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Etanol anidro não é o vilão pelo aumento do preço da gasolina que subiu pela 8ª semana seguida no Brasil

Escrito por Flavia Marinho
Publicado em 02/10/2021 às 08:01
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Frentista em posto de gasolina / Imagem Google

Segundo especialistas, etanol anidro não encarece preço da gasolina. O preço do petróleo no mercado internacional é o grande vilão pela disparada do preço dos combustíveis e quem paga a conta é o consumidor

De acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), o preço médio da gasolina subiu pela 8ª semana seguida no Brasil. As constantes altas do combustível são motivo de queixas frequentes por parte dos consumidores, que estão tendo que arcar com as disparadas do preço da gasolina. Segundo pesquisa divulgada ainda nesta semana pela ANP, o preço médio da gasolina comum na Paraíba está em R$ 5,943, mas há quem paga mais de R$ 7, em outras regiões brasileiras!

Lei também

Governo não tem interesse em reduzir a mistura de etanol à gasolina

O governo federal não tem nenhum projeto concreto na direção de reduzir a mistura de etanol à gasolina, informam fontes do Ministério das Minas e Energia e da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis ANP.

Com o cenário de inflação crescente, o Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado da Paraíba (Sindalcool-PB) destaca que o etanol anidro, aquele adicionado à gasolina na proporção de 27%, permite melhor aproveitamento do petróleo na produção da gasolina pelas refinarias por elevar a octanagem.

O preço do petróleo no mercado internacional é o responsável pelo encarecimento do preço dos combustíveis, como sugeriu o presidente Jair Bolsonaro em uma live que aconteceu no dia 23 de setembro nas redes sociais.

O Sindalcool-PB também reforça que uma possível diminuição percentual do anidro à gasolina teria pouco ou nenhum impacto na redução do preço final desse combustível nas bombas. E, por esta razão, não será adotado porque geraria maior desemprego.

Impostos, as margens da distribuidora e de revenda nos postos e os custos logísticos, influenciam no custo final do combustível

Na composição final do preço médio da gasolina C, além do etanol anidro, há os demais custos, como os impostos, as margens da distribuidora e de revenda nos postos e os custos logísticos. Na Paraíba, o estado recebe R$1,7353 de cada litro no abastecimento de gasolina. No etanol o Governo da Paraíba arrecada R$1,2467 por litro consumido.

Segundo o consultor Geraldo Lucena, com o barril de petróleo Brent batendo os $80,00, não há outra opção a não ser reajustar os preços dos combustíveis. “O diesel já apresenta defasagem de R$ 0,4250 e a gasolina agora R$ 0,2250”, disse Lucena.

O presidente do Sindalcool-PB, Edmundo Barbosa, ressaltou a contribuição do anidro à gasolina. “O etanol contribui para redução do preço final da gasolina ao consumidor. As usinas, na Paraíba e no Nordeste, estão trabalhando a plena carga para a máxima produção do etanol a fim de suprir o mercado e também estão comprometidas com o sucesso da agenda positiva do Governo Federal. As empresas incentivam o combate à sonegação e todas as formas de concorrência desleal e que possam causar perdas aos estados e aos consumidores”, disse o dirigente.

A projeção da safra 2020/2021, as usinas de etanol da Paraíba aumentaram a produção de etanol anidro em 16% em relação às safras anteriores, o que demonstra o comprometimento e responsabilidade dessas empresas com o abastecimento nacional.

Consultoria aponta como redução do percentual de anidro não reflete em preço da gasolina

Dados divulgados no relatório “Qual seria o impacto no preço da gasolina ao consumidor caso houvesse uma redução na mistura de etanol anidro à gasolina no Brasil?”, confeccionado pela consultoria agrícola (DATAGRO), e divulgado no dia 28 de setembro, mostra como a redução de etanol anidro seria irrisória no estado de São Paulo.

Neste exemplo, caso fosse tomada hoje a redução da mistura de 27% para 18%, o preço médio da gasolina C ao consumidor em São Paulo cairia apenas 0,6% na bomba, de R$ 5,775/litro para R$ 5,742/litro.

A consultoria ainda aponta que, “em média, uma redução de 1 ponto percentual na mistura poderia implicar em uma queda de 32 milhões de litros na demanda de etanol anidro por mês, cujo volume seria basicamente substituído pela importação de gasolina”. O resultado seria um dispêndio adicional ao País de US$ 157,27 milhões de dólares por mês com importação de gasolina.

Adição de etanol anidro à gasolina preserva saúde e meio ambiente

O Brasil lidera a redução de emissões nos transportes através do programa RenovaBio implantado em 2020 para aumento dos investimentos e redução do preço do etanol ao consumidor. Outro ponto essencial da importância do etanol anidro adicionado à gasolina são os benefícios que essa mistura representa. Graças ao etanol, o Brasil foi o país pioneiro na eliminação do chumbo tetra-etila, usado para elevar a octanagem, mas que é considerado venenoso e traz sérios danos à saúde, como o saturnismo e a contaminação cerebral de crianças.

O etanol anidro também substitui os compostos químicos aromáticos cancerígenos na composição da gasolina, como o tolueno. Além disso, o etanol não gera emissão de material particulado, um elemento poluente também muito danoso à saúde humana.

Flavia Marinho

Flavia Marinho é Engenheira pós-graduada, com vasta experiência na indústria de construção naval onshore e offshore. Nos últimos anos, tem se dedicado a escrever artigos para sites de notícias nas áreas da indústria, petróleo e gás, energia, construção naval, geopolítica, empregos e cursos. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal.

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