Com desemprego em baixa histórica, empresas brasileiras vivem uma crise inversa: escassez de mão de obra qualificada. Setores como construção civil e tecnologia são os mais afetados, colocando em xeque o crescimento econômico.
O Brasil vive um momento curioso e preocupante em seu mercado de trabalho.
Enquanto o desemprego alcança mínimas históricas, muitas empresas enfrentam um problema inverso: a dificuldade de encontrar e reter mão de obra qualificada.
De acordo com o jornal O Globo, uma pesquisa inédita do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) revela que seis em cada dez empresas estão lutando contra a escassez de trabalhadores capacitados, colocando em xeque a capacidade de crescimento de diversos setores econômicos.
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Setores mais atingidos e impactos
A pesquisa, conduzida em outubro de 2024, entrevistou 3.707 empresas dos setores de indústria, comércio, serviços e construção civil.
O levantamento mostrou que 58,7% das companhias enfrentam dificuldades para contratar ou reter profissionais, e esse percentual sobe para impressionantes 60,4% no setor da construção civil.
Conforme o economista Rodolpho Tobler, coordenador das sondagens empresariais do FGV IBRE, a escassez de mão de obra impacta diretamente os custos das empresas.
Ele explica que muitas vezes, quando as empresas finalmente encontram profissionais disponíveis, precisam oferecer salários mais altos, o que pode desencadear repasses ao consumidor e, consequentemente, pressões inflacionárias.
No setor da construção civil, oito em cada dez empresas relatam desafios na contratação de novos colaboradores.
Esse cenário foi agravado pela recuperação econômica recente, estimulada por programas como o Minha Casa Minha Vida, que aumentaram a demanda por profissionais sem que houvesse um crescimento proporcional na oferta.
Principais gargalos
Entre as dificuldades enfrentadas, a busca por mão de obra qualificada lidera (64,9%).
Esse é o caso de engenheiros, técnicos especializados e profissionais de tecnologia da informação, cujas habilidades são essenciais para setores como construção e indústria.
O levantamento também revelou que 18,5% das empresas buscam profissionais não qualificados, um desafio mais frequente nos setores de serviços e indústria.
Além disso, 9,4% das companhias mencionam dificuldades em pagar salários mais altos, com destaque para o setor de tecnologia, onde a concorrência por talentos e a possibilidade de trabalho remoto elevam as exigências salariais.
Tobler destaca que, na área de tecnologia, a pressão por salários mais altos impacta diretamente os preços cobrados ao consumidor final, contribuindo para a inflação de serviços, um dos desafios mais difíceis de serem controlados pelo Banco Central.
Soluções adotadas pelas empresas devido à falta de mão de obra
A pesquisa também apontou que as empresas estão buscando formas alternativas de lidar com o problema.
Investir em capacitação interna (44%) e oferecer benefícios adicionais (32%) são as estratégias mais adotadas.
No setor industrial, mais da metade (56,2%) das empresas têm apostado na qualificação de seus profissionais como solução para suprir as lacunas no mercado.
Essas ações, embora positivas, ainda não são suficientes para resolver o problema em sua totalidade.
Por outro lado, 21,5% das empresas ampliaram a carga horária dos funcionários, enquanto 17% relataram atrasos nas entregas.
No setor de construção, essa situação é ainda mais grave, com 21,1% das empresas reportando atrasos e 18% operando abaixo de sua capacidade ou rejeitando novos contratos.
Produtividade e competitividade em risco
Segundo O Globo, Tobler alerta que a baixa qualificação da força de trabalho prejudica a produtividade do país.
Ele afirma que o crescimento econômico do Brasil poderia ser significativamente maior se a oferta de trabalhadores qualificados atendesse à demanda.
Embora a escolaridade da população tenha aumentado nos últimos anos, muitas vezes, a qualificação não corresponde às exigências do mercado.
Isso reforça problemas estruturais que comprometem os ganhos de produtividade e limitam o potencial de crescimento econômico.
Reflexos no consumidor e na economia
O impacto dessa escassez de mão de obra vai além das empresas.
O aumento dos custos operacionais e a necessidade de oferecer salários mais altos geram um efeito cascata que chega diretamente ao bolso do consumidor.
Produtos e serviços ficam mais caros, intensificando a inflação em setores estratégicos.
No caso específico da construção civil, que depende de grandes volumes de trabalhadores, a falta de mão de obra pode atrasar obras importantes e comprometer investimentos públicos e privados, ampliando o impacto econômico negativo.
O que esperar do futuro da mão de obra ?
A pesquisa conclui que, embora 47,7% das empresas ainda não estejam enfrentando dificuldades diretas em suas entregas, a situação é um sinal de alerta.
O número de companhias afetadas pela escassez de mão de obra está crescendo, e as consequências podem ser ainda mais significativas nos próximos meses.
Essa realidade coloca em evidência a necessidade de políticas públicas e privadas que priorizem a capacitação profissional e alinhem as habilidades da força de trabalho às demandas do mercado.
Será que o Brasil conseguirá superar esse gargalo e aumentar sua produtividade antes que o impacto seja irreversível? Deixe sua opinião nos comentários!
Tem várias questões envolvidas, além da questão da qualificação profissional, mas um ponto importante é que os salários no Brasil são muito baixos. Um exemplo é ver um montador aeronáutico especializado no Brasil ganhar por hora até 6 vezes menos do que um mesmo profissional nos Estados Unidos ou na França, apesar de ter o mesmo nível de experiência ou até mais e ter as mesmas qualificações.
No Brasil faltam mais profissionais de nível técnico do que profissionais de nível superior. Porém, não há muito estímulo na formação de mão de obra técnica e sequer há um piso salárial para técnicos no Brasil. E os salários estão cada vez mais achatados. Verdade que as empresas querem bons profissionais, mas não querem pagar adequadamente para isso.
Muitas dessas dificuldades poderiam ser contornadas se houvesse mais foco na qualificação interna dos empregados. O problema é que a maioria dos gestores brasileiros enxerga treinamento interno como gasto, ao invés de investimento. Dedicamos ridículas 30 horas/ano de média de treinamento interno no Brasil. Nos EUA, por exemplo, essa média é 150 horas/ano. Assim fica difícil
As faculdades estão cheios de alunos com capacidade eas escolas profimalizantes da empresa escolhe demais a desculpa e vc não tem experiência no cargo pó contrata e ensina este e um aviso para os donos das empresas mudar a mentalidade gente tem e só dá oportunidade noro aqui em bruxellas vejo o tanto que o Brasil tem potencial os belgas batem palmas prá nós
Querem profissionais de alto nível e pagam mixaria.
Uma seleção na vale, pois, olha os requisitos para concorrer as vagas, e depois vê quanto eles oferecem como salário…ai é melhor trabalhar como mei ou avulso….