US$ 150 milhões! O acordo inesperado entre Boeing e Embraer está sacudindo o mercado brasileiro. Saiba por que essa cifra deixou investidores perplexos!
Em um desfecho inesperado, a Boeing concordou em pagar uma indenização de US$ 150 milhões – cerca de R$ 825 milhões pela atual cotação da moeda – à Embraer, encerrando assim uma longa disputa judicial que se originou após a tentativa fracassada de fusão entre as duas gigantes da aviação em 2018. Embora o acordo de arbitragem tenha colocado um ponto final no litígio, o valor da indenização ficou aquém do esperado pelo mercado, gerando impactos diretos nas ações da Embraer na B3, a bolsa de valores brasileira.
O contexto da disputa: o plano de fusão
A origem da disputa remonta ao final de 2018, quando Boeing e Embraer anunciaram uma proposta de fusão. O acordo previa a criação de uma nova empresa, onde a Boeing teria uma participação de 80%, enquanto a Embraer ficaria com os 20% restantes. Esse movimento era visto como uma estratégia de ambas as empresas para fortalecer suas posições no mercado de aviação, especialmente no segmento de aeronaves comerciais de médio porte, onde a Embraer tem uma forte atuação com sua linha de jatos regionais.
O plano de fusão, no entanto, precisava passar por uma série de aprovações regulatórias e políticas, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. As expectativas eram de que a fusão proporcionaria uma parceria sólida e benéfica para ambas as empresas, unindo o conhecimento técnico da Embraer com a capacidade de mercado e recursos financeiros da Boeing.
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Menos de dois anos depois, em abril de 2020, em meio ao início da crise global causada pela pandemia de Covid-19, a Boeing anunciou que estava desistindo do acordo. A justificativa dada pela empresa americana foi que a Embraer não teria cumprido certas condições do contrato. Essa decisão foi vista com grande surpresa por analistas e investidores, já que a fusão era considerada um passo estratégico para competir com a Airbus, uma das principais concorrentes de ambas as companhias.
Impacto no mercado e o acordo de indenização
A decisão de cancelar a fusão levou a Embraer a buscar a arbitragem internacional, conforme previsto no contrato entre as empresas. O processo foi levado a uma câmara de arbitragem nos Estados Unidos, e o desfecho finalmente chegou em 2023, quando foi anunciado que Boeing pagaria US$ 150 milhões à Embraer para encerrar a disputa. Esse valor, no entanto, foi visto como abaixo do esperado, já que o mercado previa uma indenização de até o dobro dessa quantia.
A reação do mercado financeiro foi imediata. As ações da Embraer, que são negociadas na B3, despencaram após o anúncio do acordo. Por volta das 12h45 do dia do comunicado, os papéis da empresa brasileira registravam uma queda de 5,03%, sendo negociados a R$ 49,32. Analistas apontam que a frustração do mercado em relação ao valor da indenização foi um dos principais fatores para a queda nas ações, já que muitos esperavam uma compensação maior pelo fracasso da fusão.
Em nota oficial enviada aos investidores, a Embraer confirmou que o valor de US$ 150 milhões é bruto e está sujeito à tributação no Brasil, o que pode impactar ainda mais o montante final a ser recebido pela companhia.
Futuro da parceria Boeing-Embraer e a posição das empresas
Apesar do fim do litígio, tanto Boeing quanto Embraer continuam mantendo relações no mercado aeroespacial. Em um comunicado, a Boeing expressou satisfação com a conclusão do processo de arbitragem e destacou sua longa história de parceria com o Brasil, mencionando os mais de 90 anos de cooperação com o país. A empresa americana também afirmou que pretende continuar contribuindo para o desenvolvimento da indústria aeroespacial brasileira, sugerindo que, mesmo com o fim da tentativa de fusão, as duas empresas podem buscar novas formas de colaboração no futuro.
Para a Embraer, o acordo põe fim a um capítulo conturbado em sua trajetória recente, mas a empresa ainda enfrenta desafios no mercado global. A pandemia de Covid-19 trouxe dificuldades significativas para o setor aéreo como um todo, afetando tanto as fabricantes de aeronaves quanto as companhias aéreas. No entanto, a Embraer vem mostrando sinais de recuperação, com novos contratos e projetos no setor de defesa e aviação executiva, áreas que têm sido fundamentais para a sua retomada.
O acordo de US$ 150 milhões entre Boeing e Embraer encerra uma disputa que se arrastava desde a tentativa frustrada de fusão entre as duas empresas. Embora o valor da indenização tenha ficado abaixo das expectativas, o fim do processo de arbitragem oferece à Embraer a oportunidade de focar em seus novos projetos e na recuperação do impacto causado pela pandemia. Por outro lado, a Boeing, satisfeita com o desfecho, continua sua parceria de longa data com o Brasil, sinalizando que ambas as empresas ainda podem colaborar em futuras iniciativas no setor aeroespacial.