1. Início
  2. / Economia
  3. / Escassez de mão de obra: engenheiros não querem mais a profissão e IA vira alternativa
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Escassez de mão de obra: engenheiros não querem mais a profissão e IA vira alternativa

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 01/10/2025 às 13:58
Construção civil enfrenta falta de engenheiros e aposta em inteligência artificial e capacitação para reduzir custos e manter produtividade.
Construção civil enfrenta falta de engenheiros e aposta em inteligência artificial e capacitação para reduzir custos e manter produtividade.
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Estudo aponta falta crescente de profissionais na construção civil, avanço acelerado da inteligência artificial e mudança de prioridades na gestão, com impacto direto na produtividade e nos custos de obras.

A nova edição do “Termômetro Falconi da Construção Civil” indica que a escassez de profissionais qualificados e a pressão de custos mantêm o setor em compasso de espera.

Segundo o levantamento, seis em cada dez executivos classificam o mercado como morno, com baixa perspectiva de aceleração nos próximos meses.

Para atravessar o período, empresas intensificam o uso de tecnologia e apostam em qualificação de equipes, com inteligência artificial emergindo como alternativa prática diante das vagas não preenchidas.

Escassez de mão de obra pressiona o setor

Entre os obstáculos citados pelos entrevistados, a oferta de mão de obra qualificada ocupa o topo das menções, aparecendo em 71% das respostas.

Em seguida estão as taxas de juros elevadas (48%), o custo de materiais e serviços (37%) e a demanda de mercado (36%), que havia sido a principal dor no estudo anterior, de 2023.

A ausência de profissionais capacitados pressiona prazos e orçamentos, especialmente em funções técnicas e de engenharia.

É inegável que a dificuldade em atrair e reter mão de obra qualificada atrasa a transformação do setor”, afirma André Chaves, vice-presidente da unidade de Indústria de Base e Bens de Capital da Falconi.

Inteligência artificial ganha espaço nas construtoras

Mesmo com a travessia difícil, há um movimento concreto para aumentar a eficiência.

O uso de ferramentas de IA nas empresas mais que dobrou em dois anos: saiu de 15% em 2023 para 38% em 2025.

A adoção cresce como forma de automatizar rotinas, apoiar planejamento e reduzir retrabalho em meio ao déficit de profissionais.

Soluções tecnológicas de base já compõem o arsenal de parte das companhias.

Entre as mais citadas estão BIM, CRM e Lean Construction, difundidas para melhorar controle de custos, visibilidade de obra e produtividade.

Ainda que a digitalização avance, executivos ressaltam que a tecnologia precisa vir acompanhada de processos robustos e times treinados para entregar resultado.

Custos e qualificação no topo das prioridades

Na agenda de curto prazo, a maioria dos gestores pretende concentrar recursos em três frentes.

O item mais mencionado é a melhoria da gestão de custos da obra (74%).

Em seguida aparecem treinamento e (re)qualificação de mão de obra (57%) e fortalecimento de marca (43%).

Em 2023, o foco das empresas estava mais voltado a cumprimento de prazos, experiência do cliente e industrialização, o que reforça a guinada para dentro da operação em 2025.

A leitura é de execução.

Mais do que buscar a inovação pela inovação, temos que entender quais problemas são prioritários para serem resolvidos, definir as soluções mais adequadas (com e sem tecnologia), estabelecer padrões robustos de execução, criar rotinas de monitoramento e alinhar objetivos entre obra e matriz”, avalia Chaves.

Ele acrescenta um alerta operacional: sem preparo, a tecnologia tende a render menos do que pode.

Capacitação como chave da transformação digital

Lacunas de capacitação freiam a captura de valor das ferramentas digitais.

Como resume o executivo da Falconi, “Sem ações de capacitação, as empresas correm o risco de não conseguir implementá-las de forma efetiva”.

Em outras palavras, o retorno sobre investimento em IA, BIM ou métodos enxutos depende de gestores treinados, indicadores acompanhados e rotina disciplinada em campo.

Nesse contexto, cresce a ênfase em padronização de processos, rotinas de monitoramento e integração entre obra e matriz.

Empresas que alinham tecnologia a metas claras de produtividade, controle de custos e planejamento tendem a amortecer a falta de profissionais e a volatilidade de preços.

Expectativas de mudança para os próximos cinco anos

Além do diagnóstico imediato, o “Termômetro” mede a confiança em transformações de médio prazo.

Mais da metade dos respondentes considera provável que o setor passe por mudanças estruturais nos próximos cinco anos.

O otimismo com disrupção supera o registrado dois anos antes, indicando que, embora o presente seja de prudência, a visão de futuro inclui maior modernização e ganho de eficiência.

A percepção de que a construção conserva métodos tradicionais segue verdadeira.

Ainda assim, a combinação de pressão de custos, déficit de talentos e maturidade digital em evolução forma um vetor que pode acelerar a adoção de soluções analíticas, automação de rotinas e industrialização de etapas.

Detalhes da pesquisa

A edição de 2025 do “Termômetro Falconi da Construção Civil” reuniu 120 executivos de construtoras e incorporadoras de diferentes portes. Do total, 35% ocupam cargos de CEO, sócio/proprietário ou diretor.

A coleta ocorreu entre 02 e 30 de junho de 2025, com apoio do Ecossistema Sienge durante o Construsummit. O questionário mapeou percepção de cenário, prioridades de investimento e grau de adoção tecnológica nas empresas.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x