Em setembro, o Brasil ampliou sua matriz elétrica nacional com 1,4 GW provenientes de energia renovável impulsionada por usinas solares, eólicas e pequenas centrais hidrelétricas, reforçando a transição energética
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) divulgou que, apenas em setembro, o Brasil adicionou 1.400,21 MW (1,4 GW) à sua matriz elétrica nacional, exclusivamente com fontes renováveis.
Segundo a matéria divulgada pelo Governo Federal no dia 8 de outubro, o resultado reforça o avanço das usinas solares, eólicas e pequenas centrais hidrelétricas no sistema energético brasileiro, consolidando a transição energética como um movimento real e crescente.
Expansão de 1,4 GW reforça protagonismo da energia renovável
Segundo a ANEEL, ao longo de 2025, até o final de setembro, o país já havia somado 5.921,34 MW em novas unidades geradoras — entre fontes limpas e térmicas —, mantendo a tendência de expansão acelerada das energias renováveis.
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Esse avanço consolida o Brasil como uma das matrizes mais limpas do mundo, com mais de 88% da geração elétrica proveniente de fontes renováveis.
Em setembro, todas as 27 usinas que entraram em operação no país utilizaram fontes de energia limpa, sem participação de combustíveis fósseis. De acordo com os dados oficiais da ANEEL:
- 17 usinas solares adicionaram 934,72 MW à capacidade instalada;
- 8 usinas eólicas contribuíram com 391,50 MW;
- 1 usina hidrelétrica adicionou 50 MW;
- 1 pequena central hidrelétrica (PCH) gerou 24 MW.
A soma total atingiu 1.400,21 MW, o que representa um dos maiores acréscimos mensais do ano, inteiramente sustentado por fontes renováveis.
Esse movimento reflete a consolidação da transição energética, que tem como meta substituir gradualmente as fontes fósseis por alternativas mais sustentáveis, como solar, eólica e hídrica de pequeno porte.
Acumulado de 2025 mostra consistência no crescimento da matriz elétrica nacional
Entre janeiro e setembro de 2025, o Brasil adicionou 5.921,34 MW ao sistema elétrico, com 97 usinas entrando em operação. A composição desse crescimento foi:
- 12 termelétricas: 2.468,05 MW
- 35 usinas solares: 1.718,35 MW
- 37 eólicas: 1.506,40 MW
- 9 PCHs: 171,85 MW
- 1 hidrelétrica: 50,00 MW
- 3 centrais geradoras hidrelétricas: 6,70 MW
Embora ainda existam ampliações por meio de termelétricas, as fontes renováveis já respondem pela maior parte da nova capacidade instalada, evidenciando o avanço estrutural da energia limpa no país.
Segundo dados complementares da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em 2024 o Brasil encerrou o ano com 88,2% da oferta elétrica proveniente de fontes renováveis, um índice que tende a crescer com o ritmo de expansão observado em 2025.
Energia solar: a principal força da expansão da energia renovável
O segmento solar fotovoltaico foi o grande destaque de setembro, responsável por mais de 66% da nova capacidade instalada. Foram 17 novas usinas solares, somando 934,72 MW.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o Brasil ultrapassou 60 GW de potência instalada em energia solar no total, somando geração centralizada e distribuída. Isso significa um salto expressivo no aproveitamento do potencial solar brasileiro — o maior da América do Sul.
A energia solar apresenta crescimento médio anual superior a 30%, impulsionado por redução de custos em painéis, incentivos regulatórios e busca por sustentabilidade corporativa. Essa expansão reforça a descentralização da matriz elétrica nacional, levando geração de energia para regiões antes pouco exploradas.
Energia eólica mantém ritmo constante de expansão sustentável
As usinas eólicas adicionaram 391,50 MW em setembro, com oito novas plantas distribuídas principalmente no Nordeste. O acumulado anual do setor chegou a 1.506,40 MW, com 37 empreendimentos inaugurados até o fim de setembro.
