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Empresas pedem clareza ao governo sobre leilão de eólicas offshore

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 09/07/2025 às 07:57
Parques eólicos offshore com céu limpo ao meio-dia
Aerogeradores no mar operando sob um céu azul límpido ao meio-dia
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Setor cobra definições do governo sobre o leilão de eólicas offshore para garantir investimentos, ativar a cadeia produtiva e impulsionar a transição energética no Brasil.

A busca por fontes de energia limpa nunca esteve tão presente nas discussões globais quanto nos últimos anos.

Por isso, diante da crescente pressão internacional por metas de descarbonização e da necessidade de diversificar sua matriz elétrica, o Brasil encontra uma oportunidade promissora: o desenvolvimento das eólicas offshore, também conhecidas como eólicas em alto-mar.

Além disso, o setor privado, formado por empresas de energia, investidores e fornecedores de tecnologia, observa com atenção os próximos passos do governo brasileiro em relação ao leilão de eólicas offshore.

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Essa etapa, por sua vez, destrava investimentos e impulsiona a implantação desse modelo de geração de energia no país.

Embora o marco legal tenha sido aprovado em 2025, o mercado ainda espera sinais concretos e datas definidas para ganhar segurança e previsibilidade.

Início e evolução das eólicas offshore no Brasil

Embora o debate sobre o tema tenha ganhado força recentemente, as discussões sobre o aproveitamento dos ventos no mar começaram no Brasil ainda na década de 2010.

Ao mesmo tempo, países como Reino Unido, Alemanha, Dinamarca e China demonstravam que era possível gerar eletricidade de forma abundante e estável em alto-mar, graças à constância dos ventos oceânicos.

Além disso, essas usinas reduzem os impactos visuais e sonoros das turbinas em terra.

No entanto, apesar do potencial evidente, o Brasil demorou a avançar nesse campo.

Ainda que o país conte com uma faixa litorânea extensa e experiência consolidada na indústria de petróleo e gás offshore, durante anos faltaram incentivos regulatórios e estrutura legal.

A situação começou a mudar apenas com a Lei 15097/2025, considerada o marco legal das eólicas offshore, que traçou um caminho mais concreto.

A nova legislação definiu diretrizes para concessões, licenciamento ambiental e coordenação entre órgãos públicos.

Ainda assim, a regulamentação precisa avançar, sobretudo no que diz respeito ao cronograma dos leilões, pois, sem ele, os investidores seguem inseguros e os projetos não saem do papel.

O leilão como ponto de virada para o setor

Sem dúvida, o leilão de eólicas offshore representa um divisor de águas para a transformação dos projetos em realidade.

De fato, esse mecanismo define as áreas marítimas disponíveis, prazos de implantação e critérios técnicos e legais que os investidores devem atender.

Consequentemente, o leilão também estabelece o modelo de remuneração, obrigações contratuais e nível de retorno esperado.

Por esse motivo, esses elementos garantem um ambiente de negócios competitivo, que atrai capital internacional e acelera o aprendizado técnico do setor no Brasil.

De acordo com Matheus Noronha, representante da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), a falta de datas claras para o leilão gera apreensão.

Ainda que o governo tenha divulgado as fases do processo, não estipulou marcos temporais, o que impede as empresas de se organizarem com antecedência.

Noronha enfatiza que as ações devem começar agora, mesmo que a entrada em operação esteja prevista apenas para depois de 2030.

Isso ocorre porque as empresas precisam planejar suas cadeias produtivas, contratar equipes, negociar com fornecedores e realizar estudos técnicos.

Portanto, sem esse planejamento, o Brasil corre o risco de perder tempo e competitividade.

Potencial natural e desafios logísticos no Brasil

Sem dúvida, o Brasil reúne condições naturais excepcionais.

Afinal, com mais de 7 mil quilômetros de litoral e regimes de ventos constantes, especialmente no Nordeste, o país pode se tornar um líder na geração eólica offshore.

Além disso, a infraestrutura da indústria de petróleo e gás oferece uma base estratégica.

Plataformas, estaleiros, portos e profissionais qualificados formam um ecossistema já funcional, que pode ser adaptado com mais agilidade e menor custo.

Por outro lado, o país também enfrenta desafios relevantes.

Por exemplo, conectar as usinas offshore à rede elétrica exige investimentos significativos e uma articulação entre estados, operadoras e a ANEEL.

Ademais, o licenciamento ambiental exige atenção especial à biodiversidade marinha e à pesca artesanal.

Em contrapartida, um dos gargalos mais urgentes está na falta de infraestrutura portuária adequada.

A movimentação de turbinas, torres e equipamentos de grande porte requer portos especializados.

Sem esses recursos, os custos logísticos aumentam e a viabilidade econômica dos projetos pode ser comprometida.

O papel da COP30 e o protagonismo brasileiro

Não por acaso, a 30ª Conferência da ONU sobre Mudança do Clima (COP30), marcada para novembro de 2025 em Belém, será uma vitrine estratégica para o Brasil.

Com isso, o evento oferece a chance de mostrar avanços concretos no compromisso com a transição energética.

Matheus Noronha argumenta que o Brasil não pode fazer da COP mais uma reunião de promessas.

Ou seja, é necessário demonstrar ações reais, como o lançamento do primeiro leilão de eólicas offshore.

Assim, o país ganha confiança do mercado e reforça sua liderança climática.

Por conseguinte, o Brasil, como anfitrião da COP30, poderá atrair cooperação internacional, financiamentos verdes e parcerias tecnológicas.

Dessa forma, comprometer-se publicamente com o leilão fortalece tanto o posicionamento externo quanto o desenvolvimento interno.

Eólicas offshore como vetor de desenvolvimento

Além da energia limpa, a eólica offshore carrega um potencial de desenvolvimento econômico e industrial.

De acordo com estudos do setor, os projetos podem gerar milhares de empregos, movimentar a indústria naval e impulsionar a inovação em universidades e centros de pesquisa.

Além disso, ao incentivar a produção nacional de componentes, o país pode reduzir a dependência de importações.

Isso fortalece a competitividade e cria uma reindustrialização verde.

Por fim, como fonte renovável, a energia eólica offshore colabora diretamente para que o Brasil atinja seus compromissos climáticos, incluindo o Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Dessa maneira, sua contribuição na redução de emissões de carbono é essencial para a agenda ambiental global.

O que falta para o leilão sair do papel?

Para que o leilão de eólicas offshore se concretize, o governo deve apresentar um cronograma claro e público.

Ao definir prazos e critérios transparentes, o Brasil cria um ambiente de confiança capaz de atrair investimentos e parcerias sólidas.

As empresas não exigem subsídios.

No entanto, elas precisam de previsibilidade e segurança jurídica para planejar com antecedência.

Caso contrário, investidores podem priorizar países com regulamentações mais maduras.

Entretanto, se o Brasil agir com rapidez e organização, pode ocupar uma posição de liderança mundial na energia offshore, aproveitando seus recursos naturais, estrutura técnica e capacidade industrial.

O país está diante de uma escolha crucial.

O leilão de eólicas offshore pode marcar uma nova era energética, com base em inovação, sustentabilidade e crescimento econômico.

Portanto, o sucesso dessa jornada exige clareza política, ação imediata e coordenação institucional.

A energia do futuro já sopra em nosso litoral.

Cabe ao Brasil transformar esse vento em potência limpa e duradoura.

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Análise: a regulamentação da energia eólica offshore no Brasil | WW – CNN Brasil

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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