Em 12 Estados do Norte e Nordeste, número de famílias no Bolsa Família ultrapassa o total de empregos formais com carteira assinada, revelando contrastes econômicos e sociais persistentes, mesmo com sinais de recuperação do mercado de trabalho no país.
O Maranhão tem atualmente 1,2 milhão de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família e 669 mil empregos formais registrados no setor privado, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados em 28 de maio.
Esse número representa um volume 79% superior de famílias atendidas em comparação ao total de vínculos empregatícios com carteira assinada.
Além do Maranhão, outros 11 Estados brasileiros apresentam o mesmo tipo de desequilíbrio, todos localizados nas regiões Norte e Nordeste do país.
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Estados com mais beneficiários que empregos formais
Os Estados que registram mais famílias no Bolsa Família do que trabalhadores formais são: Amazonas, Acre, Pará, Amapá, Piauí, Ceará, Bahia, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Maranhão e Sergipe.
De acordo com o levantamento, os dados consideram apenas empregos no setor privado, sem incluir o funcionalismo público.
Santa Catarina apresenta a situação oposta.
Segundo o mesmo levantamento, há 11 trabalhadores com carteira assinada para cada família atendida pelo programa de transferência de renda.
Comparativo com anos anteriores
Em 2019, oito Estados registravam mais beneficiários do Bolsa Família do que empregos formais.
Durante a pandemia da Covid-19 e com a ampliação dos auxílios emergenciais, esse número chegou a 13 em 2022.
Com a reestruturação do programa e a retomada gradual da economia, o total passou para 12 Estados em 2024.
A proporção entre beneficiários do Bolsa Família e trabalhadores com carteira assinada também variou no cenário nacional.
Em janeiro de 2023, a relação era de 49,6%, o equivalente a quase um beneficiário para cada dois empregados formais.
Em agosto de 2024, essa taxa caiu para 42,6%.
Alterações no programa Bolsa Família desde 2022
Em 2022, o governo federal promoveu mudanças no programa de transferência de renda.
Na gestão do então presidente Jair Bolsonaro, o Bolsa Família foi rebatizado como Auxílio Brasil.
Houve aumento de 49% no número de beneficiários e o valor do benefício foi ampliado para R$ 600.
Em 2023, com o retorno de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência, o nome original foi retomado.
O valor médio pago passou a ser de R$ 681 por família, conforme o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social.
Também foi implementada uma revisão nos cadastros.
Com isso, cerca de 1,1 milhão de pessoas foram excluídas por não atenderem aos critérios estabelecidos, como renda e composição familiar.
Informalidade e desequilíbrio regional
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os Estados do Norte e Nordeste concentram os maiores índices de informalidade no país.
Em locais como Maranhão, Piauí e Alagoas, mais de 50% da população economicamente ativa atua sem carteira assinada.
Esse índice contribui para a diferença entre o número de famílias que dependem do Bolsa Família e a quantidade de empregos formais.
Informações do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicam que os maiores índices de pobreza e extrema pobreza do país também se concentram nessas duas regiões.
O Ministério do Desenvolvimento informa que cerca de 70% dos beneficiários do Bolsa Família vivem no Norte e Nordeste.
Indicadores do programa Bolsa Família em 2025
Em maio de 2025, mais de 20 milhões de famílias receberam o Bolsa Família em todo o território nacional.
Os repasses mensais ultrapassaram R$ 14 bilhões.
De acordo com o governo federal, o programa permanece como uma das principais políticas públicas de transferência de renda voltadas à redução da pobreza no Brasil.
As informações mostram que, apesar da reavaliação dos cadastros e da ampliação de empregos formais em parte do país, a recuperação do mercado de trabalho no Norte e no Nordeste segue em ritmo mais lento.
Na sua visão, quais estratégias podem ser adotadas para reduzir a diferença entre trabalho formal e dependência de programas sociais nas regiões com maior vulnerabilidade?