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Esse é o porto insano mais aguardado do Brasil: ponte de 3,5 km sobre o mar, quebra-mar de 1,5 km e ligação direta com ferrovia

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 16/08/2025 às 23:03
Atualizado em 18/08/2025 às 13:01
Porto Sul em Ilhéus promete integrar ferrovia e mar aberto com ponte de 3,5 km e transformar a logística e exportação da Bahia.
Porto Sul em Ilhéus promete integrar ferrovia e mar aberto com ponte de 3,5 km e transformar a logística e exportação da Bahia.
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Porto Sul, em Ilhéus, foi projetado para integrar ferrovia e mar aberto, com ponte de 3,5 km e quebra-mar de até 1,98 km. A obra promete revolucionar a logística do interior baiano, mas enfrenta desafios de execução e gestão.

O Porto Sul, em Ilhéus (BA), foi concebido para operar em mar aberto com uma ponte de acesso de 3,5 km, quebra-mar projetado em grande escala e conexão direta com a Ferrovia de Integração Oeste–Leste (FIOL).

A promessa é destravar a logística do interior baiano e criar um novo corredor de exportação.

Segundo Luciano Guimarães, no canal Construction Time, trata-se de “um corredor logístico que vai do interior do Brasil até o mar”, integrando mina, ferrovia e terminal portuário.

Hoje, porém, a execução passa por ajustes: as frentes ligadas à FIOL 1 sofreram paralisação contratual em março de 2025 e o governo federal montou, em 1º de julho de 2025, um grupo de trabalho para avaliar a subconcessão e propor encaminhamentos para retomada.

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Porto Sul em Ilhéus promete integrar ferrovia e mar aberto com ponte de 3,5 km e transformar a logística e exportação da Bahia.

Localização estratégica do Porto Sul

O terminal está sendo implantado no distrito de Aritaguá, litoral norte de Ilhéus, entre Sambaituba e Ponta da Tulha.

Conforme explicou Guimarães, a escolha reúne três condicionantes operacionais raras no mesmo ponto: profundidade natural para receber navios de grande porte, proximidade dos polos produtores no oeste baiano e acesso direto à FIOL, reduzindo transbordos e tempos de percurso.

A localização costeira em mar naturalmente mais fundo foi destacada no canal como um fator que minimiza dragagens recorrentes e amplia janelas operacionais para atracação em mar aberto.

Estrutura marítima: ponte e quebra-mar

Segundo o Construction Time, a espinha dorsal no mar é a ponte de 3,5 km que liga a retroárea aos píeres de atracação, chegando à lâmina d’água com calados projetados para navios de grande porte.

De acordo com documentos técnicos do empreendimento, o píer offshore fica a cerca de 3,5 km da costa, o que explica a extensão da estrutura de acesso.

Para proteger as operações, o projeto prevê quebra-mar em mar aberto.

Estudos ambientais e complementações do EIA/RIMA indicam diferentes versões ao longo do tempo, com soluções que variam de 1,5 km a 1,98 km de comprimento total, a depender do layout e das revisões de engenharia.

Essa variação foi analisada para mitigar impactos costeiros e otimizar custos e construtibilidade.

Reforço operacional e equipamentos do porto

O desenho do Porto Sul enfatiza redundância e fluxo contínuo.

Como destacou Guimarães, os berços de atracação terão sistemas de defensas e dolfins de amarração dimensionados para manobras em mar aberto.

O carregamento utilizará correias transportadoras fechadas, solução apontada por ele como essencial para conter emissões difusas de poeira e reduzir riscos à segurança ocupacional durante a transferência de minério e grãos.

Na área terrestre, o reforço operacional inclui pátios de estocagem cobertos e a céu aberto, armazéns especializados e tanques para granéis líquidos.

Para sincronizar ferrovia e navio, o projeto incorpora estações de transbordo, viradores de vagões e sistemas integrados de correias, com controle de fluxo para evitar gargalos entre recebimento ferroviário, estocagem e embarque.

Guimarães também salientou a importância de acessos rodoviários — BA-001, BR-101 e BR-415 — como contingência para serviços e abastecimento da retaguarda, enquanto a ferrovia assume a vocação de volume pesado.

Histórico da logística portuária em Ilhéus

A concepção do Porto Sul dialoga com a história logística do sul da Bahia.

O porto do Malhado, inaugurado em 1971, marcou a vocação marítima local, mas sem integração ferroviária.

Segundo o Construction Time, o novo complexo nasce intermodal desde a origem, com FIOL no centro da estratégia para encurtar caminhos entre o oeste produtor (minério e agronegócio) e o litoral.

