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Esse novo dispositivo usa correntes elétricas para prevenir infecções bacterianas — Sem medicamentos!

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 26/10/2024 às 00:03
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Foto: Reprodução

Cientistas desenvolvem dispositivo que previne infecções bacterianas com pequenas correntes elétricas, sem uso de medicamentos. Entenda como essa tecnologia pode mudar o tratamento e combater a resistência bacteriana!

Pesquisadores das universidades de Chicago e da Califórnia, em San Diego, desenvolveram uma tecnologia inovadora para combater infecções bacterianas, sem o uso de medicamentos. Esse dispositivo, chamado BLAST (Terapia de Estimulação Antimicrobiana Localizada Bioeletrônica), oferece uma solução segura e eficaz para reduzir infecções na pele por meio de estímulos elétricos de baixa voltagem.

Sem medicamentos? Como funciona o dispositivo BLAST?

O BLAST é um adesivo bioelétrico de pele que emite correntes elétricas de baixa intensidade, suficientes para afetar bactérias como o Staphylococcus epidermidis – microorganismo naturalmente presente na pele humana e que, em certas circunstâncias, pode provocar infecções bacterianas perigosas.

O objetivo da pesquisa, publicada no periódico Device da Cell Press, era testar o efeito desses estímulos em um ambiente similar ao da pele humana. Para isso, os pesquisadores usaram pele de porco, amplamente utilizada em estudos dermatológicos devido à sua semelhança estrutural com a pele humana.

Durante os testes, foi constatada uma redução de quase dez vezes na presença bacteriana, evidenciando o potencial do dispositivo em inibir infecções.

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Contra infecções bacterianas – Desafios com o uso de antibióticos e a necessidade de alternativas

Os antibióticos tradicionais são amplamente usados no combate a infecções bacterianas, mas trazem efeitos colaterais indesejados, como náuseas e febre. Além disso, o uso excessivo de antibióticos está relacionado ao desenvolvimento de cepas bacterianas resistentes. Em particular, o Staphylococcus epidermidis já apresenta variantes resistentes a todas as classes de antibióticos atualmente disponíveis.

Os biofilmes bacterianos são especialmente resistentes a tratamentos convencionais, e os antibióticos, em muitas situações, não conseguem eliminar completamente essas formações, permitindo que as infecções retornem. O BLAST, ao oferecer uma alternativa sem medicamentos, representa um avanço significativo na medicina bioeletrônica, possibilitando tratar infecções bacterianas com menos risco de desenvolvimento de resistência bacteriana.

Processo e resultados dos testes com o dispositivo BLAST

Durante os testes, os cientistas aplicaram uma leve corrente elétrica de 1,5 volts, por 10 segundos a cada 10 minutos, em um período de 18 horas. Esses pulsos elétricos foram capazes de alterar a atividade bacteriana sem eliminá-la completamente. Isso é especialmente importante porque o S. epidermidis desempenha um papel na cicatrização e manutenção da saúde da pele. Assim, os pesquisadores se preocuparam em não erradicá-lo totalmente, já que sua ausência poderia gerar desequilíbrios.

“Como o Staphylococcus faz parte do ecossistema microbiano natural da nossa pele, nossa ideia não é erradicá-lo, mas sim manter um equilíbrio que permita combater as infecções sem causar outros problemas”, explica Gürol Süel, um dos autores do estudo.

Para que o BLAST funcione de forma ideal, os pesquisadores aplicaram uma solução ácida junto ao dispositivo, uma vez que a pele humana saudável é ligeiramente ácida. Já feridas infectadas tendem a ter um pH mais básico, o que facilita a proliferação bacteriana. Com o auxílio de eletrodos e um hidrogel, o BLAST foi capaz de criar um ambiente ácido controlado, essencial para inibir as bactérias sem danos à pele.

Futuro da tecnologia bioeletrônica e possíveis aplicações

Com os resultados positivos dos testes, os pesquisadores acreditam que o BLAST pode, em breve, ser uma opção viável para o tratamento de pacientes com feridas crônicas ou que utilizam implantes médicos. A equipe já estuda a possibilidade de integrar um sistema de controle remoto sem fio ao dispositivo, o que facilitaria seu uso em ambientes clínicos e domiciliares.

Esse avanço na medicina bioeletrônica oferece uma esperança para milhões de pessoas que sofrem com infecções recorrentes e com resistência a antibióticos. A substituição parcial ou total do uso de antibióticos por métodos bioeletrônicos, como o BLAST, pode representar uma revolução no controle de infecções bacterianas.

Em resumo, o dispositivo BLAST não apenas apresenta um método inovador, mas também sugere uma nova direção para a medicina, onde tratamentos menos invasivos e sem efeitos colaterais se tornam uma realidade acessível e segura.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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