Após denúncias chocantes de condições análogas à escravidão envolvendo 163 trabalhadores chineses, a BYD rompe com empreiteira acusada e contrata empresa brasileira para recuperar sua fábrica em Camaçari, na Bahia.
Você já parou para pensar no impacto que as condições de trabalho têm sobre a reputação de grandes empresas? A BYD, gigante chinesa do setor automotivo, sentiu isso na pele recentemente. Após graves denúncias envolvendo trabalhadores em sua fábrica de Camaçari, na Bahia, a empresa tomou medidas drásticas para reparar os danos e evitar novos problemas.
Entenda o caso: Denúncias em obras da BYD na Bahia
Tudo começou com uma operação em dezembro de 2024, quando uma força-tarefa liderada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) encontrou 163 trabalhadores chineses vivendo em condições que poderiam ser descritas como cenas de um pesadelo. Ter que dormir em um colchão fino como papel, comer ao lado de materiais de construção ou enfrentar jornadas exaustivas de até 70 horas semanais.
A situação foi considerada tão grave que as obras da fábrica foram embargadas parcialmente. A empresa chinesa Jinjiang, contratada pela BYD para gerenciar as obras, foi acusada de práticas como retenção de passaportes e salários, além de negligência com a segurança e bem-estar dos operários.
-
Há coisas que parecem difíceis — menos para a China: vai gastar €9,3 bi e retirar 339 mi de m³ de terra para levar o mar ao interior e acelerar a indústria e economia
-
Mais empresas chinesas se firmam no Brasil: State Grid Recebe licença do Ibama para megaprojeto de R$ 18 bilhões em linha de transmissão que atenderá 12 milhões de pessoas
-
Com 550 metros de altura e 133.358 mil metros cúbicos de concreto, Senna Tower em Balneário Camboriú impõe novo marco à engenharia brasileira como o maior prédio residencial do mundo
-
Unicamp compra terreno de R$ 20 milhões para moradia estudantil e enfrenta cobrança por ampliação em outras cidades
A resposta da BYD: Mudanças e contratação de nova construtora
De acordo com o site UOL, com a repercussão negativa, a BYD não perdeu tempo. A primeira ação foi rescindir o contrato com a Jinjiang. Em seguida, contratou temporariamente a Sepeng Engenharia, uma construtora brasileira, para realizar os ajustes necessários na obra embargada.
A Sepeng, contratada pela BYD, ficou encarregada de tarefas como regulamentar as normas de segurança, instalar áreas de descanso e melhorar a sinalização do local. O mais interessante? Boa parte dos 100 novos trabalhadores são moradores de Camaçari, reforçando o impacto positivo na economia local.
Impacto local: Trabalhadores brasileiros e regulamentação
Essa mudança não é apenas simbólica. A contratação de mão de obra local traz um respiro para a economia da região, além de garantir que as normas de segurança e condições de trabalho sejam respeitadas. Afinal, o Brasil possui uma legislação trabalhista rigorosa que não pode ser ignorada.
Medidas emergenciais, como alojar os trabalhadores estrangeiros em hotéis e garantir condições dignas, mostram um esforço da BYD para recuperar sua credibilidade.
Compromisso com o futuro: Medidas de compliance e nova infraestrutura
Reconhecendo a gravidade da situação, a BYD criou um comitê de compliance para monitorar e garantir que casos como esse não se repitam. O grupo inclui advogados, especialistas em Direito do Trabalho e consultores externos.
Outra mudança significativa foi a reestruturação das instalações para os trabalhadores, que agora contam com cômodos equipados com TV e ar-condicionado. As imagens divulgadas pela empresa mostram uma tentativa clara de virar a página e demonstrar respeito pelas normas brasileiras.