Primeiro caminhão pesado da FTXT movido a hidrogênio desembarca no Brasil para testes e pesquisas. Veículo combina bateria elétrica, célula a combustível e sistema de regeneração, com foco em transporte de cargas e redução de emissões no setor.
O primeiro caminhão pesado movido a hidrogênio da FTXT, subsidiária da GWM voltada a tecnologias de célula a combustível, já está em território brasileiro para um ciclo de inspeções e testes.
A proposta é avaliar, em condições reais de uso, a viabilidade dessa alternativa energética no transporte de cargas de longa distância, setor onde a eletrificação total ainda enfrenta limitações.
O modelo combina bateria elétrica de 105 kWh, cilindros com capacidade para 40 kg de hidrogênio e uma célula a combustível que gera eletricidade para os motores.
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O conjunto ainda incorpora um sistema de regeneração de energia, que recupera parte da energia cinética nas frenagens e descidas.
Por que “movido a água”
Embora a expressão seja usada popularmente, o caminhão não utiliza água diretamente como combustível.
A associação vem do fato de que, em algumas rotas de produção, o hidrogênio pode ser extraído da água por meio da eletrólise — processo que separa hidrogênio e oxigênio usando eletricidade.
No caso do Brasil, a rota do etanol também desempenha papel estratégico, oferecendo uma opção de baixo carbono com infraestrutura já existente.
Chegada e primeira fase de avaliações
O veículo desembarcou no Porto de Santos (SP) e foi enviado para a fábrica da GWM em Iracemápolis, interior paulista.
Durante o mês de agosto, passará por inspeções conduzidas por engenheiros brasileiros da FTXT, com suporte de especialistas vindos da China.
O foco inicial será a integridade e o desempenho da bateria, elemento crucial para o funcionamento e a durabilidade do sistema.
Essa etapa é fundamental para verificar se a integração entre bateria e célula a combustível atende às exigências de uso no Brasil, onde condições de temperatura, relevo e pavimentação variam significativamente.
Estrutura e funcionamento do sistema de hidrogênio
O hidrogênio é armazenado em cilindros de alta pressão e, ao ser direcionado à célula a combustível, reage com o oxigênio do ar, produzindo eletricidade e liberando apenas vapor d’água como subproduto.
A bateria atua como apoio para picos de demanda, como ultrapassagens e aclives íngremes.
O processo de regeneração converte energia de frenagens e desacelerações em carga elétrica, aumentando a eficiência e podendo prolongar a vida útil do sistema.
Colaboração com universidades e rota do etanol
Os primeiros testes dinâmicos do caminhão estão previstos para setembro, com participação de universidades brasileiras, incluindo a Universidade de São Paulo (USP).
A instituição abriga infraestrutura capaz de gerar hidrogênio a partir do etanol, tecnologia desenvolvida no país para reduzir emissões de carbono e aproveitar a cadeia sucroalcooleira já consolidada.
Além da rota do etanol, também será avaliado o hidrogênio verde, obtido por eletrólise da água com energia renovável.
Cada método será comparado em termos de custo, autonomia e eficiência.
Testes em pistas e operação gradual
Antes de circular em rodovias, o caminhão será submetido a avaliações de segurança, suspensão e desempenho em pistas de prova no interior paulista.
Inicialmente, rodará sem carga, passando gradualmente para simulações de transporte real com diferentes tipos de carga e relevo.
Esses testes permitirão analisar como variáveis como temperatura, altitude e tipo de pavimento afetam o consumo de hidrogênio e a eficiência do conjunto.
Cenário global e perspectivas
O uso do hidrogênio em veículos pesados vem ganhando espaço em países como Japão, Alemanha e Coreia do Sul, impulsionado por políticas públicas e subsídios para transporte de longa distância.
Nesses mercados, a tecnologia é vista como alternativa para reduzir a dependência de diesel e diminuir emissões de gases de efeito estufa.
No Brasil, a adoção ainda está em fase experimental, limitada pela infraestrutura incipiente e pelo custo elevado do hidrogênio, que varia de acordo com a rota de produção.
Contudo, a abundância de fontes renováveis e a experiência com biocombustíveis podem favorecer um avanço mais rápido se houver investimento coordenado.
Próximas etapas e estudo de viabilidade
Após a fase inicial, o caminhão será abastecido com diferentes tipos de hidrogênio para mensurar impacto econômico e operacional.
Os dados coletados alimentarão um estudo de viabilidade comercial, levando em conta custo do insumo, manutenção e durabilidade do sistema.
A estreia pública no Brasil está marcada para 15 de agosto, durante a inauguração da fábrica da GWM em Iracemápolis.
A partir daí, o projeto seguirá em colaboração com centros de pesquisa, universidades e empresas parceiras.
Com a chegada dessa tecnologia, surge a pergunta: o Brasil está preparado para transformar o hidrogênio em protagonista do transporte pesado e competitivo frente ao diesel?