Muito além das famosas construções do Egito, existe um outro conjunto de pirâmides que impressiona por sua quantidade e mistérios. Erguidas por uma civilização africana antiga, essas estruturas revelam uma história rica, marcada por reis, rituais e uma escrita ainda não totalmente decifrada.
As pirâmides do Sudão chamam a atenção de pesquisadores e turistas do mundo inteiro.
Conhecidas como pirâmides de Meroé, elas pertencem a uma antiga civilização africana que construiu estruturas impressionantes, bem longe do Egito.
Menores e mais estreitas que as egípcias, essas pirâmides são únicas. E até hoje levantam perguntas.
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Localização no deserto da Núbia
As pirâmides de Meroé estão localizadas no atual Sudão.
Mais especificamente, ficam a cerca de 200 quilômetros ao norte da cidade de Cartum, capital do país. Estão entre o rio Nilo e o deserto da Núbia.
A região era parte de um antigo reino africano que, por muitos séculos, teve forte presença no nordeste da África.
O local exato onde as pirâmides estão localizadas pertence à chamada “Ilha de Meroé”.
Apesar do nome, não é uma ilha comum. O termo é usado para indicar a área entre dois braços do Nilo, com destaque para a antiga cidade de Meroé, capital do Reino de Cuxe.
Mais de 200 pirâmides construídas
No total, existem mais de 200 pirâmides construídas em Meroé.
Elas estão divididas em três grandes cemitérios: Norte, Sul e Oeste. A maior parte das pirâmides está no grupo Norte, que concentra dezenas de túmulos reais.
Esses cemitérios foram usados por reis, rainhas e membros da elite do Reino de Cuxe.
As pirâmides foram construídas com pedras locais. São menores do que as egípcias, e possuem uma inclinação muito mais acentuada.
Algumas têm apenas 6 metros de altura. Outras, chegam a cerca de 30 metros. A base é estreita e a forma é pontuda. Isso dá um visual bem diferente das pirâmides de Gizé, por exemplo.
Reino de Cuxe e influência egípcia
O Reino de Cuxe foi uma das civilizações mais antigas e poderosas da África.
Surgiu por volta do século 8 a.C. e manteve influência até o século 4 d.C. Durante parte da sua história, esse reino chegou a dominar o Egito, na chamada 25ª Dinastia.
Foi nesse período que os reis cuxitas assumiram o trono do Egito e passaram a ser chamados de “Faraós Negros”.
Apesar da forte influência egípcia, o Reino de Cuxe desenvolveu características próprias. As pirâmides de Meroé são um exemplo disso.
Elas foram construídas séculos depois das pirâmides do Egito e seguem um estilo totalmente diferente.
O uso de pirâmides como tumbas era uma tradição herdada, mas o formato e os materiais foram adaptados à cultura local.
Câmaras subterrâneas e portas falsas
Cada pirâmide em Meroé servia como túmulo real. Mas o espaço interno das estruturas é limitado. Por isso, os corpos não eram colocados dentro das pirâmides.
As câmaras funerárias ficavam no subsolo, escavadas sob a base das construções. Era ali que os corpos eram enterrados, junto com objetos pessoais e oferendas.
Na entrada de cada pirâmide, existe uma pequena capela ou templo. Esses espaços têm inscrições nas paredes.
Algumas dessas inscrições são em escrita meroítica, que ainda não foi totalmente decifrada. Em frente a cada capela, havia uma “porta falsa”.
Essa porta simbólica indicava a passagem entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos.
Tombamento pela Unesco
Em 2011, o conjunto arqueológico de Meroé foi reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco. O título protege a região e garante apoio internacional para sua preservação.
Além das pirâmides, o local também inclui ruínas da cidade antiga, templos, restos de palácios e sistemas de captação de água.
O reconhecimento da Unesco destaca o valor cultural e histórico das pirâmides de Meroé.
Segundo a organização, elas são uma das expressões mais importantes da civilização cuxita. O local preserva tradições, rituais e conhecimentos de uma cultura africana que, por muito tempo, ficou à margem dos livros de história.
