Esqueça as minas em terra firme. O futuro da busca por diamantes está a 140 metros de profundidade, com uma tecnologia que parece ficção científica. Conheça a engenharia por trás da caçadora de gemas mais avançada do mundo.
Quando pensamos em mineração de diamantes, a imagem que vem à mente é a de minas profundas na África ou na Rússia. Mas as jazidas em terra estão se esgotando. Por isso, a gigante da mineração De Beers investiu mais de 157 milhões de dólares em uma nova fronteira: o leito do Oceano Atlântico, na costa da Namíbia. E para essa caça ao tesouro, eles construíram uma ferramenta sem igual: o navio de exploração e amostragem SS Nujoma.
Este não é um navio comum. É uma plataforma flutuante de alta tecnologia, projetada para uma única missão: operar um robô colossal que vasculha o fundo do mar em busca de depósitos de diamantes. Vamos fazer um raio-x nesta impressionante operação de mineração de diamantes no fundo do mar.
Como o robô sabe onde estão os diamantes?
Os diamantes minerados no mar foram, há milhões de anos, levados dos continentes para o oceano por rios. A correnteza os depositou em áreas específicas do leito marinho, onde hoje estão sob camadas de cascalho e sedimento. O trabalho do SS Nujoma é encontrar esses bolsões.
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O processo começa com um mapeamento do fundo do mar usando sonares e veículos autônomos submarinos (AUVs) para identificar áreas promissoras. É aí que o robô entra em ação. Ele não detecta os diamantes diretamente, mas sim o cascalho onde eles costumam se concentrar. Equipado com perfuratrizes e tecnologia geofísica, o robô coleta amostras do solo marinho para análise. Se as amostras indicarem uma alta concentração de diamantes, a área é marcada para a mineração em larga escala por outros navios da frota.
A engenharia do ‘monstro’: o robô de 285 toneladas
A peça central da operação é o robô de mineração submarina. Com 285 toneladas e o tamanho de uma casa de dois andares, este veículo de esteiras é lançado do navio e desce até o fundo do oceano. Ele foi projetado para suportar a imensa pressão da água, operando a profundidades que variam de 90 a 140 metros.
Seu funcionamento é uma maravilha da engenharia:
Posicionamento: o SS Nujoma usa um sistema de posicionamento dinâmico com propulsores para se manter perfeitamente parado sobre o ponto de mineração, mesmo com ondas e correntes fortes.
Rastejamento: o robô se move lentamente sobre o leito do mar com suas esteiras, usando um gigantesco braço mecânico para “arar” a camada de cascalho.
Tecnologia de Vácuo: a principal ferramenta é um poderoso sistema de sucção, essencialmente um aspirador de pó colossal. Ele suga toneladas de cascalho, areia e, claro, os diamantes, através de um tubo flexível de grande diâmetro que o conecta ao navio.
É rentável minerar no mar?
A resposta é um sonoro sim. Embora a operação seja extremamente cara, a qualidade e a quantidade dos diamantes encontrados no fundo do mar são excepcionais. Como nunca sofreram a fragmentação da mineração terrestre com explosivos, os diamantes marinhos são, em média, de maior qualidade e valor. A De Beers estima que as reservas submarinas na costa da Namíbia sejam de cerca de 80 milhões de quilates, garantindo décadas de operação. O SS Nujoma sozinho é capaz de coletar amostras que levam à extração de até 1,2 milhão de quilates por ano.
Qual o impacto para a vida marinha?
Esta é a questão mais crítica da mineração submarina. A De Beers afirma que o processo é cuidadosamente gerenciado. O material que é sugado para o navio passa por uma planta de processamento a bordo que separa os diamantes. Cerca de 98% do material (areia e cascalho) é devolvido diretamente ao fundo do mar para minimizar a perturbação.
No entanto, organizações ambientais alertam para os riscos, como a destruição de habitats de organismos que vivem no leito marinho e a “pluma de sedimento” – a nuvem de partículas que pode sufocar a vida marinha ao redor da área de mineração. O monitoramento contínuo e a regulamentação rigorosa são vistos como essenciais para garantir que a caça aos diamantes não cause um dano irreparável ao ecossistema oceânico.
A mineração submarina é o futuro da busca por recursos ou um risco ambiental grande demais? Qual sua opinião sobre essa incrível e controversa tecnologia?