Força letal, jornadas de 16 horas e milhares de mortes: a verdade chocante por trás das obras em The Line, o projeto mais ambicioso da Arábia Saudita
Por trás das imagens futuristas e das promessas de inovação tecnológica, a Arábia Saudita esconde uma realidade dura e perturbadora. O que era para ser uma vitrine global de progresso com megaprojetos como The Line e a Jeddah Tower, vem sendo construído com o suor e, tragicamente, com o sangue de milhares de trabalhadores migrantes. Desde 2017, mais de 21 mil mortes foram registradas entre operários vindos de países como Índia, Bangladesh e Nepal. E essas vidas estão sendo sacrificadas em nome de uma visão ambiciosa de futuro chamada Saudi Vision 2030.
Futurismo com preço humano: o que é o Saudi Vision 2030?
O Saudi Vision 2030 é um plano ousado lançado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman com a missão de diversificar a economia saudita e reduzir a dependência do petróleo. Entre os projetos mais simbólicos está The Line, uma cidade linear de 170 quilômetros que promete revolucionar o conceito urbano. A obra terá 500 metros de altura e 2,4 km de largura, com espelhos gigantes cobrindo as laterais, no meio do deserto.
Mas, enquanto o projeto brilha nas campanhas de marketing, os bastidores da construção revelam jornadas de trabalho de até 16 horas por dia, segundo testemunhas ouvidas no documentário da emissora britânica ITV, que denunciou as mortes em série de trabalhadores migrantes.
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Trabalhadores migrantes: vidas apagadas sob o calor do deserto
Mais de 140 mil trabalhadores estrangeiros atuam hoje em canteiros de obras ligados ao projeto NEOM. A maioria é recrutada em países do Sul Asiático com promessas de bons salários e condições dignas. Mas a realidade nos canteiros tem sido brutal: calor extremo, jornadas exaustivas e infraestrutura precária. “Vi gente desmaiando no meio da escavação. Alguns não voltaram mais”, revelou um ex-trabalhador nepalês à Amnesty International.
O documentário da ITV sugere que essas mortes, apesar de oficialmente atribuídas a “causas naturais”, estão diretamente ligadas às condições de trabalho impostas pelas empresas envolvidas nas obras.
NEOM nega, mas denúncias se acumulam
Em resposta às acusações, a administração do projeto NEOM afirmou manter “altos padrões de segurança” e seguir rigorosamente as leis trabalhistas. O Conselho Nacional Saudita de Segurança e Saúde Ocupacional também argumentou que o país apresenta uma das menores taxas de fatalidade do mundo: 1,12 por 100 mil trabalhadores.
No entanto, relatos continuam surgindo, principalmente relacionados à remoção forçada de moradores que viviam na região onde The Line está sendo construída. Um ex-agente de inteligência saudita exilado revelou à ITV que recebeu ordens para usar “força letal” durante a expulsão de comunidades locais — o que reforça as críticas sobre violações de direitos humanos.
Gigantes da arquitetura sob pressão
A polêmica tem respingado em empresas internacionais renomadas. Escritórios como Foster + Partners e Zaha Hadid Architects, envolvidos diretamente em projetos sauditas, evitaram comentar o escândalo. A pressão da opinião pública internacional, no entanto, cresce a cada dia, especialmente entre os que questionam como a arquitetura pode servir à inovação sem compactuar com regimes autoritários ou práticas abusivas.
Jeddah Tower: outro símbolo que reaparece sob as mesmas sombras
Fora da região de NEOM, outro gigante da engenharia está prestes a ressurgir: a Jeddah Tower, que deve ultrapassar 1 quilômetro de altura e se tornar o prédio mais alto do mundo. A obra foi iniciada em 2013, mas ficou parada após a campanha anticorrupção de 2017 e a pandemia. Agora, deve retomar sua construção em 2025, como relatado pela CNBC.
Embora esse projeto não esteja diretamente ligado ao complexo NEOM, as preocupações com o tratamento dos trabalhadores são as mesmas. Afinal, a Arábia Saudita tem apostado pesado em megaconstruções como estratégia de transformação econômica, mas tem falhado em garantir que esse crescimento seja realmente sustentável e ético.
Progresso à força: a disputa entre inovação e direitos humanos
Com trilhões de dólares em jogo, a Arábia Saudita quer se colocar na liderança global em infraestrutura e tecnologia. Mas o custo humano dessas obras levanta uma pergunta incômoda: é possível construir o futuro passando por cima da dignidade de milhares de pessoas?
Para organizações como a Human Rights Watch, a resposta é clara. O país ainda precisa provar que está disposto a respeitar os direitos fundamentais enquanto busca modernizar sua imagem perante o mundo.
Você acredita que a inovação e o desenvolvimento podem justificar tantas mortes e abusos? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe este artigo com quem ainda acha que futurismo e progresso são sempre sinônimos de avanço.