Após ser vendido pela Petrobras por US$ 2,2 bilhões, o campo de Albacora Leste se tornou o principal ativo da PRIO na Bacia de Campos, com produção recorde e nova estratégia offshore que surpreende o setor de petróleo e gás.
Quando a Petrobras decidiu vender parte de seus ativos para focar em projetos considerados estratégicos, muita gente olhou com desconfiança. Afinal, campos de petróleo maduros ou de difícil exploração ainda tinham potencial — só não estavam mais na lista de prioridades da estatal. Um desses ativos, localizado na Bacia de Campos, acabou se transformando em uma verdadeira mina de ouro para sua nova dona. Estamos falando do campo de petróleo Albacora Leste, que foi vendido pela Petrobras à PetroRio e hoje registra produção recorde, consolidando-se como um dos principais ativos offshore do Brasil.
Um gigante da Bacia de Campos agora em mãos privadas
O campo de Albacora Leste, situado no litoral do estado do Rio de Janeiro, é um dos ativos offshore mais relevantes da região. Ele foi descoberto em 1986 e operado pela Petrobras por décadas, mas acabou entrando no plano de desinvestimentos da empresa, que nos últimos anos decidiu priorizar ativos no pré-sal com retorno mais rápido e custo operacional mais eficiente.
Em abril de 2022, a Petrobras vendeu 90% do campo para a PetroRio (hoje PRIO), por um valor total que pode chegar a US$ 2,2 bilhões, dependendo de variáveis de produção e preço do petróleo. A transação foi uma das maiores já feitas por uma petroleira privada brasileira e marcou um novo capítulo na exploração do offshore nacional.
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De promessa a realidade: produção disparou com nova gestão
O que parecia uma aposta ousada logo se revelou uma decisão estratégica certeira. Sob a nova administração da PetroRio, o campo de Albacora Leste passou por um processo de revitalização e integração com outras operações da empresa na região.
Com foco em eficiência, redução de custos logísticos e uso de tecnologias modernas de extração, a antiga PetroRio (PRIO) conseguiu aumentar significativamente a produção do campo.
Em pouco mais de um ano após a aquisição, Albacora Leste passou a representar a maior parte da produção da companhia. Segundo dados divulgados pela empresa, a média de produção gira em torno de 40 mil barris por dia, com picos superiores graças à estabilização dos poços e melhorias na infraestrutura.
O número representa um salto expressivo em relação aos dados anteriores à venda, quando a Petrobras operava o ativo com produção mais limitada.
Com isso, o campo virou a principal joia da PetroRio na Bacia de Campos, que hoje se consolida como uma das principais empresas privadas de óleo e gás do país, superando barreiras e mostrando que ainda há muito petróleo a ser explorado em áreas consideradas maduras.
A estratégia por trás da compra do campo de petróleo Albacora Leste
A aposta da PetroRio não se resume apenas ao volume de petróleo existente. A empresa investe forte na sinergia entre ativos, otimizando plataformas e operações.
A meta é integrar o campo de Albacora Leste com o sistema de Frade — outro ativo operado pela companhia — criando uma espécie de “hub de produção” que permitirá maior eficiência no uso de FPSOs (navios-plataforma) e logística de transporte do óleo.
Esse movimento é particularmente estratégico em tempos de petróleo volátil: ao diminuir os custos por barril, a empresa garante margem operacional mesmo em cenários de baixa no mercado internacional. E, claro, com o petróleo em alta como tem ocorrido nos últimos ciclos, os lucros aumentam exponencialmente.
Além disso, a PetroRio tem aproveitado o know-how adquirido em outros campos, como Polvo e Tubarão Martelo, para aplicar soluções customizadas em Albacora Leste. O resultado é uma operação que surpreendeu até os mais céticos do setor.
O impacto na indústria nacional e a nova fase do offshore brasileiro
A trajetória de Albacora Leste mostra como a venda de ativos pela Petrobras pode resultar em ganhos não apenas para os compradores, mas também para o setor como um todo. A PRIO gerou empregos diretos e indiretos, investiu em tecnologia, ampliou a arrecadação de royalties e impostos locais e, acima de tudo, provou que o campo offshore vendido pela Petrobras ainda tinha muito a oferecer.
É uma tendência crescente: empresas privadas, com estruturas mais enxutas e foco operacional, assumindo campos que já não eram prioritários para grandes estatais e conseguindo extrair valor com criatividade e agilidade. O caso de Albacora Leste é emblemático — e já serve de inspiração para outras petroleiras que querem apostar no Brasil.
A Bacia de Campos ainda tem muito a render
Muita gente acredita que o futuro da produção de petróleo no Brasil está todo concentrado no pré-sal da Bacia de Santos. Mas a verdade é que a Bacia de Campos, mesmo após décadas de operação, continua sendo um dos maiores polos de produção do país. O sucesso da PetroRio em Albacora Leste reforça essa visão.
Além da PetroRio (PRIO), outras empresas também estão apostando em campos da região: a 3R Petroleum, a Enauta e a Carmo Energy vêm adquirindo ativos estratégicos e investindo em tecnologias para elevar a produção de maneira sustentável.
No caso da PetroRio, a estratégia de crescimento orgânico e via aquisições já colocou a companhia em um novo patamar. Com Albacora Leste, a empresa não apenas aumentou seu volume de produção, mas também ganhou prestígio no mercado e provou que pode competir de igual para igual com gigantes do setor.
A história do campo de petróleo Albacora Leste é um exemplo claro de como ativos considerados “maduros” pela Petrobras podem se transformar em joias estratégicas nas mãos certas. Vendido por bilhões, mas ainda cheio de potencial, o campo virou o carro-chefe da PRIO, que soube aproveitar cada gota de petróleo escondida sob o leito marinho da Bacia de Campos.
A lição que fica é simples, mas poderosa: com visão, gestão eficiente e tecnologia de ponta, é possível transformar ativos esquecidos em motores de crescimento para a indústria brasileira de óleo e gás.