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EUA não conseguem vender Soja para a China e jogam a culpa no Brasil, enquanto números mostram virada nas compras e apontam o preferido do mercado chinês

Escrito por Geovane Souza
Publicado em 12/09/2025 às 15:51
EUA não conseguem vender Soja para a China e jogam a culpa no Brasil, enquanto números mostram virada nas compras e apontam o preferido do mercado chinês
Produtores dos Estados Unidos afirmam que a China reduziu drasticamente as compras de soja americana e que o Brasil passou a dominar os embarques ao principal comprador mundial.
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Em meio a tarifas e impasse comercial, tradings chinesas antecipam compras na América do Sul enquanto produtores dos EUA reclamam de perda de espaço. Dados oficiais do Brasil e da China ajudam a explicar o movimento.

Produtores dos Estados Unidos afirmam que a China reduziu drasticamente as compras de soja americana e que o Brasil passou a dominar os embarques ao principal comprador mundial. O pano de fundo é o impasse nas negociações comerciais e a volta de tarifas que encarecem a oleaginosa dos EUA para os importadores chineses. Traders e analistas relatam que quase toda a demanda chinesa do início da entressafra foi coberta por cargas sul-americanas.

Os números sustentam a reclamação. Entre janeiro e julho de 2025, a China importou 42,26 milhões de toneladas de soja do Brasil e 16,57 milhões dos EUA, segundo dados de alfândega chinesa compilados pela Reuters. Além disso, as compras para outubro já estavam 95% cobertas no início de setembro, “quase todas” com origem na América do Sul.

Do lado brasileiro, o impulso vem de produção abundante. A Conab estima a safra 2024/25 de soja em 169,49 milhões de toneladas, com exportações projetadas acima de 106 milhões de toneladas. É volume suficiente para manter o Brasil como fornecedor competitivo no calendário de compras da Ásia.

Enquanto isso, a tarifa chinesa sobre a soja dos EUA tem tirado a vantagem de preço do produto americano e pressionado as margens da indústria de esmagamento na China, que já elevou estoques após recordes de importação no meio do ano.

Por que a China saiu do balcão dos EUA no começo da temporada

Relatos de tradings indicam que não havia reservas de nova safra dos EUA vendidas à China até meados de setembro, período em que tradicionalmente o fluxo americano acelera. No ano passado, 12 a 13 milhões de toneladas dos EUA já estavam “na conta” para embarque entre setembro e novembro. Em 2025, a cobertura para outubro chegou a 95% com soja sul-americana e 1 milhão de toneladas para novembro, deixando pouco espaço para origens dos EUA.

O custo relativo é decisivo. Embora as ofertas americanas estivessem US$ 0,80 a US$ 0,90 por bushel abaixo das brasileiras para embarques de setembro e outubro, uma tarifa de 23% aplicada pela China adiciona cerca de US$ 2 por bushel ao produto dos EUA, eliminando a vantagem.

Esse desvio de compras pesa nas cotações em Chicago e tende a provocar revisões nas projeções oficiais. Analistas já falam em corte do USDA na previsão de exportação 2025/26, hoje em 46,4 milhões de toneladas, caso o impasse não se resolva.

Brasil ocupou o vácuo com safra grande e calendário a favor

O calendário agrícola favorece Brasil e demais vizinhos no primeiro semestre, e os EUA tradicionalmente lideram de setembro a janeiro. Em 2025, a colheita robusta no Brasil prolongou a competitividade sul-americana para dentro do período em que os EUA costumam dominar. A Conab calcula 169,49 milhões de toneladas de soja em 2024/25 e exportações acima de 106 milhões; há ainda relatos privados apontando produção total de grãos recorde no país.

Os dados de importação da China refletem essa oferta: no acumulado do ano até julho, o Brasil forneceu mais que o dobro do volume americano. Para as esmagadoras chinesas, o movimento garante suprimento, ainda que margens tenham virado negativas em polos como Rizhao nas últimas semanas, depois de uma sequência de compras agressivas.

O ciclo é dinâmico. Em março, por exemplo, os EUA chegaram a responder por 75% das chegadas mensais de soja à China por compras precaucionais feitas no fim de 2024. Analistas, porém, já previam que o Brasil retomaria a dianteira com a entrada de sua safra no segundo trimestre e volumes recordes ao longo do meio do ano.

O que pedem os produtores dos EUA e qual o tamanho da perda

Sem vendas para a China no começo da temporada, o setor fala em bilhões de dólares perdidos. Estimativas privadas sugerem um rombo de 14 a 16 milhões de toneladas em exportações americanas se a China mantiver as compras longe dos EUA até meados de novembro. Associações de produtores pressionam a Casa Branca por um acordo que traga compromissos de compra e alivie tarifas.

A American Soybean Association (ASA) enviou carta ao governo pedindo prioridade para um acerto com a China e alertando para “danos econômicos severos” caso a ausência de compras continue. O argumento é que a China representou 54% das exportações americanas de soja em 2023/24, num total de US$ 13,2 bilhões, e que o atraso nas pré-compras de nova safra é inusual.

Os produtores jogam a culpa no Brasil, alegando que o país tomou mercados tradicionais com safra maior, câmbio favorável e logística em expansão, o que torna difícil competir enquanto tarifas elevam o custo da soja americana ao importador. Boletins da ASA destacam ainda que a combinação de tarifa retaliatória, IVA e MFN elevou a alíquota efetiva sobre a soja dos EUA em 2025, agravando o desvio de demanda.

E a China? Competitividade e segurança de suprimento falam mais alto

Do ponto de vista de Pequim, a prioridade é preço e previsibilidade. O USDA projeta importações chinesas de 109 milhões de toneladas em 2024/25, reforçando que o país seguirá altamente dependente do grão externo independentemente do fornecedor. O mix entre EUA e Brasil tende a variar conforme preço, tarifas e risco geopolítico.

Com estoques elevados após compras recordes no meio do ano, as esmagadoras chinesas têm sido seletivas, inclusive reduzindo ritmo quando as margens apertam. Isso explica por que, mesmo com soja americana mais barata no papel, a tarifa adicional imposta pelos chineses pesou mais na decisão de curto prazo.

No horizonte, a safra 2025/26 no Brasil pode manter o país competitivo se o clima ajudar, cenário citado por agentes de mercado. Enquanto não houver acordo entre Washington e Pequim, o fluxo tende a privilegiar a América do Sul sempre que a matemática fechar na origem e no destino.

No fim das contas, a pergunta fica, há “canibalização” ou apenas competição normal em um mercado globalizado com tarifas e geopolítica no tabuleiro? Deixe seu comentário e diga se a China está apenas comprando de quem é mais competitivo ou se os EUA têm razão em acusar desequilíbrio.

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Geovane Souza

Especialista em criação de conteúdo para internet, SEO e marketing digital, com atuação focada em crescimento orgânico, performance editorial e estratégias de distribuição. No CPG, cobre temas como empregos, economia, vagas home office, cursos e qualificação profissional, tecnologia, entre outros, sempre com linguagem clara e orientação prática para o leitor. Universitário de Sistemas de Informação no IFBA – Campus Vitória da Conquista. Se você tiver alguma dúvida, quiser corrigir uma informação ou sugerir pauta relacionada aos temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: gspublikar@gmail.com. Importante: não recebemos currículos.

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