A pressão internacional aumentou depois que os Estados Unidos elevaram o tom contra um dos integrantes do BRICS. O motivo envolve a escalada nas importações de petróleo russo e a aproximação crescente com a China. Em meio às críticas, Washington fez um pedido direto: que esse país abandone imediatamente o bloco econômico
O clima entre Estados Unidos e Índia ganhou novas tensões após declarações fortes do secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. Em entrevista, ele pediu abertamente que Nova Délhi reveja sua posição dentro do BRICS e, de forma dura, sugeriu que a Índia deveria abandonar o grupo.
Segundo Lutnick, o problema central é a postura da Índia diante de dois pontos: a compra crescente de petróleo russo e a aproximação com a China.
Ele afirmou que, se a Índia continuar alinhada ao BRICS, estará sustentando os principais rivais dos EUA no cenário geopolítico. “Se você apoia a Rússia e a China, precisa escolher: apoiar os EUA, seu maior cliente, ou aceitar tarifas de 50% sobre suas exportações”, declarou.
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Pressão sobre petróleo russo
Um dos alvos diretos das críticas é o aumento das importações indianas de petróleo da Rússia. Antes da guerra na Ucrânia, o volume era menor que 2% do total.
Hoje, segundo Lutnick, já chega a 40%. Para os EUA, essa decisão representa não apenas uma estratégia econômica de curto prazo, mas um alinhamento problemático com Moscou em meio às sanções ocidentais.
Lutnick chamou a situação de “pura escolha política” e disse que a Índia precisa decidir de que lado está. Para Washington, Nova Délhi estaria fortalecendo um eixo contrário ao Ocidente, mesmo enquanto tenta manter relações comerciais com os americanos.
Trump também critica
A polêmica ganhou mais combustível após o ex-presidente Donald Trump também criticar a Índia. Em sua rede Truth Social, Trump afirmou que tanto Índia quanto Rússia estariam sendo “perdidas” para a China.
Em tom irônico, escreveu que os dois países terão uma “longa e próspera vida juntos”, reforçando a narrativa de que Pequim estaria dominando a cooperação dentro do BRICS.
EUA destacam atrativos de sua economia
Lutnick insistiu que, no fim, todos acabam dependendo do mercado americano. “O consumidor dos EUA é o maior do mundo, e é para lá que todos precisam vender”, afirmou. Ele destacou que a economia de US$ 30 trilhões dos Estados Unidos acaba se impondo como destino inevitável das exportações indianas.
Segundo ele, nem China nem Índia teriam alternativas de escala semelhantes para seus produtos, e por isso a saída natural seria priorizar Washington.
Resposta da Índia
As críticas não ficaram sem resposta. O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Índia, Randhir Jaiswal, classificou as falas como “incorretas e enganosas”.
Ele afirmou que a parceria com os EUA já passou por diversos desafios e que o país continua comprometido com uma agenda de cooperação baseada em respeito mútuo e interesses compartilhados.
Nova Délhi também rejeitou as acusações de que o BRICS buscaria desdolarização ou confronto direto com Washington.
O governo reforçou que sua política externa é guiada pela autonomia estratégica, equilibrando laços tanto com o Ocidente quanto com países emergentes.
Escalada diplomática
As declarações de Lutnick mostram uma escalada no tom dos EUA contra a Índia, tradicionalmente vista como parceira estratégica, sobretudo frente à China.
A pressão para que Nova Délhi abandone o BRICS expõe uma disputa maior: o papel do grupo no cenário internacional e a crescente competição por influência entre Washington e Pequim.
Por enquanto, a Índia parece não disposta a ceder. Mas o debate indica que as escolhas de Nova Délhi no comércio e na energia continuarão sob os holofotes da diplomacia global.