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Este país está dando o que falar ao desenvolver uma estratégia incrível para extrair energia ilimitada dos vulcões

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 03/10/2024 às 18:46
energia - energia renovável - energia geotérmica - fontes renováveis - eletricidade
Como é o plano perigoso da Islândia para obter “energia ilimitada” de um vulcão

Apesar dos benefícios econômicos e ambientais, o uso de energia geotérmica apresenta desafios como infiltrações tóxicas na água e preocupações com o impacto visual

A Islândia emergiu como um modelo global na produção de energia renovável. Aproximadamente 85% da energia consumida neste país deriva de fontes renováveis, o percentual mais alto do mundo. Esta nação insular, com cerca de 400.000 habitantes, gera sua eletricidade principalmente através de energia geotérmica e hidrelétrica. Um total de 73% da eletricidade provém de usinas hidrelétricas, enquanto 26,8% vem da energia geotérmica. Esses dados refletem um modelo quase autossuficiente em termos energéticos, em contraste com outros países que ainda dependem em grande medida dos combustíveis fósseis.

A chave do sucesso islandês não está apenas na disponibilidade de recursos naturais, mas também na eficiente exploração de sua peculiar geologia vulcânica. A Islândia conta com cerca de 130 vulcões, muitos dos quais estão ativos, proporcionando assim uma fonte inesgotável de energia geotérmica. Este recurso tem ajudado a transformar a economia do país, passando de uma sociedade pobre e dependente do carvão para uma nação com um alto nível de vida. Hoje em dia, 90% dos lares são aquecidos com água geotérmica, eliminando a necessidade de usar combustíveis fósseis para este fim.

Quais são as vantagens da energia geotérmica em relação à convencional

A energia geotérmica não só é sustentável, como também economicamente viável e tem baixo impacto ambiental. As últimas perfurações na Islândia atingiram profundidades de até 4.500 metros, o que poderia reduzir a superfície necessária para a extração e minimizar o impacto visual na paisagem. Além disso, os resíduos gerados são mínimos em comparação com outras fontes de energia, como o petróleo e o carvão.

73% da eletricidade islandesa provém de hidrelétricas, 26,8% de geotérmica (AP foto/Bjorn Steinbekk)

O enfoque islandês também atraiu investidores interessados em reduzir a pegada de carbono de plantas de grande consumo energético, como fornos de fundição de alumínio e centros de dados. Essa tendência é reforçada por um ambiente comercial favorável e políticas governamentais voltadas para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. A infraestrutura para veículos elétricos está se expandindo rapidamente, com estações de carregamento disponíveis em toda a rodovia de circunvalação.

Landsvirkjun, a companhia elétrica estatal islandesa, é uma das maiores produtoras de energia renovável do mundo e tem um papel crucial na geração de energia hidrelétrica, que representa 20% do mix energético do país. Esse enfoque diversificado permitiu que a Islândia não só fosse líder em energia geotérmica, mas também em hidrelétrica, criando um modelo replicável para outros países com recursos naturais adequados.

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As centrais geotérmicas da Islândia são também um atrativo turístico. Os centros de visitantes nessas instalações permitem conhecer de perto o processo de transformação da energia hidrotérmica e geotérmica em eletricidade. Essas exposições interativas são tanto educativas quanto entretenidas, mostrando a aplicação de tecnologias modernas na geração de energia.

Quais são os perigos deste plano energético

A energia geotérmica tem se destacado como uma alternativa promissora no âmbito das energias renováveis. No entanto, seus impactos ambientais e limitações técnicas apresentam desafios significativos. Uma das principais preocupações ambientais é a emissão de ácido sulfídrico e CO2. Embora essas emissões sejam relativamente pequenas em comparação com o fornecimento energético que proporciona, não deixam de representar um desafio em termos de sustentabilidade.

Outro dos perigos importantes é a possível contaminação de águas subterrâneas próximas. Durante o processo de extração de calor do subsolo, existe o risco de que substâncias tóxicas como o arsênio ou o amoníaco se infiltrem nas fontes de água. Este problema tem sido documentado em múltiplos estudos de viabilidade geotérmica.

Com 130 vulcões ativos, a Islândia transforma recursos naturais em energia sustentável

Além disso, a infraestrutura necessária para a exploração de recursos geotérmicos tem um grande impacto visual na paisagem. Torres de perfuração, tubulações e instalações industriais alteram significativamente o ambiente natural.

O desafio para a Islândia reside no setor de transporte, onde ainda se utilizam combustíveis fósseis apesar dos avanços na infraestrutura de carregamento para veículos elétricos. Os barcos pesqueiros conseguiram uma redução de 43% na poluição desde 1990, graças à melhoria na eficiência e à eletrificação da produção de alimentos pesqueiros.

A experiência islandesa proporciona lições valiosas para países que buscam reduzir sua dependência de combustíveis fósseis e aumentar seu uso de energias renováveis. Seguindo este modelo, cada nação deve avaliar seus recursos naturais disponíveis e otimizar o uso de tecnologias renováveis que melhor se adaptem às suas condições geográficas e climáticas.

A Islândia se mantém como um referente na produção sustentável de energia, aproveitando ao máximo seus recursos geotérmicos e hidrelétricos para satisfazer 99% do seu consumo elétrico. As políticas governamentais e a vontade da população converteram esta pequena nação nórdica em um líder mundial em energia limpa, mostrando o caminho para um futuro energético mais sustentável.

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Noel Budeguer

De nacionalidade argentina, sou redator de notícias e especialista na área. Abordo temas como ciência, petróleo, gás, tecnologia, indústria automotiva, energias renováveis e todas as tendências no mercado de trabalho.

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