1. Início
  2. / Energia Solar
  3. / Startup quer iluminar a Terra com espelhos espaciais e gera debate global sobre riscos à vida noturna
Tempo de leitura 3 min de leitura Comentários 0 comentários

Startup quer iluminar a Terra com espelhos espaciais e gera debate global sobre riscos à vida noturna

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 27/10/2025 às 16:54
Satélite refletor espacial ultra realista em órbita da Terra, com espelhos gigantes refletindo a luz solar para o planeta durante o crepúsculo.
Espelho espacial da Reflect Orbital reflete a luz do Sol em direção à Terra, simulando o funcionamento dos satélites-refletores propostos para gerar energia solar à noite.
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Projeto da Reflect Orbital busca refletir a luz do Sol de volta à Terra

A startup californiana Reflect Orbital pediu ao governo dos Estados Unidos, em outubro de 2025, autorização para colocar em órbita o primeiro espelho espacial de 18 metros por 18 metros. O lançamento está previsto para abril de 2026 e marca o início de uma constelação com mais de 4 mil satélites-refletores. Esses equipamentos devem redirecionar a luz solar para a Terra durante o crepúsculo, ampliando a geração de energia solar mesmo após o pôr do sol.
O pedido, enviado à Comissão Federal de Comunicações (FCC), explica que o espelho refletirá a luz sobre pontos específicos do planeta. Além disso, o projeto conta com investimento da Força Aérea dos EUA, no valor de US$ 1,25 milhão (R$ 6,7 milhões).
Assim, a Reflect Orbital busca testar uma forma inédita de geração contínua de energia e reduzir a dependência de fontes convencionais.

Cientistas alertam sobre impactos astronômicos e ambientais

Contudo, astrônomos e ambientalistas manifestaram forte preocupação com a proposta. O astrônomo John Barentine, do Observatório Silverado Hills, no Arizona, explicou que os espelhos podem emitir feixes até quatro vezes mais brilhantes que a Lua cheia.
Ele destacou que o excesso de luz pode interferir em observações astronômicas e afetar espécies noturnas sensíveis à luminosidade. Além disso, o vice-diretor da Sociedade Astronômica Real, Robert Massey, classificou o projeto como “catastrófico sob o ponto de vista astronômico”. Segundo ele, o objetivo de prolongar o dia e iluminar o céu pode comprometer observações científicas e prejudicar a pesquisa astronômica.
Por outro lado, Massey comparou o caso ao projeto Starlink, da SpaceX, que já enfrenta críticas por causar rastros luminosos nas imagens astronômicas. No entanto, diferentemente da Starlink, a Reflect Orbital planeja refletir a luz solar de forma intencional, fazendo do brilho intenso um elemento central da missão. Dessa forma, o impacto luminoso deixaria de ser acidental para se tornar um efeito programado.

Empresa promete controle e tempo limitado das reflexões

Em resposta às críticas, a Reflect Orbital informou que o sistema foi desenvolvido para limitar o tempo e a área das reflexões, evitando poluição luminosa intensa. Segundo nota enviada à revista Space, cada ponto iluminado terá cerca de 5 km de diâmetro e duração máxima de poucos minutos.
Depois disso, o espelho mudará de posição, impedindo que a luz permaneça concentrada sobre o mesmo local.
Além disso, um porta-voz da empresa afirmou que “nosso serviço será localizado e de curta duração”. Durante o teste previsto para 2026, observadores verão um ponto brilhante em movimento, e o brilho no solo será semelhante ao da Lua. Dessa forma, a empresa acredita que o impacto visual será mínimo e controlado.
A Reflect Orbital também garantiu que fará estudos ambientais completos antes do lançamento da constelação. Para isso, trabalhará em parceria com especialistas em ecologia e astronomia, com o objetivo de reduzir os efeitos ecológicos e luminosos.

Riscos para a vida noturna e o equilíbrio biológico

Especialistas apontam que os riscos ultrapassam a astronomia. A poluição luminosa pode interferir diretamente nos ciclos naturais de animais e humanos, alterando ritmos biológicos e comportamentos noturnos.
O ambientalista David Smith, da organização britânica BugLife, destacou que “a poluição luminosa rompe o equilíbrio entre o dia e a noite que guia a vida na Terra há bilhões de anos”.
Além disso, um relatório da Royal Society, divulgado em 2024, revelou que o brilho artificial global cresce cerca de 10% ao ano. Como consequência, o número de estrelas visíveis a olho nu diminuiu de 250 para aproximadamente 100.
Diante desse cenário, astrônomos e biólogos temem que o impacto na vida noturna humana e animal possa tornar-se irreversível caso o projeto avance.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x