, informa que há um interesse cada vez maior no mercado pela nova tecnologia e que estão recebendo muitos contatos.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estipula que o uso da rede 5G no Brasil terá um impacto de R$ 80 bilhões até 2030.
Gustavo Moura, gerente do Programa de Transformação Digital para Operações da Nestlé, disse que a empresa terá mais flexibilidade e liberdade para a criação de produtos.
O presidente da Embratel, José Formoso, relatou que a conversa para instalar a rede na fabricante de chocolates se iniciou há cerca de dois anos, e os primeiros testes antes da instalação definitiva ocorreram há seis meses. Ele explica que o 5G entre as indústrias é complexo, já que refere-se a segurança e logística.