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Engenharia chinesa faz o impossível: 432 robôs deslocam edifícios de 100 anos em Xangai para erguer um complexo subterrâneo de 53 mil m²

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 06/11/2025 às 23:17
Engenharia chinesa move edifícios centenários com 432 robôs em Xangai para abrir complexo subterrâneo e explica técnicas, riscos e ganhos urbanos em uma obra de referência
Engenharia chinesa move edifícios centenários com 432 robôs em Xangai para abrir complexo subterrâneo e explica técnicas, riscos e ganhos urbanos em uma obra de referência
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A engenharia chinesa removeu um quarteirão histórico inteiro do caminho, manteve as fachadas intactas e liberou a área exata para um hub subterrâneo de 53 mil m² com integração metroviária e áreas de serviços, combinando modelagem digital, inteligência artificial, macacos hidráulicos e 432 robôs caminhantes para deslocar cerca de 7,5 mil toneladas de estruturas com mais de 100 anos

A engenharia chinesa executou em maio de 2025 uma operação de deslocamento estrutural que parecia inviável: um conjunto de edifícios do estilo shikumen, centenários, foi erguido e transladado cerca de 62 metros para permitir a construção de um complexo subterrâneo multinível. O movimento preservou o patrimônio e manteve cronograma e traçado de um grande projeto de mobilidade em Xangai.

Em 19 dias, equipes integraram BIM, digitalização a laser em nuvem de pontos, análise geotécnica assistida por IA e plataformas robóticas sincronizadas. O resultado foi um corredor livre para escavações profundas sem demolir o conjunto histórico. A operação tornou-se um novo marco da engenharia chinesa e reforçou a viabilidade de soluções que conciliam modernização urbana e preservação arquitetônica.

O problema urbano e a decisão técnica

Engenharia chinesa faz o impossível: 432 robôs deslocam edifícios de 100 anos em Xangai para erguer um complexo subterrâneo de 53 mil m²

O projeto exigia um subsolo de três níveis com circulação de pessoas e veículos, além de interfaces com linhas de metrô existentes.

O traçado ideal passava exatamente sob o quarteirão histórico, o que impunha um dilema clássico de planejamento em áreas densas.

Demolir seria rápido, mas destruiria valor cultural e urbano. Redesenhar o hub implicaria perdas técnicas e operacionais.

A alternativa definida foi o deslocamento integral e temporário do conjunto.

O plano previa retirar os edifícios do raio das escavações, executar a obra subterrânea e reposicioná-los no local original.

A engenharia chinesa optou por uma solução de precisão, com etapas controladas e redundâncias para reduzir risco estrutural.

Modelagem digital e diagnóstico do terreno

Engenharia chinesa faz o impossível: 432 robôs deslocam edifícios de 100 anos em Xangai para erguer um complexo subterrâneo de 53 mil m²

A primeira fase criou um gêmeo digital do quarteirão.

A equipe realizou varreduras a laser e integrou dados em um modelo BIM de alta resolução, capturando geometrias, estados de conservação, juntas e interfaces das fundações. O modelo serviu para planejar apoios temporários, rotas e interferências.

Paralelamente, robôs compactos de sondagem percorreram corredores estreitos coletando amostras e classificando materiais com auxílio de algoritmos de aprendizado.

O objetivo era mapear com antecedência camadas de argila, solo solto, conduítes e obstáculos, reduzindo incertezas durante a escavação dos nichos sob as fundações.

Como os edifícios foram erguidos e colocados sobre robôs

Após a preparação, macacos hidráulicos sincronizados elevaram as fundações alguns centímetros, o suficiente para instalar o sistema modular de transporte.

O conjunto estrutural recebeu uma malha de apoios que redistribuiu cargas, preservando o comportamento global enquanto novos esforços eram aplicados.

Com o vão técnico garantido, 432 robôs caminhantes foram posicionados sob a base.

O arranjo foi projetado para trabalhar em cadência lenta e contínua, com sensores de posição e deformação alimentando o controle central.

O objetivo era eliminar acelerações bruscas e assimetrias de carga que pudessem produzir trincas em alvenarias antigas.

A logística do deslocamento e o controle milimétrico

O deslocamento avançou em média 10 metros por dia, com paradas programadas para inspeções visuais, leituras de prumo e monitoramento de flechas e fissuras.

O time central validava cada microetapa antes de autorizar o próximo ciclo dos robôs.

As rotas incluíam pequenos ajustes para contornar interferências e manter o envelope de segurança.

A translação envolveu movimentos laterais e longitudinais para liberar completamente a faixa de obra.

O reposicionamento final repetiu o protocolo em sentido inverso, com rebaixamento gradual, recomposição de apoios e checagens finais de alinhamento e nível.

Cronograma, riscos e mitigação

O cronograma consolidou 19 dias para a translação, janela escolhida para casar com marcos críticos de escavação e contenção no subsolo.

Os principais riscos modelados foram recalques diferenciais, perda de estabilidade local de paredes e vibrações transmitidas aos painéis de alvenaria e estruturas de madeira.

As mitigantes incluíram telemetria em tempo real, contingências de parada segura, redundância de pontos de apoio e limites conservadores de velocidade e aceleração.

A equipe também manteve kits de pronta resposta para injeções localizadas e travamentos emergenciais, que não precisaram ser acionados de forma significativa.

Por que preservar faz sentido técnico e econômico

Além do valor cultural, reaproveitar estruturas históricas integra cidade e memória e pode reduzir emissões associadas à demolição e reconstrução.

Em empreendimentos de alta densidade, preservar fachadas e volumetrias relevantes melhora a aceitação social, encurta licenciamentos e valoriza o entorno.

No caso de Xangai, a engenharia chinesa demonstrou que soluções de alto conteúdo tecnológico podem ser competitivas quando comparadas a ciclos completos de demolição, projeto e obra nova com acabamento histórico.

O benefício adicional é manter a autenticidade, algo que a reconstrução raramente reproduz.

O legado técnico e a padronização possível

A operação consolida um repertório replicável: gêmeo digital detalhado, sondagem robotizada, elevação sincronizada e transporte modular.

Com protocolos claros de instrumentação e limites operacionais, projetos semelhantes podem entrar em fase de padronização e ganhar escala em centros históricos.

Casos anteriores em menor escala já indicavam a direção, mas a coordenação de 432 robôs sob um quarteirão inteiro cria um patamar de referência.

A engenharia chinesa adiciona ao estado da arte uma trilha de execução que combina planejamento urbano e engenharia de precisão.

O que esta solução sinaliza para outras cidades

Metrópoles com estoques históricos relevantes e metas de infraestrutura subterrânea podem considerar o deslocamento temporário como alternativa estratégica.

A chave é integrar planejamento, patrimônio, geotecnia e automação desde os estudos iniciais, reduzindo retrabalhos e incertezas durante a obra.

Para ganhar tração, esses programas exigem contratos de desempenho, critérios objetivos de risco aceitável e equipes integradas.

A experiência de Xangai indica que o diálogo entre preservação e modernização pode ser técnico, mensurável e escalável.

A engenharia chinesa transformou um impasse urbano em um caso de escola.

Mover um quarteirão centenário sem demolir e abrir espaço para um hub subterrâneo trilha um caminho novo para cidades densas que não podem se dar ao luxo de escolher entre memória e futuro.

A síntese está no método, na medição e no controle.

Você acha que a sua cidade adotaria uma solução como esta para preservar edifícios históricos e, ao mesmo tempo, expandir a infraestrutura subterrânea?

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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