Enquanto em muitos países o trânsito é regulado por sinalizações, radares fiscalização rigorosa, há regiões do mundo onde essas leis de trânsito simplesmente não funcionam. Motoristas trafegam como querem, colocando em risco a vida de todos
Em quase todos os lugares do mundo, leis de trânsito existem com o objetivo de organizar a circulação de veículos, proteger pedestres e reduzir acidentes.
Mas em muitos países afetados por conflitos armados, crises econômicas ou colapsos institucionais, essas regras simplesmente não funcionam na prática.
O rresultado é um cotidiano caótico, onde motoristas dirigem por instinto, sem respeitar sinais, regras ou limites.
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Apesar de existirem códigos de trânsito escritos, a ausência de fiscalização e estrutura transforma essas leis em meras sugestões, ignoradas pela população. Vja alguns dos países onde as leis de trânsito existem, mas não têm valor real nas ruas.
Somália
A Somália é um dos exemplos mais extremos de ausência de controle viário. Desde o início da guerra civil nos anos 1990, o Estado praticamente deixou de existir em diversas regiões do país.
Serviços básicos como emissão de carteiras de habilitação, registro de veículos e fiscalização de trânsito foram abandonados. Em Mogadíscio, capital somali, é comum ver veículos sem placas, motoristas sem qualquer documento e cruzamentos sem sinalização.
A infraestrutura urbana foi destruída, e não há qualquer padronização no comportamento dos motoristas. A direção se baseia na experiência e na sorte.
Iémen
Outro exemplo grave é o Iémen, mergulhado em guerra civil desde 2015. Com o território dividido entre grupos rivais, não existe um sistema de trânsito centralizado.
Muitas estradas estão danificadas por ataques e os semáforos, quando existem, não funcionam. A circulação ocorre no improviso, com veículos desviando de crateras, escombros e zonas militares.
A escassez de estatísticas oficiais impede saber o número exato de acidentes, mas relatos de ONGs apontam para altos índices de mortes no trânsito.
República Centro-Africana
Na República Centro-Africana, uma das nações mais pobres do planeta, a situação é parecida. O país possui leis de trânsito formalmente definidas, mas elas só são parcialmente aplicadas em Bangui, a capital.
Fora da cidade, em áreas controladas por milícias ou grupos armados, não há qualquer presença do Estado. Caminhões com carga além do limite, motociclistas sem capacete e ultrapassagens em locais proibidos são comuns.
A falta de fiscalização torna o trânsito imprevisível e extremamente perigoso.
Haiti
Mesmo em países sem guerra, mas com colapsos institucionais, a situação também é crítica. O Haiti vive há anos sob uma crise política e econômica profunda.
Em Porto Príncipe, o trânsito é caótico. Veículos disputam espaço em ruas estreitas, motoristas dirigem na contramão e semáforos são ignorados. A polícia de trânsito, embora exista, não tem capacidade de fiscalização em larga escala.
A ausência de placas, faixas e sinais agrava a situação. Em muitos bairros, simplesmente não há qualquer tipo de sinalização.
Afeganistão
Depois da retomada do poder pelo Talibã em 2021, o Afeganistão voltou a um cenário de controle frágil por parte do Estado.
Em Cabul, ainda existe alguma fiscalização, mas fora das grandes cidades, especialmente em áreas rurais controladas por grupos armados, não há regras de trânsito.
Motociclistas circulam sem capacete, carros trafegam em alta velocidade por estradas sem pavimentação e os acidentes são frequentes, apesar da escassez de registros oficiais.
Líbia
Desde a queda do ditador Muammar Gaddafi em 2011, a Líbia mergulhou num cenário de fragmentação institucional.
Com várias regiões sob controle de milícias, não há padronização das leis de trânsito. As forças de segurança variam de cidade para cidade, e em muitas localidades elas simplesmente não existem.
O resultado é um trânsito desorganizado, com motoristas sem habilitação, veículos sem registro e falta de sinalização básica nas ruas.
Sudão do Sul
O Sudão do Sul, país mais jovem do mundo, enfrenta conflitos internos desde sua independência em 2011.
Sem infraestrutura adequada e com instituições frágeis, as leis de trânsito raramente são aplicadas. Nas cidades, é comum ver motoristas ignorando sinais, ônibus circulando superlotados e acidentes envolvendo pedestres.
Nas áreas rurais, o problema é ainda mais grave. Muitas estradas são de terra, e a combinação de má conservação, direção imprudente e falta de policiamento forma um cenário letal.
República Democrática do Congo
Outro país marcado por décadas de instabilidade é a República Democrática do Congo.
Apesar de possuir um código de trânsito, ele é amplamente desrespeitado. As ruas da capital, Kinshasa, são marcadas por congestionamentos constantes, buzinas em excesso e ausência de sinalização funcional.
A corrupção policial também é um problema. Motoristas relatam que é comum pagar propinas em vez de cumprir exigências legais, o que mina completamente a ideia de fiscalização eficaz.
Venezuela
Na Venezuela, a crise econômica severa também afetou o trânsito. A escassez de recursos levou ao colapso parcial das instituições de controle viário.
Faltam peças para manutenção de semáforos, sinalizações e até veículos policiais. A polícia de trânsito perdeu força, e os motoristas circulam com pouca ou nenhuma supervisão.
Além disso, muitos condutores dirigem sem carteira válida, e há uma grande quantidade de carros deteriorados, o que eleva o risco de acidentes.
Nigéria
A Nigéria é um país de contrastes. Enquanto as cidades mais desenvolvidas como Abuja e Lagos tentam manter alguma ordem, nas regiões norte e central, marcadas por conflitos com o grupo Boko Haram e outros problemas de segurança, o trânsito é caótico.
Em áreas sem presença estatal efetiva, não há regras. Veículos lotados, excesso de velocidade, ultrapassagens perigosas e falta de capacetes são comuns.
Risco constcante e prejuízos sociais das leis de trânsito
A ausência de controle sobre o trânsito vai além da desorganização urbana. Ela impacta diretamente a segurança e a vida das pessoas.
Sem leis funcionais, o número de atropelamentos, colisões e mortes cresce. Crianças enfrentam perigo ao atravessar ruas, ambulâncias não conseguem transitar e o transporte de mercadorias se torna ineficiente, afetando a economia local.
Esses países mostram que, mesmo com leis escritas, é a presença do Estado e a capacidade de fiscalização que garantem a segurança no trânsito.
Onde isso falha, dirigir vira uma atividade de risco — e sobreviver ao trajeto diário se transforma num desafio de sorte.