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Povo africano possui adaptações genéticas especiais que permitem viver em região extrema e desfavorável à sobrevivência humana, aponta estudo

Publicado em 20/09/2025 às 11:19
Quênia, Povo africano, Adaptações genéticas
A região habitada pelo povo Turkana é caracterizada por calor extremo, escassez de água e vegetação limitada. Isso demandou adaptações genéticas da população — Foto: Unsplash/ Regarn Hope
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Estudo revela que o povo Turkana do Quênia desenvolveu adaptações genéticas únicas para sobreviver em ambiente árido, ligadas à dieta e saúde

Um estudo publicado na revista Science nesta sexta-feira (19) trouxe novos detalhes sobre como o povo Turkana, que vive no norte do Quênia, consegue se adaptar a uma das regiões mais secas do planeta.

A pesquisa foi conduzida por cientistas africanos e americanos, que analisaram 367 genomas completos.

No processo, encontraram mais de 7 milhões de variantes genéticas associadas à sobrevivência nesse ambiente hostil.

O papel do gene STC1

Entre os resultados, o gene STC1 ganhou destaque. Ele está ligado à capacidade do organismo em lidar com a desidratação e ao processamento de alimentos ricos em purina. Carne e sangue, base da alimentação local, possuem altas concentrações dessa substância.

Apesar do consumo elevado, os Turkana quase não apresentam doenças como a gota. Isso chamou atenção dos especialistas porque 90% dos avaliados estavam desidratados, mas em boas condições de saúde, como destacou Julien Ayroles, da Universidade da Califórnia, em entrevista ao The Guardian.

Dieta moldada pela escassez

A alimentação atual dos Turkana reflete a falta de água e vegetação na região. Estima-se que de 70% a 80% da dieta venha de fontes animais.

Esse padrão é comum entre comunidades pastoris, onde a agricultura não consegue se desenvolver por causa do solo árido.

Segundo os pesquisadores, essas adaptações genéticas começaram a surgir há cerca de 5 mil anos, quando o território passou por um intenso processo de aridificação.

O risco do descompasso evolutivo

No entanto, as mudanças no modo de vida também trazem desafios. O estudo aponta para o chamado descompasso evolutivo.

Quando famílias Turkana migram para centros urbanos, passam a enfrentar problemas como hipertensão e obesidade.

Isso ocorre porque os genes que antes ofereciam vantagem em um ambiente árido se tornam prejudiciais em contextos modernos, com alimentação mais variada e menos esforço físico.

Ciência em diálogo com a tradição

O projeto durou quase uma década e combinou genética, ecologia e antropologia. Reuniões noturnas em torno da fogueira, com líderes e moradores, ajudaram a discutir temas como saúde e mudanças alimentares.

Como retorno, os cientistas anunciaram um podcast no idioma Turkana e recomendações práticas para a comunidade.

Pesquisadores também sugerem que outros povos pastoris da África Oriental, como Rendille, Samburu e Borana, apresentem adaptações semelhantes.

A descoberta acrescenta mais uma peça à compreensão de como o clima molda a evolução e a saúde humanas”, afirmou Dino Martins, diretor do Instituto da Bacia de Turkana.

Com informações de Revista Galileu.

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Romário Pereira de Carvalho

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