Com o menor rebanho dos EUA em 70 anos, queda na produção da Europa e retração na China, especialistas apontam que só a América do Sul pode evitar uma crise mundial de carne bovina
O mercado mundial de carne bovina está prestes a enfrentar um dos maiores desafios da história recente: uma escassez que pode chegar a 2 milhões de toneladas já em 2026, segundo dados da Minerva Foods. A redução de rebanhos nos Estados Unidos, queda de produção na Europa e retração no consumo doméstico da China criam um cenário de déficit preocupante, mas que ao mesmo tempo abre uma janela de oportunidades para a América do Sul, especialmente para o Brasil.
EUA, Europa e China: os pilares da escassez
A crise começa nos Estados Unidos, que hoje convivem com o menor rebanho bovino em 70 anos. Isso afeta não apenas o abastecimento interno, mas também parceiros importantes como o México, tradicional comprador da carne americana.
Na Europa, a situação é igualmente crítica. Questões ligadas à política agrícola comum, custos de produção mais elevados e pressões ambientais reduziram a atividade pecuária. Já a China, maior consumidora global, enfrenta retração no tamanho do seu plantel, o que limita a oferta doméstica em um momento em que a demanda interna não para de crescer.
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Essa situação, EUA, Europa e China, explica boa parte do déficit global que se desenha. A consequência imediata é um espaço aberto para países sul-americanos como Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Colômbia.
Minerva Foods e a expansão na América do Sul
A Minerva Foods, uma das maiores processadoras de carne da região, é também uma das empresas que mais se movimentam para aproveitar o momento. Recentemente, concluiu a integração de 13 plantas adquiridas da Marfrig, movimento que ampliou significativamente sua capacidade produtiva.
Segundo o CEO, Fernando Galletti de Queiroz, “a América do Sul nunca ocupou tanto espaço no mercado internacional, e a cada dia novos mercados se abrem… estamos batendo recorde com tarifaço e sem tarifaço”.
A companhia já projeta aumento de 10% na produção até 2026, mirando especialmente mercados como México e Japão, que estão sendo diretamente impactados pela guerra comercial entre Estados Unidos e China.
O CFO, Edison Ticle, acrescenta que a conjuntura garante pelo menos dois anos de cenário extremamente favorável para os exportadores sul-americanos. Para ele, só em 2028 os Estados Unidos deverão recompor seus rebanhos, o que deixa espaço para que o Brasil e vizinhos ganhem ainda mais força.
Competitividade brasileira: custos e produtividade
Um dos grandes diferenciais brasileiros está na competitividade de custos. Enquanto os EUA lidam com altos preços de insumos importados, o Brasil tem avançado em produtividade e tecnologia.
O consultor Alexandre Mendonça de Barros (MB Agro) explica: “mais de 70% dos insumos agrícolas norte-americanos vêm da China e Índia, e 90% do potássio é importado do Canadá”. Essa dependência encarece a produção nos EUA, reduz margens e já levou ao fechamento de frigoríficos e à diminuição dos abates.
No Brasil, o cenário é outro. Além de contar com um rebanho de aproximadamente 200 milhões de cabeças, o país tem avançado no uso de genética, manejo intensivo e tecnologia digital. Se atingir os padrões de produtividade norte-americanos — 400 kg por carcaça contra os 300 kg atuais — o Brasil pode dobrar sua produção anual.
Tecnologia: a aposta para ganhar mercado
A inovação tecnológica é central para essa mudança. A Minerva estima ganhos anuais de R$ 288 milhões com o uso de inteligência artificial aplicada à classificação de carcaças, arbitragem de gado, logística e precificação.
Outro avanço vem do uso crescente do DDG (Dried Distillers Grains), subproduto do etanol de milho usado como ração. Esse insumo tem revolucionado os confinamentos próximos a usinas, permitindo engorda mais rápida, menor tempo de abate e uma logística muito mais eficiente.
Esses fatores somados transformam a carne brasileira em um produto cada vez mais competitivo e capaz de atender mercados exigentes.
Perspectivas para 2025, 2026 e além
Para 2025, a Minerva projeta receita entre R$ 50 e R$ 58 bilhões e EBITDA de R$ 4,7 a R$ 5,2 bilhões, consolidando sua posição como uma das maiores exportadoras do mundo.
Analistas destacam que os anos de 2026 e 2027 serão decisivos: a queda de oferta nos EUA, Europa e China, somada ao crescimento da demanda global, colocará a América do Sul no centro do palco.
Como resume Fernando Queiroz: “essa janela será mais importante em 2026 e 2027. Com os Estados Unidos no menor rebanho, a Europa destruída na produção e a China reduzindo seu plantel, a América do Sul ocupará o centro do palco global”.
Diante desse panorama, o Brasil não apenas reforça sua liderança em exportações, mas assume papel estratégico na segurança alimentar mundial. A escala produtiva, os custos competitivos e a aposta em tecnologia colocam o país em posição única para suprir a escassez que se aproxima.
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