1. Início
  2. / Economia
  3. / Essa ferrovia vai tirar mais de 400 caminhões da BR: conheça o projeto de 933 km, 65 pontes e zero impacto em áreas indígenas que promete poupar R$ 8 bilhões por ano
Tempo de leitura 5 min de leitura Comentários 41 comentários

Essa ferrovia vai tirar mais de 400 caminhões da BR: conheça o projeto de 933 km, 65 pontes e zero impacto em áreas indígenas que promete poupar R$ 8 bilhões por ano

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 27/07/2025 às 15:58
Ferrogrão: nova ferrovia de 933 km promete revolucionar a logística agrícola, reduzir custos e emissões, e evitar áreas indígenas. Confira detalhes.
Ferrogrão: nova ferrovia de 933 km promete revolucionar a logística agrícola, reduzir custos e emissões, e evitar áreas indígenas. Confira detalhes.
  • Reação
  • Reação
  • Reação
  • Reação
  • Reação
  • Reação
732 pessoas reagiram a isso.
Reagir ao artigo

Projeto de ferrovia entre Sinop e Miritituba, com 933 km de extensão, promete revolucionar a logística agrícola, reduzir custos e impactos ambientais, além de evitar áreas indígenas e estimular a economia da região Norte.

A apresentação do projeto atualizado da Ferrogrão, ferrovia de 933 quilômetros que ligará Sinop, no Mato Grosso, a Miritituba, no Pará, trouxe à tona novos detalhes sobre a infraestrutura e impactos dessa obra considerada estratégica para a logística nacional.

Conforme informações do portal Pensar Agro, o anúncio foi feito na última quarta-feira (23), durante evento em Sinop, a proposta contempla um traçado que evita áreas indígenas e o Parque Nacional do Jamanxim, além de prever a construção de 65 pontes ferroviárias e estimar uma economia anual de até R$ 8 bilhões para o setor agrícola brasileiro.

Ferrogrão: licenciamento ambiental e cronograma de obras

O projeto, apresentado pelo empresário Guilherme Quintela, presidente da Estação da Luz Participações, responsável pela idealização do empreendimento, especifica que a Ferrogrão seguirá paralela à BR-163, principal corredor logístico da região Centro-Oeste ao Norte do país.

De acordo com informações fornecidas durante a apresentação, o novo traçado elimina a necessidade de túneis e realocação de comunidades, reduzindo potenciais conflitos e atrasos na implementação.

Segundo Quintela, o Ministério dos Transportes já avança nas negociações para obtenção da licença ambiental, considerada a última etapa antes do lançamento do edital de concessão federal.

A expectativa oficial é que a licitação seja realizada até março de 2026, possibilitando o início das obras no mesmo ano e conclusão do trecho até 2035, caso os prazos sejam mantidos.

Os dados apresentados ainda destacam a existência de 60% da faixa de domínio já desmatada ao longo do percurso da Ferrogrão, facilitando a implantação do empreendimento.

O estudo ambiental elaborado para o projeto indica que a ferrovia irá ocupar apenas 0,1% da área original do Parque Nacional do Jamanxim.

Para mitigar impactos ambientais, está prevista a compensação com o plantio de 2 mil hectares de vegetação nativa, reforçando o compromisso de reduzir ao máximo os efeitos negativos sobre o bioma amazônico.

Ferrogrão: nova ferrovia de 933 km promete revolucionar a logística agrícola, reduzir custos e emissões, e evitar áreas indígenas. Confira detalhes.
Ferrogrão: nova ferrovia de 933 km promete revolucionar a logística agrícola, reduzir custos e emissões, e evitar áreas indígenas. Confira detalhes.

Estrutura e obras de engenharia da ferrovia de Sinop a Miritituba

Entre os principais destaques do projeto está o conjunto de obras de arte especiais.

Além das 65 pontes ferroviárias, que somam juntas 81 quilômetros de extensão, estão planejados quatro viadutos ferroviários (totalizando 493 metros), dez viadutos rodoviários e 48 pátios de cruzamento, fundamentais para o escoamento eficiente das cargas.

A maior ponte do trajeto será construída sobre o rio Peixoto, entre os municípios de Matupá e Peixoto de Azevedo, com extensão de 250 metros.

O estudo aponta que não haverá impacto direto em territórios indígenas, eliminando um dos principais entraves enfrentados por grandes obras na região Norte do Brasil.

O redesenho do traçado foi motivado por decisões judiciais e pressões de grupos ambientais e sociais, como a ação apresentada pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) no Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu temporariamente o avanço da ferrovia em anos anteriores sob alegação de impactos em áreas protegidas.

Redução de custos logísticos e benefícios econômicos

Com potencial para transformar a matriz logística nacional, a Ferrogrão deverá promover redução de até 20% no custo do frete agrícola, segundo estudos apresentados pela Estação da Luz.

