1. Início
  2. / Vagas de Emprego
  3. / Escassez de mão de obra: mais de 1 milhão de vagas de emprego seguem abertas por falta de profissionais qualificados em setores como construção, indústria, varejo e tecnologia
Tempo de leitura 5 min de leitura Comentários 0 comentários

Escassez de mão de obra: mais de 1 milhão de vagas de emprego seguem abertas por falta de profissionais qualificados em setores como construção, indústria, varejo e tecnologia

Publicado em 09/04/2025 às 17:58
Escassez de mão de obra atinge setores como construção, varejo e tecnologia, deixando milhões de vagas de emprego abertas e travando o crescimento das empresas.
Escassez de mão de obra atinge setores como construção, varejo e tecnologia, deixando milhões de vagas de emprego abertas e travando o crescimento das empresas. Imagem: CANVA
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Escassez de mão de obra atinge setores como construção, varejo e tecnologia, deixando milhões de vagas de emprego abertas e travando o crescimento das empresas.

A escassez de mão de obra qualificada se tornou o novo pesadelo das empresas brasileiras. Com o mercado de trabalho aquecido e o desemprego em patamares historicamente baixos, milhares de vagas de emprego seguem abertas sem candidatos aptos a preenchê-las. Setores fundamentais da economia, como construção civil, indústria, varejo e tecnologia, enfrentam uma crise silenciosa, porém crescente, que ameaça investimentos, provoca atrasos em entregas e obriga companhias a rejeitar novos clientes.

Construção civil em alerta: 82% das construtoras enfrentam escassez de mão de obra

Entre os setores mais afetados, a construção civil vive um verdadeiro apagão de profissionais.

De acordo com uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), mais de 82% das construtoras relatam falta de trabalhadores para preencher as vagas disponíveis.

Pai e filho sorrindo ao fundo de arte promocional da Shopee para o Dia dos Pais, com produtos e caixas flutuantes em cenário laranja vibrante.
Celebre o Dia dos Pais com ofertas incríveis na Shopee!
Ícone de link VEJA AS OFERTAS!

Como consequência, 21% das empresas do setor já estão atrasando entregas de edificações, e 18% começaram a repassar os custos do déficit de mão de obra aos preços dos imóveis — alimentando, assim, a pressão inflacionária.

A situação tem se tornado insustentável para muitas companhias, que enxergam a escassez de profissionais não apenas como um desafio, mas como um risco direto ao negócio.

Gerdau aponta falta de engenheiros e critica desincentivo ao trabalho formal

Mesmo grandes corporações, como a Gerdau — maior produtora de aço do Brasil —, sentem os efeitos do descompasso entre oferta e demanda de profissionais.

O CEO da companhia, Gustavo Werneck, afirma que há escassez de mão de obra em diversas funções e faixas salariais.

Segundo ele, a Gerdau conseguiria contratar todos os engenheiros metalurgistas formados no país atualmente, tamanha a carência.

A empresa tem buscado parcerias com instituições de ensino para estimular o ingresso de alunos em cursos de engenharia, mas Werneck também aponta um entrave estrutural: os programas sociais.

Para o executivo, o desenho atual do Bolsa Família desestimula a formalização de empregos, já que o ingresso no mercado formal pode resultar na perda do benefício para milhares de brasileiros inscritos no CadÚnico.

Supermercados paulistas tentam reverter 40 mil vagas não preenchidas

A Associação de Supermercados de São Paulo (Apas) também ligou o alerta.

Com quase 40 mil vagas de emprego abertas no setor e dificuldade em preenchê-las, a entidade enviou uma solicitação ao governo federal pedindo mudanças nos critérios de acesso aos benefícios sociais, como forma de incentivar o retorno de parte da população ao mercado formal.

A iniciativa visa reduzir a escassez de mão de obra que já começa a comprometer o atendimento ao consumidor e os resultados financeiros do setor supermercadista.

Siderurgia e óleo e gás adotam treinamento próprio para formar mão de obra

Na tentativa de contornar a escassez de mão de obra qualificada, empresas de setores como siderurgia e óleo e gás estão adotando abordagens criativas.

A Foresea, companhia especializada em sondas de petróleo, passou a contratar trabalhadores sem experiência e sem diploma universitário.

O único requisito é possuir ensino médio técnico em áreas como mecânica, eletrônica ou petróleo e gás.

A empresa desenvolveu o Programa de Desenvolvimento Offshore (PDO), que oferece um ano de capacitação teórica e outro de atividades supervisionadas.

A iniciativa é uma forma de preencher lacunas técnicas e também de reter talentos, já que a concorrência entre empresas por profissionais especializados é intensa — a rotatividade média no setor chega a 30%.

Estimativas apontam mais de 1 milhão de vagas de emprego sem preenchimento no Brasil

Segundo especialistas, o número de vagas de emprego ociosas no Brasil já pode ter ultrapassado a marca de 1 milhão.

E a expectativa é que esse número cresça em 2025, impulsionado por um mercado de trabalho mais aquecido e pela baixa qualificação dos candidatos disponíveis.

A Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação) estima que o setor de tecnologia sozinho tenha 200 mil vagas abertas.

Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta a necessidade de formar 2,2 milhões de novos profissionais até 2027 para suprir a demanda da indústria nacional.

FGV-Ibre: escassez de mão de obra já afeta preços, entregas e expansão dos negócios

De acordo com o FGV-Ibre, 58% das empresas brasileiras relatam dificuldades para contratar. Os setores mais prejudicados são: construção (82,4%), varejo (77,3%), indústria (76,8%) e serviços (76,5%).

Quais as dificuldades para contratar?
Quais as dificuldades para contratar? Fonte: FGV

A escassez de mão de obra está levando 17,5% das companhias a atrasarem entregas, enquanto 8,4% já rejeitam novos clientes por incapacidade de atender à demanda.

Além disso, 15,9% das empresas estão revisando preços para compensar o aumento de custos com salários e benefícios.

Uberização e comportamento da Geração Z agravam cenário de escassez

Além das causas estruturais, fatores comportamentais também impactam o mercado de trabalho. A chamada “uberização” das relações profissionais atrai muitos trabalhadores menos qualificados para atividades informais em plataformas de transporte e entrega, que oferecem maior flexibilidade e, em muitos casos, rendimentos superiores aos salários formais.

A geração Z, que está ingressando agora no mercado, também contribui para a mudança. Jovens valorizam mais a flexibilidade, o trabalho remoto e menos formalização — o que representa um desafio para setores como supermercados, tradicionalmente vistos como porta de entrada para o primeiro emprego.

Perspectivas para o futuro: desafio exige ações coordenadas entre empresas e governo

Para enfrentar a escassez de mão de obra e garantir o preenchimento das vagas de emprego em aberto, especialistas apontam a necessidade de ações conjuntas entre empresas, governo e instituições de ensino.

O investimento em capacitação profissional, a modernização das regras de benefícios sociais e a adaptação das políticas de recrutamento às novas gerações são caminhos apontados para reverter o quadro.

Sem medidas concretas, a falta de profissionais qualificados continuará a prejudicar a produtividade, os investimentos e o crescimento da economia brasileira — e manterá milhares de vagas de emprego sem destino certo.

Com informações do InvestNews

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Andriely Medeiros de Araújo

Ensino superior em andamento. Escreve sobre Petróleo, Gás, Energia e temas relacionados para o CPG — Click Petróleo e Gás.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x