Em 2024, o Ibama vistoriou os programas socioambientais ligados ao empreendimento, etapa apontada como parte da governança do licenciamento.

Situação atual das obras

As frentes de acesso terrestre e preparativos do terminal privado da BAMIN avançaram nos últimos anos, mas a dinâmica mudou em março de 2025, quando a concessionária informou a desmobilização de contratos no trecho entre Uruçuca e Ilhéus, com impacto direto na cadência da FIOL 1 e, por consequência, na sincronização com o porto.

O Ministério dos Transportes instaurou, em 1º de julho de 2025, um grupo de trabalho para avaliar o contrato e recomendar medidas para garantir a continuidade do projeto.

A ANTT também abriu apuração sobre o cumprimento contratual.

De acordo com o presidente da Bamin em audiência na Assembleia Legislativa da Bahia, uma vez solucionada a entrada de novo sócio e o reequilíbrio contratual, estimativas internas indicam janelas de 28 a 30 meses para conclusão do trecho ferroviário prioritário e 48 meses para a planta portuária.

Ainda conforme análises do setor produtivo baiano, circulam discussões sobre troca de controle ou assunção assistida da subconcessão caso a atual concessionária não sustente o contrato, cenário que também é monitorado por Brasília.

O que o porto deve entregar

No relato do Construction Time, a vocação do Porto Sul é clara: exportar minério de ferro e grãos com ligação ferroviária direta, reduzindo custos logísticos, aumentando a confiabilidade e elevando a competitividade do oeste baiano no mercado internacional.

Ele ainda comentou que a operação foi desenhada para calados elevados e janelas de mar compatíveis com navios de grande porte, mirando ganho de escala típico de portos de águas profundas.

A dinâmica operacional teria como base o recebimento ferroviário em fluxo contínuo, empilhamento e retomada nos pátios com controle de umidade, além de embarque por shiploader em circuito fechado.

O canal também destacou que esse desenho busca reduzir tempos de ciclo entre trem e navio, evitando filas e paradas de equipamento.

Comparação com o Porto Central

Para dimensionar o projeto, Guimarães comparou o Porto Sul ao Porto Central (ES).

Enquanto o Central nasceu porto-indústria com foco inicial em granéis líquidos e águas profundas e entrou em obra de Fase 1 no fim de 2024, o Porto Sul prioriza minério e grãos com integração ferroviária dedicada, mas enfrenta pausa contratual que precisa ser resolvida para retomar o cronograma.

São perfis complementares, com estágios de execução diferentes.

Desafios finais

Do ponto de vista regulatório e de engenharia, a etapa crítica é alinhar a governança da FIOL 1 com o cronograma do terminal marítimo, garantindo financiamento, contratos de EPC e cadeia de suprimentos para obras offshore de alta complexidade.

Conforme o Construction Time, a estrutura marítima exige janelas de tempo e mar favoráveis, logística de concretagem e cravação de estacas em alto-mar, além de comissionamento integrado entre ferrovia, retroárea e píer.

Superado esse pacote, o terminal tem condições de cumprir a função de escoar cargas do interior baiano com menor custo e maior previsibilidade.

Como o Porto Sul deve compatibilizar o avanço contratual da ferrovia e reorganizar o pacote offshore para cumprir os prazos que o mercado espera?

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Armando
Armando
18/08/2025 19:46

A BA 001 suporta o aumento de tráfego? Qual impacto na rodovia?

Justiceiro Hroth-Beorht
Justiceiro Hroth-Beorht
17/08/2025 11:26

O BRASIL TERÁ CAPACIDADE INTELECTUAL PARA FAZER ISTO? OU É MAIS UM PONTO DE CORRUPÇÃO DO PT BAHIANO/NACIONAL?

Marcelo
Marcelo
Em resposta a  Justiceiro Hroth-Beorht
17/08/2025 13:28

O Brasil sempre teve capacidade técnica para encarar qualquer desafio, ainda mais com um governo que investe em Educação e Pesquisas como o atual.

Paulo
Paulo
Em resposta a  Justiceiro Hroth-Beorht
17/08/2025 13:40

Brasil tem condições de realizar esse tipo de construção. Se fosse no governo da gang do PL nãoe teríamos que submeter ao imperialismo americano.

Climaco Cézar de Souza
Climaco Cézar de Souza
17/08/2025 02:36

SERA QUE O JORNALISTA SABE O QUE SIGNIFICA O TERMO INSANO, claramente inadequado para as grandes vantagens que ele mesmo descreve de tal futuro porto??

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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