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Segundo jornalistas, extração do minério na Amazônia iniciada por Eike Batista resultou em morte de trabalhadores e miséria

Escrito por Flavia Marinho
Publicado em 22/01/2021 às 11:14
mineração - Amazônia - Eike Batista

Do “boom econômico” a uma cidade na miséria: fim repentino da mineração na Amazônia levou a crise econômica e pessoas desempregadas

Pedra Branca do Amapari localizada no meio da floresta amazônica, no estado do Amapá que entre 2007 e 2014, viveu um boom econômico da mineração, sofreu um histórico trágico: o desabamento do porto da mineradora Anglo American em 2013, que deixou seis funcionários mortos e interrompeu o desenvolvimento econômico da Amazônia e o povo amazonense sofre até os dias de hoje, segundo os jornalistas Abinoan Santiago e Dyepeson Martins do portal apublica.org.

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A atividade, contudo, foi suspensa repentinamente em 2014, meses após o acidente. Ele era o único ponto de escoamento da produção mineral no Amazonas, o que inviabilizou a extração em Pedra Branca.

Apesar de o acidente ter ocorrido há quase oito anos acarretando em danos econômicos e sociais, a mineração na Amazônia deixou até os dias de hoje, familiares das vítima em luto.

Extração do minério na Amazônia iniciou por Eike Batista e resultou em morte de trabalhadores e miséria na região

A extração de minério de ferro em Pedra Branca do Amapari teve início com o ex-bilionário Eike Batista. Apesar da previsão audaciosa de 6,5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, com uma vida útil de 20 anos, Eike desistiu do Amapá e com apenas um mês depois da primeira exportação, em dezembro de 2007, ele vendeu a mina então administrada pela sua empresa MMX para a britânica Anglo American por US$ 5,5 bilhões.

Em março de 2013, contudo, parte do porto de embarque da mineradora desabou no rio Amazonas, em Santana, e afetou as operações. No mesmo ano, a indiana Zamin Ferrous assumiu o empreendimento da Anglo. No ano seguinte, a Zamin suspendeu a extração, deixando os funcionários desempregados. Hoje, a mineradora indiana está em recuperação judicial.

A Anglo American justificou a venda pelo fato de “em uma revisão global de portfólio em 2012, a mina no Amapá foi considerada como ativo não essencial no Brasil”. Nenhum representante da Zamin – que acumulou uma dívida de mais de R$ 1 bilhão com trabalhadores, empresas e bancos – foi encontrado pela reportagem. A Pública entrou em contato com os advogados da empresa por telefone e e-mail, mas não houve retorno. À beira da falência, até o site da mineradora saiu do ar. 

O Ministério Público do Amapá (MP) denunciou a Anglo e quatro diretores da empresa pelas mortes dos trabalhadores e crimes ambientais ocorridos após o desmoronamento. Como explicou o promotor Adilson Garcia, responsável pela denúncia, o MP utilizou a lei 9.605 para responsabilizar criminalmente a empresa por crimes ambientais. Segundo a denúncia, a empresa não tomou as medidas necessárias para evitar a tragédia e os dirigentes da Anglo tinham acesso a estudos que mostravam a necessidade de investimentos em segurança no cais, devido à instabilidade do solo provocada por um outro acidente em 1993. A denúncia foi protocolada em 2020 e tramita na 1ª Vara Criminal de Santana. O processo ainda está em fase de citação, ou seja, os réus estão sendo notificados sobre as acusações.

Do “boom econômico” a uma cidade na miséria: fim repentino da mineração levou a crise econômica e pessoas desempregadas na Amazônia

Após a suspensão das atividades, a Zamin deixou para trás uma estrutura gigantesca que chegou a impulsionar a criação de um “eldorado amapaense”, verdadeiras ruínas no meio da selva. No local onde funcionava a sede da empresa, há um ambiente ocupado por mato, maquinários pesados e sucata. O portão de entrada foi substituído por pedaços de madeira colocados em cima de barris enferrujados. 

O abandono transformou a rotina da cidade que, após o crescimento econômico impulsionado pela atividade mineral, resultando no aumento populacional de quase 300%, saltando de 4 mil para 13 mil habitantes somente durante o ciclo mineral entre 2007 e 2013

Isso refletiu diretamente no entorno da estrada ferro. Sem ter para onde ir e desempregados, moradores fincaram construções a centímetros do trilho. Outros ergueram as casas em cima de onde deveria passar o trem.

À época, a prefeitura do município informou que a paralisação da mineradora representava uma queda de quase 35% na arrecadação. Poucos meses depois, a situação piorou ainda mais com o fechamento de estabelecimentos comerciais afetados pela crise financeira. 

A capacidade de investimentos da prefeitura de Pedra Branca do Amapari, antes da mineração, em 2005, era de R$ 5 milhões. Subiu para R$ 67 milhões em 2012 e caiu para R$ 47 milhões no ano seguinte à saída da mineradora da cidade.

Em 2019, o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público Estadual (MPE) da Amazônia e a Anglo American assinaram um Acordo de Composição de Danos para os municípios afetados pela tragédia. Eles devem receber R$ 47 milhões para aplicações em projetos de educação, cultura, saúde e infraestrutura.

por – apublica.org

Flavia Marinho

Flavia Marinho é Engenheira de Produção pós-graduada em Engenharia Elétrica e Automação, com vasta experiência na indústria de construção naval onshore e offshore. Nos últimos anos, tem se dedicado a escrever artigos para sites de notícias nas áreas da indústria, petróleo e gás, energia, construção naval, geopolítica, empregos e cursos, com mais de 7 mil artigos publicados. Sua expertise técnica e habilidade de comunicação a tornam uma referência respeitada em seu campo. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal.

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