Estabilidade, o mercado só vê para o diesel, para o gás de cozinha, para o biodiesel, e para o GLP, para os quais o presidente Lula estabeleceu que a cobrança dos tributos só deve ser retomada após 31 de dezembro deste ano. No mais, os planos de Haddad para os combustíveis preveem a retomada da oneração, com a cobrança dos tributos federais, PIS/Cofins e Cide, a partir do mês de março.
E com isso, Haddad deve anunciar, novamente, a medida que para muitos é vista como impopular. Os preços da gasolina e do etanol vão subir. Entretanto, para tentar controlar a inflação, parece não ter outra saída, mesmo estando apenas há menos de 15 dias no cargo, oficialmente. Onerar combustível parece ser um dos caminhos, uma vez que, só a retomada da cobrança de IPI, e dos impostos sobre combustíveis, há a previsão de uma arrecadação da ordem de R$ 40 bilhões.
Certamente, melhora das contas públicas do governo Lula também estão nos planos para que Haddad se mantenha o homem forte. Lula não quer passar a imagem de que os atos antidemocráticos do último dia 8 tenham interferido nos trabalhos, e determinou que Haddad permanecesse com os planos de anunciar o calendário de medidas para tanto.
A expectativa é um impacto superior a R$ 200 bilhões. Assim, é possível que a dívida bruta se mantenha próxima aos 76% do PIB até o próximo pleito majoritário, é a avaliação de especialistas do setor. Apenas depois de 2026 é que se espera que haja espaço para a diminuição nos preços, principalmente no que se refere ao etanol, e à gasolina.
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Já os demais combustíveis, a alteração é algo mais sensível, uma vez que tem potencial de acender a centelha da paralisação dos caminhoneiros, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Por isso, a decisão de que os impostos não seriam cobrados até o final do ano. Assim, já fica esperado que, nos planos de Haddad, gasolina fica mais cara, diesel continua com o mesmo preço.
Primeira derrota de Haddad
A assinatura do ato normativo de prorrogação da desoneração até 31 de dezembro, em 1o de janeiro, foi considerado o primeiro balde de água fria recebido pelo ministro da Fazenda. Isso porque, nos últimos dias de 2022, o ele havia feito negociações com o anterior, Paulo Guedes, na tentativa de pacificar a transição de governo.
Mas Haddad não considerou uma derrota, mas sim que Lula, e equipe econômica, optaram pelo caminho do meio. Guedes queria uma prorrogação de 90 dias, o atual ministro queria 30, e o presidente da República optou por 60 dias.
O ministro da Fazenda ainda tem outros planos, quer mostrar ao mercado financeiro a capacidade do Partido dos Trabalhadores (PT) de seguir um austero projeto econômico, uma vez que não é boa, para os investidores, a fama de gastador. Contudo, ele precisa ainda combinar com outros atores do jogo, porque, aumento na gasolina e no diesel traz aumento no preço de alimentos. E assim, como é que Lula vai manter a promessa de colocar picanha na mesa dos brasileiros?