A China não perdeu tempo e anunciou o comissionamento do primeiro reator nuclear de tório do mundo, especificamente um reator de sal fundido.
A China deu um passo histórico ao anunciar o lançamento do primeiro reator nuclear de tório do mundo, uma inovação que promete mudar os rumos da energia nuclear global. Esse reator, que utiliza tório ao invés de urânio, é considerado mais seguro e gera menos resíduos radioativos, representando um avanço significativo em termos de sustentabilidade e segurança energética.
O primeiro reator nuclear de tório do mundo, na China, surge em um cenário onde o urânio, tradicionalmente utilizado em reatores nucleares, tem sido motivo de preocupação devido aos riscos associados, como a possibilidade de colapsos catastróficos, exemplificados por desastres como Fukushima e Chernobyl. Além disso, o urânio também é o material básico para a fabricação de armas nucleares, o que adiciona uma camada de tabu e desconforto em torno de seu uso.
Por que o primeiro reator nuclear de tório do mundo é especial?
Mas o que torna o tório tão especial? Ele é um material que, embora tenha fascinado cientistas por décadas, ainda não havia sido amplamente explorado como uma alternativa ao urânio. O tório é cerca de três a quatro vezes mais comum na crosta terrestre, produz menos resíduos radioativos e é mais fácil de controlar em reações nucleares, o que diminui significativamente o risco de colapsos. É muito mais difícil transformar o tório em armas nucleares, o que o torna uma opção mais segura para uso pacífico.
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Novo reator na China
O novo reator na China é uma usina de sal fundido, uma tecnologia que, apesar de ter sido testada nos Estados Unidos nos anos 60, nunca foi comercializada até agora. Nos reatores de sal fundido, o combustível e o refrigerante (uma mistura de sais fundidos) são misturados e circulam continuamente pelo sistema, reduzindo os riscos de superaquecimento e explosões. Outra vantagem é que esses reatores podem ser reabastecidos sem precisar ser desligados, o que é um processo caro e demorado nos reatores convencionais.
20.000 anos
A China não só lidera o desenvolvimento desta tecnologia como também tem reservas de tório suficientes para suprir suas necessidades energéticas pelos próximos 20.000 anos. O primeiro reator experimental de sal fundido de tório, o TMSR-LF1, começou a ser construído em 2018 e foi concluído em 2021. Ele está localizado em uma área remota no deserto de Gansu, o que destaca outra vantagem desses reatores: eles não precisam de água para resfriamento e podem ser instalados em regiões pouco povoadas, minimizando os riscos para a população.
Operacional em 2029
Esse reator, que inicialmente opera em um sistema fechado, deve se tornar plenamente operacional por volta de 2029. Embora ainda seja um projeto experimental, ele representa um marco importante na corrida pela energia nuclear segura e sustentável. A China planeja expandir rapidamente essa tecnologia, e já há planos para a construção de novos reatores de maior capacidade nos próximos anos.
China como um dos principais fornecedores de energia limpa
Com essa inovação, a China se posiciona como líder mundial em tecnologia nuclear de tório, um feito que pode transformar o país em um dos principais fornecedores de energia limpa e segura para o mundo. A expectativa é que essa nova abordagem não só ajude o país a alcançar a neutralidade de carbono até 2060, como também ofereça uma vantagem estratégica significativa no cenário global de energia.
Esse avanço tecnológico coloca a China à frente de outras nações, que agora devem considerar se devem seguir o mesmo caminho ou ficar para trás na busca por alternativas energéticas mais seguras e sustentáveis. A longo prazo, o primeiro reator nuclear de tório do mundo pode muito bem ser o início de uma nova era para a energia nuclear.