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Energia renovável brasileira é mais barata que média mundial, aponta relatório

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 22/07/2025 às 13:14
Vista aérea de parque eólico com turbinas gerando energia em campo verde sob céu limpo
Parque eólico em operação, destacando turbinas distribuídas em ampla área verde
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Relatório da IRENA mostra que a energia renovável brasileira tem custo inferior ao global, lidera em expansão e reforça seu papel estratégico no cenário energético mundial.

A energia renovável brasileira ganha cada vez mais destaque no cenário global. Isso acontece não só pela sua abundância, mas também pelos baixos custos de geração.

Segundo um relatório da Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA), o Brasil figura entre os países que geram energia limpa com menor custo, superando até economias mais avançadas.

Desde já, esse reconhecimento reafirma um papel histórico que o Brasil ocupa há décadas no setor de energia sustentável. Desde a crise do petróleo nos anos 1970, o país decidiu investir em alternativas aos combustíveis fósseis.

Um exemplo marcante, portanto, foi o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), que popularizou o uso do etanol como combustível.

Com o tempo, novas fontes renováveis ganharam espaço. A energia hidrelétrica se firmou como principal fonte elétrica brasileira durante o século XX.

Por esse motivo, o país construiu grandes usinas em rios como o São Francisco e o Paraná. Assim, aproveitou seu vasto potencial hídrico para manter uma matriz energética majoritariamente limpa.

Crescimento acelerado e custos cada vez menores

Nos últimos anos, o Brasil acelerou a expansão da energia solar e eólica. O avanço tecnológico, aliado ao barateamento dos equipamentos e às políticas públicas voltadas para contratos de longo prazo, criou um ambiente bastante atrativo para investidores.

Em 2024, o país se posicionou como o quarto que mais adicionou capacidade renovável no mundo, ficando atrás apenas da China, dos Estados Unidos e da União Europeia.

Ou seja, os brasileiros instalaram quase 19 gigawatts de energia solar em apenas um ano.

Além de crescer, o país também se destacou pelo custo. A energia eólica onshore brasileira alcançou uma média de US$ 30 por megawatt-hora, valor 32% abaixo da média global.

Do mesmo modo, a energia solar se mostrou altamente competitiva, graças à queda no preço dos painéis e à melhoria constante na eficiência dos sistemas.

Diante desse cenário, o benefício não ficou restrito às grandes empresas. Pequenos produtores e consumidores residenciais também passaram a se beneficiar.

A geração distribuída avança rapidamente. Atualmente, milhares de imóveis brasileiros já contam com painéis solares instalados.

Matriz renovável e liderança mundial

Conforme revelou a IRENA, 88% da matriz elétrica do Brasil é composta por fontes renováveis, índice superior ao de diversas nações desenvolvidas.

Essa realidade se deve, sobretudo, à combinação entre sol, vento e água, que permite uma produção limpa e uma oferta estável de energia.

Apesar disso, o país enfrenta um paradoxo: o custo de geração é baixo, mas a tarifa para o consumidor é alta.

De acordo com os dados, o brasileiro paga em média R$ 864 por megawatt-hora. Esse valor é considerado elevado em relação ao potencial do país.

Isso ocorre porque grande parte da fatura elétrica resulta de encargos, impostos e subsídios embutidos na conta.

Para se ter uma ideia, cerca de metade do valor não está diretamente ligada à geração, à transmissão ou à distribuição da energia.

Dessa forma, esse descompasso revela a necessidade urgente de uma reforma no modelo tarifário brasileiro.

Muitos especialistas sugerem simplificar os encargos e ampliar a transparência. Além disso, recomendam incentivar ainda mais a geração local de energia.

Gargalos de infraestrutura e desperdício de energia

Entretanto, um dos principais entraves à expansão da energia renovável brasileira está na infraestrutura elétrica.

Como muitas usinas solares e eólicas foram instaladas no Nordeste, região com enorme potencial natural, era de se esperar que a rede de transmissão acompanhasse esse crescimento.

Contudo, por falta de linhas de escoamento suficientes, diversos projetos precisaram reduzir a geração em mais de 50%, situação conhecida como curtailment.

Em outras palavras, a energia foi produzida, mas não pôde ser aproveitada.

Por isso, o país precisa investir com urgência na modernização da malha elétrica.

Linhas de transmissão mais robustas e interligadas permitirão integrar diferentes regiões e, assim, evitar desperdícios significativos.

Além disso, é fundamental incorporar soluções modernas de armazenamento de energia, bem como ferramentas digitais que auxiliem na gestão do sistema.

Tais tecnologias ajudam a equilibrar a oferta e a demanda, especialmente diante da intermitência de fontes como sol e vento.

Geração de empregos e ganhos econômicos

Mesmo diante dos desafios, os resultados do setor impressionam.

Em 2024, a energia renovável brasileira movimentou R$ 53 bilhões e criou aproximadamente 457 mil empregos diretos e indiretos.

Isso se deve à cadeia de produção que abrange desde a fabricação de componentes até a manutenção e a gestão das usinas.

Por consequência, o setor também promove o desenvolvimento regional.

Como muitas usinas foram construídas em áreas do interior, onde há escassez de empregos formais, a energia renovável tornou-se uma aliada da inclusão econômica.

Além disso, desde o ano 2000, os projetos limpos evitaram gastos globais de mais de US$ 400 bilhões em combustíveis fósseis.

Nesse sentido, o Brasil teve participação expressiva. Isso ocorreu graças à sua matriz renovável e ao crescimento contínuo das fontes solar e eólica.

Um futuro de energia limpa e acessível

Essa trajetória confirma, sem dúvida, que a transição energética brasileira é viável, tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico.

Para manter esse avanço, o país precisa de planejamento estratégico, incentivos adequados e investimentos constantes em infraestrutura.

Aliás, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou recentemente que “energia limpa é economia inteligente – e o mundo está seguindo o dinheiro”.

Essa frase resume bem o momento atual. Afinal, as fontes renováveis já dominam o mercado global e se tornaram economicamente mais atraentes do que os combustíveis fósseis.

O Brasil, com sua riqueza natural e conhecimento técnico, está pronto para liderar esse processo.

No entanto, o sucesso depende também de ações descentralizadas e participativas.

Por exemplo, consumidores residenciais, empresas e comunidades que apostam em sistemas próprios de geração solar fortalecem a resiliência do sistema elétrico.

Assim, quanto mais pessoas adotarem esse modelo, mais equilibrado e sustentável será o futuro energético do país.

Portanto, a energia renovável brasileira deixa de ser apenas uma alternativa.

Ela se consolida como protagonista. Representa desenvolvimento econômico, geração de empregos, estabilidade de abastecimento e preservação ambiental.

Mais que uma tendência, trata-se de um caminho estratégico para um Brasil moderno, justo e sustentável.

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Energia limpa: geração de energia eólica avança no Brasil | Band Jornalismo

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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