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Mistério do “ouro bovino”: entenda por que pedras da vesícula de bois valem até R$ 300 mil o quilo e são disputadas no mercado asiático

Escrito por Felipe Alves da Silva
Publicado em 30/10/2025 às 14:15
Pedra biliar bovina valorizada, conhecida como ouro bovino, sobre fundo rústico, representando o alto valor do produto no mercado internacional.
Pedra da vesícula de boi, conhecida como “ouro bovino”, pode valer até R$ 300 mil o quilo no mercado asiático.
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Riqueza escondida no pasto: saiba como um resíduo fisiológico raro virou item de luxo no mercado asiático e movimenta fortunas com exportações clandestinas

O chamado “ouro bovino” tem despertado curiosidade e interesse no Brasil e no exterior. Trata-se do cálculo biliar de bois, uma substância rara formada dentro da vesícula biliar desses animais e que, surpreendentemente, pode atingir valores de até R$ 300 mil por quilo. O nome chamativo se justifica pelo alto valor de mercado e pela escassez do produto, tornando-o uma verdadeira preciosidade no comércio internacional.

De acordo com o médico-veterinário Walter de Oliveira Graça Júnior, técnico agropecuário na região de Itapetininga (SP), essas pedras são compostas por colesterol, bilirrubina e sais minerais que se acumulam no organismo ao longo de muitos anos. “É um resíduo fisiológico que só aparece com o tempo. Animais mais velhos, criados de forma extensiva, têm mais chance de apresentar esses cálculos”, explica o especialista.

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Por que é tão raro encontrar o “ouro bovino”

A raridade do cálculo biliar está diretamente ligada ao modelo produtivo da pecuária brasileira. Por causa da alta demanda por carne, o país tem adotado o abate precoce, sacrificando animais jovens com poucos anos de vida produtiva. Isso reduz drasticamente as chances de formação de cálculos biliares, que exigem tempo e condições específicas de saúde do animal.

“Para atender ao mercado, os bois são abatidos cada vez mais cedo. Isso impede que o cálculo biliar se forme”, explica Walter. Ele acrescenta que apenas duas em cada 100 vacas podem desenvolver a pedra, geralmente pequenas, com entre um e cinco centímetros de diâmetro.

Esse fator de escassez faz com que o produto seja altamente valorizado. No mercado asiático, onde há demanda constante, o quilo pode variar entre R$ 100 mil e R$ 300 mil, conforme a pureza e a coloração do material. O Brasil, segundo o especialista, produz cerca de 2 mil quilos por ano, resultado do abate de aproximadamente 2 mil bois para cada quilo obtido — um dado que mostra o quanto o “ouro bovino” é raro e caro.

A informação foi divulgada pelo G1, que também destacou casos de apreensões policiais, como a registrada em Iaras (SP), onde foram encontrados mais de 1,1 quilo de fel bovino, avaliado em R$ 800 mil.

Polícia apreende mais de R$ 800 mil em “ouro bovino” com cidadão chinês durante fiscalização na Rodovia Castelo Branco, em Iaras (SP); material seria exportado ilegalmente para o mercado asiático. Imagem: Reprodução/Polícia Civil

Para que serve a pedra da vesícula do boi

O cálculo biliar bovino tem uso tradicional na medicina chinesa há mais de 2 mil anos. O produto é utilizado na fabricação de remédios naturais para transtornos neurológicos, convulsões e febres, além de ser empregado como amuleto espiritual em algumas culturas. Na Ásia, ele é considerado um ingrediente de alto valor energético e medicinal, o que mantém o comércio aquecido.

No entanto, no Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não reconhece propriedades terapêuticas nessas substâncias. Assim, não há regulamentação oficial que permita o uso medicinal do material em território nacional. Apesar disso, a demanda internacional mantém o mercado paralelo ativo, com exportações muitas vezes clandestinas.

Um comércio valioso e quase invisível

Embora a comercialização não seja formalmente proibida, ela ocorre quase sempre fora dos canais oficiais, sem fiscalização sanitária e sem recolhimento de impostos. Muitas vezes, as pedras são retiradas de frigoríficos de forma ilegal, escondidas em mochilas ou exportadas por intermediários ligados ao contrabando internacional.

“Não é proibido vender, mas é um mercado informal”, detalha Walter. “Há pessoas que extraem o material em abatedouros e vendem sem controle, inclusive para fora do país.”

Esse mercado paralelo se tornou tão lucrativo que já atraiu a atenção das autoridades policiais. Em uma das apreensões mais recentes, a Polícia Rodoviária encontrou uma mochila com 1,181 quilo de fel bovino, avaliado em mais de R$ 800 mil, reforçando o quanto o “ouro bovino” é cobiçado.

Entre o mito e o lucro: o fascínio que mantém vivo o mercado do ‘ouro bovino

O “ouro bovino” é uma das curiosidades mais valiosas e controversas do agronegócio brasileiro. Enquanto para muitos trata-se apenas de um resíduo fisiológico, para outros representa um tesouro biológico de alto valor cultural e econômico. Entre a tradição milenar da medicina oriental e o mercado clandestino moderno, as pedras da vesícula do boi continuam despertando fascínio — e fortunas — ao redor do mundo.

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Felipe Alves da Silva

Sou Felipe Alves, com experiência na produção de conteúdo sobre segurança nacional, geopolítica, tecnologia e temas estratégicos que impactam diretamente o cenário contemporâneo. Ao longo da minha trajetória, busco oferecer análises claras, confiáveis e atualizadas, voltadas a especialistas, entusiastas e profissionais da área de segurança e geopolítica. Meu compromisso é contribuir para uma compreensão acessível e qualificada dos desafios e transformações no campo estratégico global. Sugestões de pauta, dúvidas ou contato institucional: fa06279@gmail.com

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