O Exército Brasileiro está em uma batalha para manter em segredo um bônus de R$ 49 milhões destinado a mais de 2.000 servidores civis. Mesmo sob pressão da CGU, a Força resiste em revelar detalhes.
Em um movimento que desperta suspeitas, o Exército Brasileiro parece estar em uma tentativa contínua de esconder informações sobre o pagamento de um bônus polpudo que ultrapassa a marca dos R$ 49 milhões.
Este bônus, que será distribuído a mais de 2.000 servidores civis, vem se tornando um verdadeiro enigma. O público já começa a questionar a real motivação da Força em manter esses dados longe dos olhos atentos da imprensa e dos cidadãos.
De acordo com dados obtidos pela Controladoria-Geral da União (CGU), o Exército destinou um valor expressivo para a bonificação de servidores, atingindo R$ 49,4 milhões em 2024.
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Essa informação, no entanto, só veio à tona após tentativas frustradas de ocultação pela própria instituição.
No ano anterior, a Força já havia tentado esconder os pagamentos, revelando os valores apenas após pressão e decisão da CGU.
A cifra divulgada inicialmente pela instituição, de cerca de R$ 4,8 milhões, gerou incertezas sobre o real valor destinado aos servidores e se os dados apresentados anteriormente eram completos.
Tentativas de ocultação persistentes
Em 2023, o Exército alegou ter pagado gratificações que totalizavam R$ 4,8 milhões. Entretanto, ao analisar os números fornecidos para 2024, o montante quase decuplicou, levantando questões sobre o que poderia ter mudado em tão pouco tempo.
O órgão militar, conforme revelou à CGU, indicou que as bonificações acompanham metas estratégicas em áreas como a “efetividade na gestão do bem público”, “fortalecimento da dimensão humana”, “aperfeiçoamento de ciência e tecnologia”, além de “contribuição para o desenvolvimento sustentável e paz social”.
Mesmo após repetidas solicitações baseadas na Lei de Acesso à Informação (LAI), o Exército tentou manter sigilo não apenas sobre os valores, mas também sobre a lista de servidores que receberiam a gratificação.
Segundo a Força, divulgar essa lista poderia expor “informações de caráter pessoal”. A CGU, no entanto, refutou esse argumento, afirmando que o pagamento de remunerações, como um bônus, deve ser público e transparente, exigindo que o Exército forneça os detalhes de quem foi beneficiado e como as metas foram analisadas.
Bônus vinculado ao desempenho
Em sua defesa, o Exército alegou que o cálculo da bonificação é baseado na performance global de cada servidor, utilizando uma métrica que avalia o desempenho individual, intermediário (no âmbito das organizações militares) e institucional.
Se o desempenho atingido for igual ou superior a 81%, o servidor tem direito ao valor integral da gratificação.
Essa estrutura de avaliação também foi utilizada para determinar os pagamentos do ano anterior, com base em um desempenho de 106,36% em 2023.
Em 2023, os bônus pagos variaram entre R$ 1.000 e R$ 5.600, alcançando 1.903 servidores civis.
Segundo a instituição, esses valores correspondem ao cumprimento de 90,42% da meta de desempenho estabelecida no ano anterior.
A Força explicou, de maneira genérica, que a meta de “contribuição ao desenvolvimento sustentável e à paz social” foi alcançada em 85,5% por meio da “cooperação com agências nacionais e participação em programas sociais”.
Gratificações em diversas modalidades
Uma das informações mais reveladoras de 2024 foi a existência de quatro modalidades diferentes de gratificações, incluindo a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (GDPGPE), que representou R$ 38,75 milhões do montante total.
Essa informação veio à tona após questionamentos feitos pela imprensa, que solicitou mais detalhes sobre a disparidade entre os valores divulgados em 2023 e 2024.
Exército sob pressão da CGU
A Controladoria exigiu que o Exército forneça uma lista detalhada dos beneficiados, os valores pagos e os critérios usados para avaliar as metas de desempenho.
O órgão militar terá até 21 de outubro para apresentar as informações exigidas. Caso contrário, o Exército poderá enfrentar novas pressões e questionamentos públicos.
Vale destacar que essa não é a primeira vez que a Força tenta manter sob sigilo informações importantes.
Em 2023, a CGU também teve que forçar o Exército a divulgar dados sobre a atuação dos militares no ataque de 8 de janeiro, quando se recusaram a informar quem deu a ordem para cercar o acampamento golpista em Brasília com tanques e tropas militares.
Diante dessa série de tentativas de ocultação e respostas evasivas, o que mais o Exército Brasileiro poderia estar escondendo? Será que outras informações importantes sobre gastos e operações também estão sendo mantidas em sigilo? A resposta virá com o tempo, ou talvez não.
O fato é que a pressão pela transparência continua a crescer. E você, o que acha dessa postura do Exército de tentar esconder os detalhes desses pagamentos? Será que novas revelações estão a caminho?