Segundo a EPE, a geração eólica representou cerca de 13,5% da energia elétrica total produzida no país em 2024. Essa fonte tem papel estratégico: gera principalmente à noite e em períodos de menor irradiação solar, oferecendo um equilíbrio importante no sistema elétrico.
O avanço contínuo da energia eólica está diretamente ligado à segurança energética e à redução de emissões de carbono. Além disso, o Brasil figura entre os dez maiores produtores de energia eólica do mundo, com potencial técnico superior a 700 GW, segundo o Global Wind Energy Council (GWEC).
Papel estratégico das pequenas centrais hidrelétricas na transição energética
As pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e usinas hidrelétricas tiveram participação menor na expansão de setembro, com 74 MW combinados. Contudo, elas seguem essenciais para o equilíbrio da matriz elétrica nacional, garantindo estabilidade e confiabilidade ao sistema.
As PCHs, em especial, são importantes por oferecerem geração contínua e de baixo impacto ambiental, o que as torna aliadas na transição energética. Diferente das grandes barragens, esses empreendimentos têm impacto reduzido sobre a fauna, flora e comunidades locais.
Segundo a ANEEL, o Brasil possui mais de 740 PCHs em operação, totalizando cerca de 6,4 GW de capacidade instalada, com novos projetos em andamento em Minas Gerais, Paraná, Goiás e Mato Grosso.
Desafios e oportunidades para a energia renovável no Brasil
Apesar do cenário positivo, a expansão da energia limpa enfrenta desafios que precisam ser superados para garantir sustentabilidade de longo prazo:
- Intermitência e armazenamento: as fontes solar e eólica dependem de condições climáticas variáveis, exigindo investimentos em baterias e tecnologias de armazenamento.
- Infraestrutura de transmissão: muitas usinas renováveis estão em regiões remotas. A expansão das linhas de transmissão é essencial para escoar a energia gerada.
- Ambiente regulatório: a previsibilidade nas políticas públicas e marcos regulatórios é decisiva para atrair novos investidores ao setor.
- Capacitação e mão de obra especializada: o crescimento do setor exige profissionais qualificados para atuar em engenharia, operação e manutenção das novas usinas.
Por outro lado, as oportunidades são expressivas. O Brasil tem abundância de recursos naturais, custo competitivo e demanda crescente por energia limpa, o que o posiciona como protagonista da descarbonização global.
Avanços tecnológicos e o futuro da matriz elétrica nacional
O futuro da matriz elétrica nacional dependerá da integração inteligente entre diferentes fontes de energia renovável. Tendências já visíveis incluem:
- Usinas híbridas, que combinam solar e eólica para compensar variações de produção;
- Sistemas de armazenamento em larga escala, reduzindo dependência de térmicas;
- Redes inteligentes (smart grids), capazes de equilibrar oferta e demanda em tempo real;
- Geração distribuída em residências e empresas, fortalecendo a autossuficiência energética local.
Essas inovações fortalecem a transição energética e reduzem custos operacionais, tornando o sistema elétrico mais flexível e seguro.
De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), até 2030 o país pode adicionar mais de 50 GW de novas fontes renováveis, consolidando-se como referência global em descarbonização do setor elétrico.
Brasil se consolida como referência global em energia renovável
O desempenho de setembro de 2025 — com 1,4 GW adicionados exclusivamente por fontes renováveis — reforça que o Brasil está em trajetória sólida rumo a uma matriz elétrica limpa e diversificada.
A expansão das usinas solares, eólicas e pequenas centrais hidrelétricas demonstra que a transição energética é não apenas uma meta, mas uma realidade em andamento. O país alia recursos naturais abundantes, tecnologia e regulação para sustentar esse crescimento.
Ainda há obstáculos técnicos e regulatórios, mas os ganhos são inegáveis: redução de emissões, geração de empregos verdes, segurança energética e desenvolvimento regional. O Brasil se destaca, assim, como uma das maiores potências mundiais em energia renovável, demonstrando que sustentabilidade e crescimento econômico podem caminhar lado a lado.