Pesquisa da Forbes com 40 bilionários mostra que o jato particular é considerado o item mais essencial de luxo, superando iates, carros, mansões e até obras de arte, por garantir liberdade e tempo
Bilionários vivem cercados por extravagâncias. De obras de arte de Picasso a iates com cinemas, spas e até submarinos, passando por viagens espaciais e concertos exclusivos, o universo das fortunas trilionárias é definido pelo excesso. No entanto, mesmo com acesso a praticamente tudo, há um luxo que eles consideram realmente indispensável: o jato particular.
O luxo essencial para os super-ricos
A constatação vem de uma pesquisa realizada pela Forbes, que entrevistou 40 bilionários do mundo todo para descobrir qual item de luxo é essencial em suas vidas. A resposta mais recorrente, citada por 12 deles, foi o jato particular.
Depois dos aviões, vieram telefones, carros de luxo, segundas residências e até o ar-condicionado. Dois entrevistados, com senso de humor, mencionaram as esposas como seu maior luxo.
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Charles Koch, presidente da Koch Inc. e dono de uma fortuna de US$ 67,5 bilhões, escreveu: “Liz por 57 anos!”. Já Stephen Smith, fundador da First National Financial, do Canadá, destacou sua paixão pelo heli-ski.
Outros apontaram algo mais intangível: “privacidade”. Essa resposta resume bem o que move muitos bilionários a comprar um jato particular — a liberdade de ir e vir sem interrupções ou olhares curiosos.
Tempo, o recurso mais valioso
Viajar em um avião particular é, antes de tudo, uma forma de economizar tempo. Voos comerciais exigem deslocamentos demorados até os aeroportos, longas filas de segurança e possíveis atrasos. Um jato, por outro lado, pode estar pronto em minutos.
Além disso, oferece flexibilidade. O Texas, por exemplo, tem 389 aeroportos públicos, mas apenas 25 deles são comerciais.
Isso significa que executivos podem pousar muito mais perto de seus destinos, poupando horas preciosas de viagem.
O bilionário David Hoffmann, que investe em setores como transporte de luxo e imóveis, confirma: “Temos um grande número de locais, e seria impossível chegar a todos sem um avião particular.”
Sediado na Flórida, Hoffmann administra negócios espalhados por cidades como San Diego, Minneapolis e Seattle.
Conexões que não existem
Para alguns, a necessidade de ter um jato vem de dificuldades logísticas. O empresário albanês Samir Mane, primeiro bilionário de seu país, explica que o transporte aéreo na região é limitado. “Comprei um jato porque não temos boas conexões para muitos dos países onde operamos”, diz.
Segundo ele, uma viagem de Tirana a Sarajevo leva apenas 20 minutos em seu jato, mas poderia consumir um dia inteiro em voos comerciais. “Se eu estivesse em Londres, Frankfurt ou Viena, não precisaria de um jato”, afirma.
Hugh Chatham, vice-presidente da corretora de aeronaves CFS Jets, resume o raciocínio: “Muitas dessas empresas teriam dificuldades para operar se seus executivos não pudessem participar de reuniões em todo o país no mesmo dia.”
Ou, como disse o investidor Larry Connor: “Não é um luxo, é uma ferramenta de negócios.”
O preço de voar em liberdade
Os jatos particulares também aparecem como os bens mais caros de muitos bilionários. Quatro entrevistados os citaram como suas compras mais caras.
Apesar de se desvalorizarem de 5% a 10% ao ano, o valor dos usados dobrou durante a pandemia e se mantém alto.
Atualmente, um jato usado simples pode custar cerca de US$ 1 milhão, enquanto modelos de luxo, como o Global 7500 da Bombardier, chegam a US$ 75 milhões. Versões novas podem ultrapassar US$ 80 milhões.
O Global 7500 oferece quatro zonas de cabine separadas para trabalho, refeições, descanso e lazer. Os irmãos Lorenzo e Frank Fertitta possuem um modelo desses, adquirido em 2020, avaliado em cerca de US$ 55 milhões cada.
Outros bilionários vão além e compram aviões comerciais modificados. Roman Abramovich adquiriu um Boeing 787-8 Dreamliner em 2018 por cerca de US$ 350 milhões, e Alisher Usmanov comprou um Airbus A340-300 avaliado entre US$ 350 e US$ 500 milhões.
Luxo ou necessidade?
Nem todos os jatos representam puro glamour. “Há um certo estigma em relação a possuir um avião particular”, diz Chatham.
“Muitas vezes, não é tão luxuoso quanto parece. Esses executivos viajam apertados por duas ou três horas apenas para economizar tempo e dinheiro.”
Mas o luxo tem um preço oculto: a perda de privacidade. Aplicativos como o FlightAware permitem rastrear qualquer voo, e muitos bilionários consideram isso uma invasão.
Para se proteger, alguns recorrem a empresas intermediárias e registram as aeronaves em nome de várias subsidiárias.
Novos modelos de uso compartilhado
Nem todos optam pela posse integral. A propriedade fracionada — quando o comprador adquire apenas uma parte do avião — se tornou uma alternativa popular. Nesse modelo, o dono tem direito a um número específico de horas de voo por ano.
Hoffmann afirma usar tanto aviões próprios quanto fracionados: “Nossa demanda por voos é muito alta.” Já outros bilionários preferem modelos de assinatura, pagando mensal ou anualmente para acessar frotas inteiras.
Samir Mane, por exemplo, vendeu recentemente seu Citation XLS+ usado, comprado por US$ 10,8 milhões e revendido por US$ 11,8 milhões. Mesmo assim, não abriu mão do conforto: “Agora, uso o Vista e a NetJets.”
Para os bilionários, o jato particular não é apenas um símbolo de status. É o meio pelo qual controlam o único recurso que o dinheiro não pode comprar: o tempo.
Com informações de Forbes.