Rombo bilionário de R$ 18,5 bilhões, pedidos de socorro dos Correios, cargos políticos e decisões estratégicas questionáveis reacendem debate sobre a gestão das estatais no terceiro mandato de Lula e seus impactos nas contas públicas.
O déficit primário das estatais federais — excluindo Petrobras e bancos públicos — atingiu R$ 18,5 bilhões na terceira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o maior valor registrado desde o início da série histórica do Banco Central.
O número acendeu um alerta entre economistas, que apontam causas que vão da má gestão e uso político das empresas ao aumento de custos e mudanças no cenário macroeconômico global.
Gastos excessivos e uso político sobem no radar
Para a economista Elena Landau, ex-diretora de privatizações do BNDES, o problema tem raízes que ultrapassam a conjuntura econômica. A reportagem completa você pode conferir no site da CNN Brasil.
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Ela afirma que a gestão atual encara as estatais como instrumentos políticos, o que se reflete na quantidade de cargos comissionados e decisões administrativas consideradas equivocadas.
O recente pedido de socorro dos Correios, que inclui um empréstimo de R$ 20 bilhões e um plano de reestruturação, simboliza a gravidade do cenário e reacende o debate sobre o papel e a eficiência das estatais no país.
Outros especialistas destacam que, além dos problemas de gestão, fatores estruturais pressionam o caixa das empresas públicas. Um dos pontos citados é o aumento dos custos de insumos e energia e a chamada “inércia regulatória” de empresas que precisam constantemente de subsídios governamentais.
Polarização e pressões fiscais dificultam gestão
Além dos fatores internos e estruturais, outros elementos ajudam a explicar a piora dos resultados no atual governo.
A polarização política interna dificulta a gestão eficiente, enquanto a mudança do Teto de Gastos para o novo Arcabouço Fiscal cria novas pressões sobre as contas públicas.
Conflitos internacionais, como os que envolvem Ucrânia e Oriente Médio, também afetam preços globais de energia e alimentos, ampliando os desafios.
Em meio a esse cenário, a falta de profissionais técnicos nas empresas e a nomeação de aliados políticos para cargos de gestão continuam a ser pontos de crítica recorrentes.
Apesar do cenário negativo atual, os especialistas lembram que a trajetória das estatais foi diferente nas primeiras gestões de Lula.
No início dos anos 2000, as empresas registraram crescimento expressivo, realizaram investimentos relevantes e apresentaram resultados financeiros robustos.
O contexto era outro: o país vivia um ciclo de valorização das commodities e contava com a herança de superávit fiscal deixada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso.
Hoje, o cenário é de maior complexidade e desafios múltiplos. A combinação de má gestão, uso político, custos crescentes e ambiente econômico adverso desenha um quadro delicado para as estatais brasileiras — e coloca em xeque o modelo atual de administração dessas empresas estratégicas para a economia nacional.