Esta queda representa uma economia anual estimada em R$ 8 bilhões para os produtores rurais, valor significativo para a competitividade do agronegócio brasileiro nos mercados nacional e internacional.

A ferrovia será capaz de transportar até 69 milhões de toneladas por ano até 2095, conforme as projeções do projeto.

Ferrogrão: nova ferrovia de 933 km promete revolucionar a logística agrícola, reduzir custos e emissões, e evitar áreas indígenas. Confira detalhes.
Ferrogrão: nova ferrovia de 933 km promete revolucionar a logística agrícola, reduzir custos e emissões, e evitar áreas indígenas. Confira detalhes.

Cada composição ferroviária, com capacidade para 16,9 mil toneladas, substituirá cerca de 422 caminhões no trajeto entre Sinop e Miritituba.

Com isso, estima-se que mais de 400 caminhões deixarão de circular diariamente pela BR-163, contribuindo para redução do tráfego pesado e, consequentemente, para o aumento da segurança viária na região.

Impacto ambiental e integração logística no Arco Norte

Outro destaque do empreendimento é o potencial de redução nas emissões de gases de efeito estufa.

Segundo o estudo de impacto ambiental, a mudança modal proporcionada pela Ferrogrão deve resultar em uma diminuição de 40% nas emissões de CO₂, o que corresponde à redução anual de aproximadamente 3,4 milhões de toneladas desses poluentes.

Esse impacto é especialmente relevante diante dos compromissos assumidos pelo Brasil no Acordo de Paris e no contexto de discussões globais sobre sustentabilidade.

A integração entre os diferentes modais também foi ressaltada durante a apresentação.

Além dos terminais ferroviários previstos para Sinop e Miritituba, o projeto inclui a construção de quatro novos portos fluviais nos municípios de Santarém, Barcarena, Itacoatiara e Santana (Amapá).

Esses investimentos ampliarão a conectividade da região Norte com o restante do país, fortalecendo o chamado Arco Norte, corredor logístico alternativo para exportações do agronegócio brasileiro.

Ferrogrão: nova ferrovia de 933 km promete revolucionar a logística agrícola, reduzir custos e emissões, e evitar áreas indígenas. Confira detalhes.
Ferrogrão: nova ferrovia de 933 km promete revolucionar a logística agrícola, reduzir custos e emissões, e evitar áreas indígenas. Confira detalhes.

Mudanças para caminhoneiros e perspectivas do transporte multimodal

Embora a Ferrogrão represente uma alternativa ao transporte rodoviário de longas distâncias, o modelo proposto não elimina a importância dos caminhoneiros no sistema logístico nacional.

De acordo com Guilherme Quintela, o transporte rodoviário permanecerá indispensável para conectar as fazendas e centros de produção aos terminais ferroviários.

Na prática, os caminhões farão trechos menores, adaptando-se ao modelo de integração multimodal amplamente adotado em países com matriz logística avançada.

A expectativa do setor produtivo é que a ferrovia contribua para a estabilidade dos preços do frete, redução de custos operacionais, além de favorecer a regularidade do escoamento da produção, especialmente nos períodos de safra.

O projeto da Ferrogrão, ao evitar áreas de sensibilidade ambiental e indígena, busca compatibilizar desenvolvimento econômico, respeito à legislação ambiental e promoção da sustentabilidade na Amazônia.

E você, acredita que a Ferrogrão realmente sairá do papel ou será mais um megaprojeto brasileiro que ficará apenas na promessa? O que pensa sobre os impactos desse projeto?

Inscreva-se
Notificar de
guest
41 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Julia
Julia
30/07/2025 02:29

O impressionante,é pensar o quanto o Brasil está atrazado em relação ao avanço tecnologico e cientifico. O país já deveria ter iniciado implantação ferroviaria a decadas,inclusive transportando pessoas. Politicos só pensam em desviar verbas.

Walter Carlos
Walter Carlos
29/07/2025 22:06

400 caminhões por dia e 400 pai de família desempregado por dia fora as pessoas q depende desses caminhoneiros pra sobrevive frentista borracheiro dono de restaurante e funcionário de restaurante etc
Vcs só pensa nos ricos msm

Malthez de Athayde
Malthez de Athayde
29/07/2025 17:26

Amigos! Enquanto à maioria das nossas autoridades com a anuência de uma boa parte da sociedade brasileira e de partidos que sobrevivem da pobreza desenvolvimentista da Nação, esse tipo de projeto muito dificilmente próspera. Veja o caso do projeto da Fiol que pode ligar dois países da América Latina, está parado! Não deixando de citar, ainda, que o Brasil é extremamente deficitário em rede ferroviária.
Um abraço!

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x