Escala 6 por 1: Reduzir a jornada de trabalho para 4 dias pode impactar a indústria em R$ 115 bilhões ao ano; setor de petróleo e gás terá aumento de custo de 19,3%
Nos últimos dias, um tema tem gerado debates calorosos no mundo do trabalho: a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe o fim da escala 6 por 1 e a implementação de uma jornada de trabalho 4×3. Essa mudança impactaria diretamente o trabalhador brasileiro, mas também a indústria, que já está calculando os possíveis custos e desafios dessa transição.
De acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), essa mudança pode custar impressionantes R$ 115,9 bilhões ao ano para o setor industrial. O motivo? A necessidade de contratar mais trabalhadores para manter a produtividade atual. Esse valor considera salários, encargos trabalhistas e a carga horária média dos empregados, com base em dados do IBGE.
A proposta sugere que a jornada de trabalho semanal seja reduzida de 44 para 36 horas, sem alterar o limite de oito horas diárias. Na prática, isso significaria quatro dias de trabalho e três dias de descanso. Parece um sonho para muitos trabalhadores, mas a conta é salgada para as empresas.
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A realidade dos custos
Para as indústrias, a mudança representaria um aumento médio de 15,1% nos gastos com pessoal. Setores como Extração de Petróleo e Gás Natural sofreriam ainda mais, com um impacto de até 19,3%. Esses números preocupam, especialmente em um contexto onde a produtividade industrial já está em queda.
Entre 2013 e 2023, a produtividade da indústria brasileira caiu 1,2%, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Enquanto isso, a demanda por trabalhadores qualificados segue como um dos maiores desafios do setor.
Uma pesquisa da CNI revelou que a falta ou o alto custo de mão de obra qualificada é um dos três principais entraves ao crescimento industrial no país. Isso levanta um ponto crucial: será que estamos prontos para adotar a jornada 4×3 sem enfrentar um colapso na produtividade?
O momento certo para a mudança da Escala 6 por 1?
A Firjan argumenta que o momento atual não é o ideal para uma mudança tão ampla. A federação destaca a necessidade de um ambiente de negócios mais favorável, com trabalhadores qualificados, carga tributária competitiva, infraestrutura adequada e simplificação da burocracia.
Além disso, a Firjan sugere que a discussão sobre redução de jornada de trabalho deve ocorrer por meio de acordos setoriais, utilizando as convenções coletivas como ferramenta de adaptação. Essa abordagem permitiria maior flexibilidade para atender às necessidades específicas de cada setor, sem sobrecarregar a economia.
O Impacto na vida dos trabalhadores
Do lado dos trabalhadores, a jornada 4×3 é atraente. Imagine ter três dias livres por semana! Isso poderia significar mais tempo para a família, hobbies e até mesmo para o desenvolvimento pessoal. Porém, é importante considerar como essa redução de horas afetaria salários e oportunidades de emprego.
Por exemplo, se as empresas não puderem arcar com os custos adicionais, isso poderia levar a cortes de vagas ou até mesmo ao aumento da informalidade. O que parece uma vitória para o trabalhador pode se transformar em um desafio ainda maior no mercado de trabalho.
A caminho do congresso
A PEC já reuniu assinaturas suficientes para começar a tramitar na Câmara dos Deputados. No entanto, seu avanço depende de consenso entre os líderes partidários e aprovação nas comissões e no Plenário.
É fundamental que o debate seja amplo e considere todos os lados. Mais do que reduzir jornadas, é necessário criar condições para que as empresas cresçam, invistam e gerem empregos de qualidade.
A discussão está apenas começando, e uma coisa é certa: o equilíbrio entre qualidade de vida do trabalhador e sustentabilidade econômica será o grande desafio nessa jornada.