Estudo internacional aponta que a energia solar se tornou a fonte mais barata em várias regiões, reduzindo custos e impulsionando a transição energética em países como Brasil, China e Índia
Segundo matéria publicada pelo Olhar Digital nesta terça-feira (7), um estudo da Universidade de Surrey, no Reino Unido, publicado na revista Energy and Environment Materials, revelou que a energia solar se tornou mais barata que o carvão e gás em diversas partes do mundo.
Essa descoberta representa um divisor de águas na transição energética global, com impactos diretos em países estratégicos como Brasil, China e Índia, que lideram investimentos em fontes renováveis. A energia solar deixou de ser uma promessa futurista e se tornou a opção mais econômica e sustentável da atualidade.
Energia solar: a fonte mais barata e limpa do planeta
Segundo o estudo, em regiões com alta incidência solar, o custo da geração fotovoltaica caiu para apenas £0,02 por unidade de energia — cerca de R$ 0,14.
Essa queda foi impulsionada principalmente pela redução de 89% no preço das baterias de íon-lítio desde 2010, tornando os sistemas híbridos (painéis solares + armazenamento) altamente competitivos.
Além disso, a capacidade instalada global de energia solar ultrapassou 1,5 terawatts em 2024, o dobro do registrado em 2020. Esse volume é suficiente para abastecer centenas de milhões de residências em todo o mundo. A energia solar lidera a corrida por uma matriz energética limpa, resiliente e de baixo carbono.
Comparativo: energia solar e carvão e gás
Historicamente, o carvão e gás dominaram a geração elétrica por sua disponibilidade e infraestrutura consolidada. No entanto, o avanço tecnológico e os incentivos à energia limpa mudaram esse cenário. Hoje, a energia solar não apenas supera o carvão e gás em custo, como também oferece vantagens ambientais e operacionais:
- Zero emissão de carbono durante a geração;
- Menor impacto ambiental na instalação e operação;
- Capacidade de armazenamento para uso sob demanda;
- Redução da dependência de combustíveis fósseis.
Transição energética em países estratégicos: Brasil, China e Índia
A transição energética está em curso em diversas nações, mas Brasil, China e Índia se destacam por suas políticas públicas, investimentos e condições climáticas favoráveis.
Brasil: crescimento acelerado da energia solar
O Brasil já conta com mais de 2,3 milhões de instalações fotovoltaicas, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Em 2024, a energia solar foi responsável por 39,51% do crescimento da potência energética nacional, tornando-se a terceira maior fonte de geração, atrás apenas da hídrica e eólica.
Investimentos superiores a R$ 39 bilhões estão barateando os sistemas solares, inclusive para uso doméstico, e gerando mais de 280 mil empregos no setor. O país também tem se destacado em projetos de usinas solares de grande porte no Nordeste, especialmente no Maranhão, Piauí e Bahia.
China: liderança global em energia solar
A China lidera o mundo em capacidade instalada de energia solar, com políticas agressivas de incentivo à produção local de painéis e baterias. O país enfrenta desafios como congestionamento da rede elétrica, mas está investindo em redes inteligentes e inteligência artificial para otimizar a distribuição.
Em 2024, a China ultrapassou a marca de 500 GW de capacidade solar instalada, representando mais de 30% da produção mundial. Além disso, o país é responsável por mais de 70% da fabricação global de painéis solares, o que reduz custos e acelera a adoção em outros mercados.
Índia: democratização da energia solar
A Índia tem ampliado sua capacidade solar com apoio de programas como o National Solar Mission e incentivos fiscais. O país aposta em sistemas híbridos para garantir estabilidade na oferta elétrica, especialmente em áreas rurais e remotas.
Em 2024, a Índia atingiu 100 GW de capacidade instalada, com projeções de dobrar esse número até 2030. A energia solar tem sido usada para alimentar escolas, hospitais e sistemas de irrigação, promovendo inclusão energética e desenvolvimento social.
Inovação e desafios na integração da energia solar
Apesar dos avanços, o estudo da Universidade de Surrey alerta para desafios na integração da energia solar às redes elétricas existentes. Em locais como Califórnia e China, a alta geração solar já causou desperdício de energia por falta de infraestrutura adequada.
Soluções propostas incluem:
- Redes inteligentes com previsão de demanda;
- Conexões regionais robustas;
- Políticas públicas consistentes e de longo prazo;
- Inovação em materiais, como células de perovskita, que aumentam a eficiência em até 30%.
Além disso, o armazenamento de energia continua sendo um ponto crítico. Embora as baterias de íon-lítio tenham se tornado mais acessíveis, ainda há necessidade de tecnologias mais duráveis e sustentáveis, como baterias de estado sólido e sistemas de hidrogênio verde. A energia solar exige inovação contínua e apoio político para atingir seu potencial máximo.
Impacto econômico e ambiental da energia solar
A adoção em larga escala da energia solar traz benefícios que vão além da economia:
- Redução das emissões de gases de efeito estufa;
- Diversificação da matriz energética nacional;
- Estímulo à indústria local de tecnologia limpa;
- Geração de empregos qualificados;
- Fortalecimento da segurança energética.
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), a transição para fontes renováveis pode gerar mais de 30 milhões de empregos até 2030, com destaque para o setor solar. Além disso, estima-se que a substituição do carvão e gás por energia solar pode evitar a emissão de mais de 20 gigatoneladas de CO₂ até 2050.
O novo paradigma energético global
O estudo publicado confirma que a energia solar já é mais barata que o carvão e gás, marcando um ponto de virada na história da energia mundial. Com países como Brasil, China e Índia liderando a transição energética, o mundo caminha para uma matriz mais limpa, acessível e resiliente.
Mais do que uma tendência, a energia solar representa um novo paradigma energético, onde sustentabilidade, inovação e economia caminham juntas. A queda histórica nos custos, aliada ao avanço tecnológico e ao engajamento político, torna a energia solar a principal aposta para enfrentar os desafios climáticos e garantir um futuro energético seguro.