Estaleiro aposta em expansão e modernização
A indústria naval brasileira dá sinais de recuperação, e um novo investimento reforça essa tendência.
O Estaleiro Mauá, tradicionalmente ligado à cidade de Niterói, anunciou um investimento de R$ 250 milhões na modernização de sua estrutura.
Esse movimento inclui a aquisição de máquinas modernas, novos equipamentos e adaptação do pátio industrial.
O foco está na construção de embarcações para o setor de óleo e gás.
A meta, é retomar a competitividade frente aos estaleiros estrangeiros.
Além disso, o plano de expansão visa atender a uma demanda crescente por embarcações de apoio offshore.
Os novos contratos com a Petrobras e outras petroleiras que operam no pré-sal reforçaram esse aumento.
Ainda assim, embora o setor considere a movimentação positiva, a empresa reconhece que enfrenta um grande obstáculo.
Trata-se da escassez de mão de obra qualificada.
Falta de profissionais afeta a retomada
Apesar do avanço no setor, a ausência de trabalhadores especializados preocupa os empresários navais.
A cadeia produtiva encontra dificuldades para formar profissionais capacitados no ritmo necessário.
O estaleiro apontou a escassez de mão de obra como seu maior desafio.
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Embora os investimentos em infraestrutura estejam avançando, há um descompasso em relação à formação técnica.
Faltam soldadores, caldeireiros, engenheiros navais e supervisores operacionais qualificados.
Para tentar minimizar esse gargalo, o Estaleiro Mauá está implementando programas internos de capacitação.
Também busca parcerias com instituições técnicas locais.
Contudo, o processo é lento e exige apoio governamental.
É necessário um esforço coordenado entre iniciativa privada, governo e setor educacional.
O objetivo é restaurar a cultura industrial naval que o Brasil perdeu ao longo das últimas décadas.
Setor naval vê retomada após anos de crise
A injeção de capital no estaleiro de Niterói reflete uma tendência nacional de retomada.
Após enfrentar uma crise severa entre 2014 e 2018, o setor volta a ganhar fôlego.
A redução de encomendas e o fechamento de diversos estaleiros marcaram essa crise.
Em 2024, o número de contratos ativos para construção de embarcações cresceu 35% em relação a 2023.
Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Construção Naval (Abic).
A reativação de estaleiros no Rio de Janeiro e no Nordeste também compõe esse movimento positivo.
Mesmo assim, especialistas alertam que o crescimento só será sustentável com qualificação profissional e estímulo à inovação.
Conforme destaca Luiz Eduardo Barros, pesquisador do Instituto de Economia da UFRJ, a indústria naval precisa consolidar uma nova base técnica e produtiva.
Isso deve ocorrer durante o atual ciclo de crescimento.
Evitar os erros do passado é fundamental.
Petrobras impulsiona novos contratos
A Petrobras desempenha um papel crucial nessa recuperação.
A estatal tem priorizado a contratação de embarcações construídas no Brasil em suas licitações.
Em maio de 2025, a empresa anunciou um pacote de 36 novas unidades de apoio marítimo.
Desse total, 70% serão destinadas à indústria naval nacional.
O Estaleiro Mauá foi uma das empresas contempladas com esses contratos.
O investimento anunciado em julho está diretamente relacionado a isso.
Essa estratégia da Petrobras visa estimular a geração de empregos locais.
Além disso, fortalece a cadeia produtiva.
No entanto, segundo Felipe Meira, a falta de mão de obra pode atrasar entregas.
Também pode comprometer prazos de produção.
Por isso, o executivo reforça que é essencial estruturar políticas públicas.
Essas políticas devem incentivar a formação técnica em regiões portuárias.
Capacitação será chave para o futuro do setor
Enquanto os investimentos em infraestrutura são celebrados, o setor naval entende que o sucesso a longo prazo dependerá diretamente da qualificação da mão de obra.
Conforme apontado por lideranças da indústria, é preciso ampliar os cursos técnicos.
Também é fundamental reativar escolas de formação e fomentar o ensino voltado à indústria.
Em Niterói, por exemplo, o próprio estaleiro vem desenvolvendo treinamentos.
Esses treinamentos são voltados a jovens aprendizes e trabalhadores reinseridos no mercado.
Mesmo com os desafios, o clima entre os empresários é de otimismo cauteloso.
A expectativa é que, até 2027, o Brasil volte a figurar entre os cinco maiores construtores de embarcações de apoio do mundo.
Para isso, é preciso superar os gargalos estruturais relacionados à qualificação.
Felipe Meira finaliza afirmando que, com apoio institucional e persistência da iniciativa privada, o país pode reconquistar seu protagonismo no setor naval.
Isso é mentira muita conversa fiada