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Exploração de petróleo na Foz do Amazonas gera protestos de pescadores do Marajó, que temem impactos ambientais e prejuízos para comunidades tradicionais

Escrito por Hilton Libório
Publicado em 22/09/2025 às 08:06
Pescadores em pequenos barcos segurando bandeiras vermelhas protestam em um rio ao pôr do sol, com uma plataforma de perfuração de petróleo ao fundo e uma densa floresta tropical em ambos os lados.
Exploração de petróleo na Foz do Amazonas gera protestos de pescadores do Marajó, que temem impactos ambientais e prejuízos para comunidades tradicionais/ Imagem Ilustrativa
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No Pará, pescadores do Marajó realizam protesto contra a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, destacando riscos ambientais, ameaça à pesca artesanal e impactos diretos nas comunidades tradicionais da região

Pescadores artesanais da comunidade de Jubim, na Ilha do Marajó, realizaram um protesto simbólico contra a exploração de petróleo na Foz do Amazonas neste domingo (21). A manifestação reuniu 16 embarcações em uma linha no rio, com faixas que pediam o fim de novos poços e alertavam para os riscos ambientais.

O ato ocorre a seis semanas da COP30, que será sediada em Belém, e integra a campanha internacional “Draw the Line / Delimite”, com mobilizações em mais de 90 países.

Ato dos pescadores do Marajó: resistência na Amazônia

COP30: Amazônia de pé, petróleo no chão” foi a mensagem estampada na faixa que cruzou o rio durante o protesto. Os pescadores do Marajó alertam que a abertura de uma nova fronteira de exploração de petróleo ameaça diretamente os ecossistemas marinhos e a segurança alimentar das comunidades ribeirinhas.

Nelson Bastos, pescador e pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA), afirmou que caso a exploração de petróleo se intensifique, os pescadores artesanais do Marajó enfrentarão riscos ainda maiores em sua subsistência.

A pesca artesanal é a principal fonte de sustento para milhares de famílias na região. A presença de grandes embarcações já afeta a atividade, levando redes e espantando cardumes. Com a exploração de petróleo, os riscos se multiplicam.

Exploração de petróleo na Foz do Amazonas gera protestos de pescadores do Marajó, que temem impactos ambientais e prejuízos para comunidades tradicionais
Protesto realizado neste domingo (21) por pescadores do Marajó/ Foto: João Paulo Guimarães

Foz do Amazonas: uma área sensível sob ameaça

A Foz do Amazonas é considerada uma das regiões mais sensíveis da costa brasileira. Estudos do IBAMA e de instituições ambientais apontam que o bioma abriga espécies endêmicas e sistemas de recifes únicos, como os recifes de carbono descobertos em 2016.

A Petrobras pretende perfurar poços a cerca de 170 km da costa do Amapá e a 2.880 metros de profundidade. O projeto está em fase de licenciamento ambiental e requer autorização para Avaliação Pré-Operacional (APO).

Um eventual vazamento de petróleo poderia causar danos irreversíveis à biodiversidade da Amazônia costeira, afetando não apenas o meio ambiente, mas também a economia local baseada na pesca artesanal.

Protesto e mobilização internacional contra a exploração de petróleo

O protesto dos pescadores do Marajó faz parte de uma mobilização internacional que ocorreu entre os dias 15 e 21 de setembro, durante a Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque. A campanha “Draw the Line / Delimite” reuniu mais de 600 ações em 90 países, com o objetivo de pressionar líderes mundiais por medidas concretas contra a crise climática.

No Brasil, além do Marajó, houve manifestações em Belém, Manaus, Rondolândia, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Organizações indígenas, ribeirinhas e quilombolas apoiaram o ato, junto a coletivos ambientais como 350.org, Observatório do Marajó e a campanha “A Resposta Somos Nós”.

Amazônia e comunidades tradicionais em risco

A região da Foz do Amazonas integra a chamada Margem Equatorial, que se estende pela costa do Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte. Essa área abriga um dos maiores cinturões de manguezais do mundo e recifes de corais ainda pouco estudados.

A exploração de petróleo ameaça diretamente essa biodiversidade. Segundo o Greenpeace, os “corais da Amazônia” são formações únicas e seriam impactados pela atividade petrolífera. Estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) identificou corais, esponjas e rodolitos na região, reforçando a necessidade de preservação.

A presença da indústria petrolífera pode comprometer a qualidade da água, afastar os peixes e destruir modos de vida tradicionais, como alertam os pescadores do Marajó.

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Licenciamento ambiental e controvérsias políticas

O projeto da Petrobras para explorar petróleo na Foz do Amazonas enfrenta resistência técnica e política. Em maio de 2024, o IBAMA indeferiu um pedido da estatal para perfurar a bacia, alegando falta de estrutura e riscos ambientais elevados.

Entre as críticas, destaca-se o tempo de resposta em caso de acidente: embarcações levariam até 48 horas para chegar ao local, aumentando o risco de que o óleo atinja a costa brasileira. A decisão gerou tensão entre os ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia.

A pressão política para acelerar o processo pode comprometer a análise técnica e a segurança ambiental, segundo especialistas da UFPA e do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

Pescadores do Marajó e o impacto na pesca artesanal

A pesca artesanal é uma atividade essencial para a subsistência das comunidades do Marajó. De acordo com estudos socioeconômicos realizados em comunidades pesqueiras da Ilha do Marajó, a pesca artesanal representa a principal atividade econômica e de subsistência local, sendo responsável por sustentar a maioria das famílias da região.

Com a chegada de navios de grande porte e a possibilidade de exploração de petróleo, os pescadores enfrentam desafios crescentes. Redes são levadas pelas embarcações, cardumes se afastam e a insegurança aumenta.

A exploração de petróleo representa uma ameaça direta à cultura, à economia e à soberania alimentar das comunidades tradicionais da Ilha.

Caminhos sustentáveis para o desenvolvimento da Amazônia

A realização da COP30 em Belém, marcada para novembro de 2025, coloca o Brasil no centro das discussões climáticas globais. O protesto dos pescadores do Marajó ganha ainda mais relevância nesse contexto, ao evidenciar os conflitos entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental.

A Amazônia não pode ser vista apenas como uma fronteira de recursos. É um patrimônio natural e cultural que precisa ser protegido. Investimentos em energias renováveis, turismo comunitário e pesca sustentável podem gerar renda sem destruir o meio ambiente.

A participação ativa dos pescadores do Marajó e de outras comunidades tradicionais é essencial para garantir decisões justas e equilibradas.

O que está em jogo para a Amazônia e o mundo?

O protesto dos pescadores do Marajó contra a exploração de petróleo na Foz do Amazonas é um alerta poderoso sobre os riscos ambientais e sociais que envolvem projetos de grande escala na Amazônia. A mobilização internacional e o apoio de organizações sociais reforçam a legitimidade da causa.

Segundo o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), a exploração de combustíveis fósseis é uma das principais causas do aquecimento global. Preservar a Amazônia é preservar o futuro do planeta.

Ouvir as comunidades que vivem e protegem esse território é um dever ético e estratégico. A COP30 será um momento decisivo para que o Brasil e o mundo escolham entre o progresso sustentável e a repetição de modelos predatórios.

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Hilton Libório

Hilton Fonseca Liborio é redator, com experiência em produção de conteúdo digital e habilidade em SEO. Atua na criação de textos otimizados para diferentes públicos e plataformas, buscando unir qualidade, relevância e resultados. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras, Energias Renováveis, Mineração e outros temas. Contato e sugestões de pauta: hiltonliborio44@gmail.com

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