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Energia nuclear e gás natural passam a ser classificados como fontes renováveis de energia, segundo decisão da União Europeia

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 13/07/2022 às 09:27
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Fonte: Pexels

O Parlamento pretende que investimentos privados em gás natural e energia nuclear contribuam com a transição energética da UE para mais fontes renováveis

Na semana passada, foi determinado pelo Parlamento Europeu, durante sessão plenária, que o gás natural e a energia nuclear passassem a ser classificados como fontes renováveis de energia. Dessa forma, projetos que fazem o uso dessas matrizes receberão o “selo verde” da União Europeia (UE), o que possibilitará o seu acesso a investimentos privados para agilizar o processo de transição energética do bloco.

A proposta, realizada pela Comissão Europeia no mês de fevereiro, obteve 278 votos a seu favor, 328 contra e 33 abstenções. No entanto, eram necessários 353 legisladores contrários para que o Parlamento pudesse vetá-la, de modo que o projeto terminou aprovado pelos eurodeputados.

Agora, o Conselho Europeu, órgão formado pelos chefes de Estado e de governo dos países-membros da União Europeia, é quem deve julgar o texto. O cenário mais provável é de que não haja objeção à proposta e, nesse caso, o Ato Delegado de Taxonomia passará a ser válido a partir do dia 1° de janeiro do ano que vem.

Em comunicado, o Parlamento declarou que a classificação de determinadas atividades de gás fóssil e de energia nuclear como práticas transitórias que auxiliam na mitigação das modificações climáticas foi proposta devido ao fato de que a Comissão crê no investimento privado em gás e em energia nuclear como parte importante da transição verde.

Legislativo ressalta que a alteração é dependente de condições específicas e requisitos de transparência

Além disso, o legislativo europeu destacou também que, para que o gás natural e a energia nuclear sejam considerados fontes renováveis de energia, serão levadas em conta condições específicas e requisitos de transparência.

De acordo com o Financial Times, uma dessas condições é que os projetos com gás natural e energia nuclear sejam aprovados no lugar de outras fontes de energia classificadas como mais danosas ao meio ambiente, a exemplo do petróleo e do carvão.

Ademais, a lei exige também que as emissões poluentes do gás sejam limitadas e que as normas para a eliminação de resíduos radioativos das usinas nucleares sejam cumpridas. Com isso, tem-se o objetivo de fazer com que a energia do bloco seja 100% proveniente de fontes renováveis até o ano de 2035.

Conforme a opinião da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, é muito provável e convincente que a medida contribua para o aceleramento da transição do bloco para fontes renováveis de energia, em um momento em que os países europeus buscam diminuir a dependência do gás comercializado pela Rússia em até 90% até o fim deste ano.

A aprovação da proposta enfrenta críticas de ambientalistas e encontra resistência no Parlamento

Por outro lado, a medida foi duramente criticada por ativistas ambientais, além de ter encontrado resistência no Parlamento. Na avaliação de uma representante do Greenpeace Europa, a articulação para aprovar o texto foi “vergonhosa”. Ela insinuou, ainda, que a proposta teria sido intermediada por um lobby das indústrias nucleares e de combustíveis fósseis, enquanto também expressou o desejo de luta contra o projeto nos tribunais.

Nesse sentido, países como a Áustria e Luxemburgo também afirmaram que irão contestar a lei no Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE). A ministra de Energia austríaca, Leonore Gewessler, argumenta que é evidente que tanto a energia nuclear quanto o gás fóssil não têm relação alguma com a sustentabilidade, não podendo, assim, serem classificados como fontes renováveis.

Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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