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Essa casa parou uma obra: família recusou R$ 1,2 milhão, ficou isolada no meio da rodovia e finalmente desistiu

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 20/08/2025 às 18:10
Família chinesa recusou indenização de R$ 1,2 milhão, ficou isolada no meio de rodovia e abandonou a casa apelidada de Olho de Jinxi.
Família chinesa recusou indenização de R$ 1,2 milhão, ficou isolada no meio de rodovia e abandonou a casa apelidada de Olho de Jinxi.
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Família chinesa recusou indenização milionária, viu a casa virar símbolo de resistência no meio de uma rodovia e acabou abandonando o imóvel apelidado de Olho de Jinxi, cercado pelo barulho constante e insegurança do tráfego.

No distrito de Jinxi, na China, uma família que resistiu à desapropriação aceitou, por fim, deixar a casa que ficou no meio de uma rodovia recém-inaugurada.

O proprietário, identificado como Huang Ping, havia recusado uma oferta de compensação do governo regional de aproximadamente 1,6 milhão de iuans (R$ 1,2 milhão) e manteve-se no imóvel mesmo após a saída de todos os vizinhos.

Sem isolamento acústico e cercada por tráfego pesado, a residência tornou-se inabitável e foi abandonada quando os veículos passaram a circular pelo trecho.

A casa que virou símbolo e ganhou apelido

A construção ganhou o apelido de Olho de Jinxi por, vista de cima, lembrar um olho no asfalto.

O caso circulou na imprensa internacional em abril, quando a imagem da casa isolada no canteiro central passou a representar a persistência de moradores que se recusam a deixar suas propriedades.

Na China, imóveis que resistem a obras de infraestrutura são popularmente chamados de “casas de pregos”, expressão que remete a um “prego” difícil de arrancar.

Proposta recusada e arrependimento posterior

Huang Ping decidiu rejeitar a oferta do governo por avaliar que as condições de pagamento — em duas parcelas — não atendiam ao que considerava justo.

O morador manteve a posição mesmo após a área ao redor ser demolida e a rodovia avançar.

Mais tarde, reconheceu ter se arrependido de não aceitar o acordo inicial.

A administração local, no entanto, informou que o prazo para a proposta havia expirado e não seria renovado nos mesmos termos.

Quando o tráfego começou, o barulho venceu

Com a abertura do novo trecho viário, a realidade mudou rapidamente. Sem barreiras contra o ruído e com caminhões passando a poucos metros, a rotina na casa ficou insustentável.

O som constante, combinado à vibração do fluxo pesado, provocou estresse na família, que resistiu enquanto pôde.

Em determinado momento, os sinais de abandono tornaram-se visíveis: janelas quebradas e mato alto nos arredores chamaram a atenção de quem passava.

Segundo o site Oddity Central, moradores locais notaram essas mudanças no mês anterior à publicação da reportagem que repercutiu o caso.

Família deixa o imóvel e muda de cidade

De acordo com a mídia chinesa citada por veículos internacionais, Huang e os familiares optaram por alugar uma casa em uma cidade próxima.

A decisão buscou afastá-los do barulho e da insegurança de permanecerem isolados no meio da pista.

Não há informação pública confirmada sobre o destino da propriedade agora desocupada, tampouco sobre planos de demolição ou incorporação definitiva ao traçado da rodovia.

Indenização menor do que a oferta inicial

Ao deixar o imóvel sem novo acordo, o proprietário passou a ter direito apenas a uma fração do valor que havia sido proposto anteriormente.

Os detalhes sobre a compensação atual não foram divulgados pelas autoridades locais citadas na cobertura do caso.

O que se sabe é que o montante de 1,6 milhão de iuans (R$ 1,2 milhão), apresentado em momento anterior, não se concretizou porque as condições de pagamento não foram aceitas por Huang, e a proposta caducou.

Família chinesa recusou indenização de R$ 1,2 milhão, ficou isolada no meio de rodovia e abandonou a casa apelidada de Olho de Jinxi.
Família chinesa recusou indenização de R$ 1,2 milhão, ficou isolada no meio de rodovia e abandonou a casa apelidada de Olho de Jinxi.

O que diz a legislação chinesa sobre realocações

Nos últimos anos, a China aprovou regulamentações voltadas à proteção de moradores em processos de realocação para obras públicas.

As normas proíbem o uso de violência em despejos e determinam que a compensação paga a famílias reassentadas observe o valor de mercado.

Na prática, casos de “casas de pregos” continuam a surgir quando proprietários contestam o cálculo da indenização, o cronograma ou a forma de pagamento.

A história de Jinxi se enquadra nesse cenário de disputa sobre critérios e prazos.

Por que casos como o de Jinxi se repetem

Conflitos em desapropriações geralmente se concentram em três pontos.

O primeiro é a avaliação do imóvel: moradores alegam que laudos oficiais subestimam a propriedade, enquanto autoridades defendem parâmetros técnicos.

O segundo é a forma de pagamento, que pode envolver parcelas, prazos ou moradias alternativas — exatamente o ponto que levou Huang a recusar a proposta.

O terceiro é o tempo de negociação, pois obras públicas seguem cronogramas rígidos, e a pressão por entregas pode encurtar janelas de diálogo.

Impacto humano do isolamento

Embora a imagem aérea do Olho de Jinxi tenha viralizado como curiosidade urbanística, a experiência cotidiana da família foi marcada por ruído constante, temor de acidentes e desgaste emocional.

Viver cercado por pistas em velocidade, sem a vizinhança tradicional e com acesso dificultado a serviços, tende a agravar a sensação de insegurança.

O relato de que a família buscou um aluguel em outra cidade evidencia a tentativa de restabelecer uma rotina mínima de conforto e previsibilidade.

O que permanece em aberto

Não há confirmação pública sobre a data exata em que a família deixou o imóvel, tampouco sobre a quantia final a que terá direito após a saída.

Também não se sabe quando a estrutura será removida ou adaptada ao desenho definitivo da rodovia.

Em casos similares, autoridades costumam consolidar o traçado após o encerramento de litígios e a formalização das indenizações, etapas que nem sempre são transparentes ao público.

https://twitter.com/i/status/1883173616289747109

Termo “casa de pregos” e o debate sobre progresso

A expressão “casa de pregos” se popularizou na China para designar residências que permanecem em pé, cercadas por canteiros de obras ou por estruturas já concluídas.

O termo sintetiza um debate recorrente: como conciliar obras de interesse público com garantias de compensação justa.

No episódio de Jinxi, o impasse não se resolveu no tempo da obra, o que expôs a família a condições urbanas extremas. Ao final, a saída silenciosa indicou que o custo de permanecer superou o valor simbólico de resistir.

Se você estivesse no lugar da família, aceitaria a proposta inicial para evitar tantos problemas ou também teria resistido até o fim?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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