Saques e destruição no século 19
No século 19, muitas pirâmides de Meroé foram destruídas. O responsável por isso foi o explorador italiano Giuseppe Ferlini.
Ele chegou ao Sudão por volta de 1830 e decidiu procurar ouro nas pirâmides. Para isso, usou explosivos e destruiu dezenas de construções.
Ferlini acreditava que havia tesouros escondidos dentro das pirâmides. Em alguns casos, encontrou objetos valiosos, que hoje estão em museus da Alemanha. Mas o custo foi alto.
Vários túmulos foram perdidos, e o dano ao patrimônio é irreparável. Por isso, Ferlini é lembrado como um dos principais responsáveis pela destruição da herança cuxita.
Escrita meroítica e mistérios ainda sem resposta
Um dos grandes mistérios de Meroé é a escrita usada pelos cuxitas. Conhecida como escrita meroítica, ela aparece em várias inscrições nas pirâmides e templos da região.
Até hoje, os estudiosos não conseguiram decifrar totalmente esse sistema. Isso dificulta a compreensão mais profunda da cultura e da história local.
A escrita meroítica usava símbolos diferentes dos hieróglifos egípcios. Ela podia ser escrita na vertical ou na horizontal, e tinha formas simplificadas.
Os arqueólogos acreditam que esse sistema representava tanto sons quanto ideias.
No entanto, como não existe um equivalente conhecido (como a Pedra de Roseta para os hieróglifos), a tradução completa ainda é um desafio.
Visitas e preservação
Hoje, as pirâmides de Meroé podem ser visitadas por turistas. A região é acessível por estrada e atrai pessoas interessadas em história antiga.
O cenário do deserto, com as pirâmides ao fundo, é considerado um dos mais impressionantes da África.
Mesmo com o tombamento pela Unesco, o local ainda enfrenta desafios. A preservação das estruturas depende de recursos e esforços constantes.
O clima seco ajuda na conservação, mas a ação do vento e a presença humana podem causar danos.
Por isso, há projetos em andamento para restaurar partes danificadas e garantir a proteção das pirâmides para as próximas gerações.
Um legado africano pouco conhecido
As pirâmides de Meroé mostram que a história da África vai muito além do Egito. Elas representam um passado grandioso, com reis, rainhas, templos, guerras e cultura própria. O Reino de Cuxe foi uma potência regional por séculos.
Dominou territórios, enfrentou adversários e deixou uma marca profunda na arquitetura da região.
Mesmo com toda a importância, o Reino de Cuxe ainda é pouco conhecido fora do continente africano. As pirâmides de Meroé são uma forma de lembrar esse legado.
Elas resistiram ao tempo, à destruição e ao esquecimento. E hoje servem como símbolo de uma civilização que merece ser estudada, respeitada e valorizada.
Principais informações sobre as Pirâmides de Meroé, com respostas objetivas:
Pergunta | Resposta |
---|---|
Quem construiu? | O povo do Reino de Cuxe (ou Kush), uma antiga civilização africana. |
Onde ficam? | No atual Sudão, a cerca de 200 km ao norte de Cartum, entre o Nilo e o deserto da Núbia. |
Quantas pirâmides existem? | Mais de 200 pirâmides. |
Quando foram construídas? | Entre cerca de 800 a.C. e 350 d.C. |
Para que serviam? | Eram tumbas reais de reis, rainhas e nobres do Reino de Cuxe. |
Como são diferentes das egípcias? | São menores, mais inclinadas, com base estreita e capelas anexas. |
Como é o interior? | Possuem câmaras funerárias subterrâneas e capelas com inscrições. |
Qual a escrita usada? | Escrita meroítica, ainda parcialmente indecifrada. |
Por que são pouco conhecidas? | Recebem menos atenção que as pirâmides do Egito e sofreram saques no século XIX. |
Patrimônio da Humanidade? | Sim, reconhecidas pela Unesco em 2011. |