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Esqueça a gasolina! Caminhão movido a ‘água’ chega ao Brasil com bateria de 105 kWh, cilindros de 40 kg de hidrogênio, célula a combustível e sistema de regeneração de energia

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 13/08/2025 às 15:07
Caminhão a hidrogênio da GWM chega ao Brasil com bateria de 105 kWh e célula a combustível para testes e pesquisas.
Caminhão a hidrogênio da GWM chega ao Brasil com bateria de 105 kWh e célula a combustível para testes e pesquisas.
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Primeiro caminhão pesado da FTXT movido a hidrogênio desembarca no Brasil para testes e pesquisas. Veículo combina bateria elétrica, célula a combustível e sistema de regeneração, com foco em transporte de cargas e redução de emissões no setor.

O primeiro caminhão pesado movido a hidrogênio da FTXT, subsidiária da GWM voltada a tecnologias de célula a combustível, já está em território brasileiro para um ciclo de inspeções e testes.

A proposta é avaliar, em condições reais de uso, a viabilidade dessa alternativa energética no transporte de cargas de longa distância, setor onde a eletrificação total ainda enfrenta limitações.

O modelo combina bateria elétrica de 105 kWh, cilindros com capacidade para 40 kg de hidrogênio e uma célula a combustível que gera eletricidade para os motores.

O conjunto ainda incorpora um sistema de regeneração de energia, que recupera parte da energia cinética nas frenagens e descidas.

Por que “movido a água”

Embora a expressão seja usada popularmente, o caminhão não utiliza água diretamente como combustível.

A associação vem do fato de que, em algumas rotas de produção, o hidrogênio pode ser extraído da água por meio da eletrólise — processo que separa hidrogênio e oxigênio usando eletricidade.

No caso do Brasil, a rota do etanol também desempenha papel estratégico, oferecendo uma opção de baixo carbono com infraestrutura já existente.

Chegada e primeira fase de avaliações

O veículo desembarcou no Porto de Santos (SP) e foi enviado para a fábrica da GWM em Iracemápolis, interior paulista.

Durante o mês de agosto, passará por inspeções conduzidas por engenheiros brasileiros da FTXT, com suporte de especialistas vindos da China.

O foco inicial será a integridade e o desempenho da bateria, elemento crucial para o funcionamento e a durabilidade do sistema.

Essa etapa é fundamental para verificar se a integração entre bateria e célula a combustível atende às exigências de uso no Brasil, onde condições de temperatura, relevo e pavimentação variam significativamente.

Caminhão a hidrogênio da GWM chega ao Brasil com bateria de 105 kWh e célula a combustível para testes e pesquisas. (Foto: Reprodução/ Agência Gov)
Caminhão a hidrogênio da GWM chega ao Brasil com bateria de 105 kWh e célula a combustível para testes e pesquisas. (Foto: Reprodução/ Agência Gov)

Estrutura e funcionamento do sistema de hidrogênio

O hidrogênio é armazenado em cilindros de alta pressão e, ao ser direcionado à célula a combustível, reage com o oxigênio do ar, produzindo eletricidade e liberando apenas vapor d’água como subproduto.

A bateria atua como apoio para picos de demanda, como ultrapassagens e aclives íngremes.

O processo de regeneração converte energia de frenagens e desacelerações em carga elétrica, aumentando a eficiência e podendo prolongar a vida útil do sistema.

Colaboração com universidades e rota do etanol

Os primeiros testes dinâmicos do caminhão estão previstos para setembro, com participação de universidades brasileiras, incluindo a Universidade de São Paulo (USP).

A instituição abriga infraestrutura capaz de gerar hidrogênio a partir do etanol, tecnologia desenvolvida no país para reduzir emissões de carbono e aproveitar a cadeia sucroalcooleira já consolidada.

Além da rota do etanol, também será avaliado o hidrogênio verde, obtido por eletrólise da água com energia renovável.

Cada método será comparado em termos de custo, autonomia e eficiência.

Caminhão a hidrogênio da GWM chega ao Brasil com bateria de 105 kWh e célula a combustível para testes e pesquisas. (Foto: transportabrasil)
Caminhão a hidrogênio da GWM chega ao Brasil com bateria de 105 kWh e célula a combustível para testes e pesquisas. (Foto: transportabrasil)

Testes em pistas e operação gradual

Antes de circular em rodovias, o caminhão será submetido a avaliações de segurança, suspensão e desempenho em pistas de prova no interior paulista.

Inicialmente, rodará sem carga, passando gradualmente para simulações de transporte real com diferentes tipos de carga e relevo.

Esses testes permitirão analisar como variáveis como temperatura, altitude e tipo de pavimento afetam o consumo de hidrogênio e a eficiência do conjunto.

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Caminhão a hidrogênio da GWM chega ao Brasil com bateria de 105 kWh e célula a combustível para testes e pesquisas.

Cenário global e perspectivas

O uso do hidrogênio em veículos pesados vem ganhando espaço em países como Japão, Alemanha e Coreia do Sul, impulsionado por políticas públicas e subsídios para transporte de longa distância.

Nesses mercados, a tecnologia é vista como alternativa para reduzir a dependência de diesel e diminuir emissões de gases de efeito estufa.

No Brasil, a adoção ainda está em fase experimental, limitada pela infraestrutura incipiente e pelo custo elevado do hidrogênio, que varia de acordo com a rota de produção.

Contudo, a abundância de fontes renováveis e a experiência com biocombustíveis podem favorecer um avanço mais rápido se houver investimento coordenado.

Próximas etapas e estudo de viabilidade

Após a fase inicial, o caminhão será abastecido com diferentes tipos de hidrogênio para mensurar impacto econômico e operacional.

Os dados coletados alimentarão um estudo de viabilidade comercial, levando em conta custo do insumo, manutenção e durabilidade do sistema.

A estreia pública no Brasil está marcada para 15 de agosto, durante a inauguração da fábrica da GWM em Iracemápolis.

A partir daí, o projeto seguirá em colaboração com centros de pesquisa, universidades e empresas parceiras.

Com a chegada dessa tecnologia, surge a pergunta: o Brasil está preparado para transformar o hidrogênio em protagonista do transporte pesado e competitivo frente ao diesel?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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