Primeira usina agro-solar do Sudeste, fruto de parceria entre GNA, SUNfarming, Uenf e Seenemar, alia geração de energia solar e produção agrícola sustentável, com investimento de R$ 15 milhões e foco em capacitação e segurança alimentar no Norte Fluminense.
A transição energética no Brasil acaba de ganhar um marco histórico. Foi anunciada, nesta quarta, 08, a primeira usina agro-solar da Região Sudeste, um empreendimento inovador que combina energia solar e produção agrícola em uma mesma área, garantindo sustentabilidade, eficiência e inclusão social.
O projeto foi oficializado durante a feira Rio+Agro, realizada no Riocentro, no Rio de Janeiro. A assinatura contou com representantes da GNA (Gás Natural Açu), da empresa alemã SUNfarming, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e da Secretaria de Estado de Energia e Economia do Mar (Seenemar), que também atua na coordenação técnica e regulatória do projeto.
Com investimento de R$ 15 milhões, a usina será instalada na Escola Técnica Agrícola Antônio Sarlo, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. O empreendimento permitirá o uso simultâneo do solo para geração solar e cultivo agrícola, um modelo que garante segurança alimentar, geração de renda e formação profissional.
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Projeto alia tecnologia solar, sustentabilidade e capacitação profissional
A usina terá capacidade para gerar até 1,5 megawatt (MW) de energia solar, suficiente para abastecer toda a unidade de ensino e ainda contribuir com a matriz energética regional. Além da autossuficiência elétrica, o local abrigará um Centro de Treinamento e Pesquisa, desenvolvido em parceria com instituições brasileiras e alemãs.
O espaço oferecerá cursos e oficinas sobre instalação de painéis solares, eletricidade e técnicas agrícolas modernas, voltados às comunidades locais e aos estudantes da região. A meta é formar profissionais capacitados para atuar no crescente mercado de energia solar e no setor agroindustrial sustentável.
O secretário de Estado de Energia e Economia do Mar, Cássio Coelho, destacou a importância estratégica da iniciativa:
“O Rio de Janeiro, mais uma vez, sai na frente com inovação e sustentabilidade. Essa usina agro-solar é um marco, porque une energia limpa, produção agrícola e formação profissional, mostrando como é possível gerar desenvolvimento sustentável com responsabilidade.”
Parceria internacional reforça protagonismo fluminense na energia solar
Para o diretor-presidente da GNA, Emmanuel Delfosse, o projeto reforça o compromisso da empresa com a transição energética e o desenvolvimento regional:
“É uma enorme satisfação anunciar o primeiro projeto solar da GNA e também o primeiro agro-solar do Sudeste. Este marco reforça nosso compromisso com a segurança e a transição energética, ao mesmo tempo em que cria oportunidades para as comunidades locais e promove o desenvolvimento sustentável no Norte Fluminense e em todo o Estado do Rio de Janeiro.”
A SUNfarming, uma das maiores empresas de energia solar da Alemanha, lidera a execução técnica. Com mais de 680 MWp instalados globalmente — sendo 380 MWp de propriedade própria —, a companhia atua no Brasil desde 2021, com foco em projetos Agri-Solar nos estados do Ceará, Pará e Rio de Janeiro.
De acordo com representantes da empresa, o modelo Agri-Solar combina produção agrícola e geração elétrica, permitindo que o mesmo terreno produza alimentos e energia limpa ao mesmo tempo, sem comprometer a produtividade do solo.
Como funciona o modelo agro-solar e seus benefícios
As placas solares utilizadas nesse tipo de usina funcionam como pequenas usinas elétricas. Elas transformam a luz solar em eletricidade, garantindo eficiência energética e redução de custos. No modelo agrifotovoltaico, painéis especiais são instalados acima das plantações, permitindo a passagem parcial da luz.
Essa configuração oferece uma dupla vantagem: além de gerar energia sustentável, cria condições ideais para o cultivo, já que as sombras parciais ajudam a controlar a temperatura e reduzir a evaporação da água. A distribuição equilibrada da luz solar e da água da chuva torna o ambiente mais produtivo e resiliente, principalmente em períodos de seca.
Durante a Rio+Agro, o estande da Seenemar apresentou uma demonstração em escala reduzida do sistema, destacando como o modelo agro-solar pode transformar o setor agrícola brasileiro. A proposta é otimizar o uso do solo, ampliar a segurança alimentar e fortalecer a produção de energia limpa — três pilares fundamentais para o desenvolvimento sustentável.
Energia solar impulsiona economia e inovação no Rio de Janeiro
A iniciativa se apoia no Decreto de Compensação Energética, sancionado pelo governador Cláudio Castro em junho deste ano, que viabiliza parcerias público-privadas voltadas à geração de energia renovável.
Com isso, o Rio de Janeiro fortalece sua posição como referência nacional em inovação energética, atraindo novos investimentos e consolidando políticas de incentivo à sustentabilidade. A Seenemar tem atuado para conectar empresas, universidades e órgãos públicos, transformando o estado em um polo de tecnologia verde.
A GNA (Gás Natural Açu), uma das principais investidoras do projeto, reforça essa visão. Localizada no Porto do Açu, a companhia opera o maior parque termelétrico a gás natural da América Latina, com capacidade de gerar 3 GW de energia — o suficiente para atender 14 milhões de residências. Agora, com o investimento em energia solar, a GNA amplia seu portfólio para fontes mais limpas, alinhadas à transição energética global.
Com o avanço desse tipo de projeto, o Norte Fluminense desponta como laboratório de inovação sustentável. A parceria entre GNA, SUNfarming, Uenf e Seenemar prova que é possível integrar tecnologia, educação e meio ambiente em um mesmo ecossistema produtivo.
Ao unir energia solar e produção agrícola, o modelo agro-solar cria novas oportunidades de trabalho, promove a inclusão social e fortalece o papel do Rio de Janeiro na transição para uma economia de baixo carbono.