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Em meio à crise hídrica, hidrelétricas estão jogando água fora enquanto brasileiros pagam alto na conta de energia; Aneel pede ao ONS redução do uso das usinas em vários estados brasileiros

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 27/01/2022 às 11:51
Atualizado em 29/01/2022 às 10:54
crise hídrica - usinas termelétricas - hidrelétricas - Aneel - ONS - MME -
Vista da barragem e do lago de Sobradinho, na Bahia: hidrelétrica está produzindo cerca de 60% da sua capacidade por não ser possível transferir mais energia para os sistemas do centro-sul do país Foto: Daniel Marenco/25-2-2018

Com a análise da atual situação de desperdício de água e pouca geração de energia, ONS e Aneel chegaram a uma conclusão, porém MME não concordou muito com a análise final das estatais    

De acordo com informações do jornal O Globo, as usinas hidrelétricas de Belo Monte/PA, Tucuruí/PA e Sobradinho/BA estão jogando fora toda a água que não conseguem escoar para a produção de energia elétrica dentro de sua capacidade total. Isso está acontecendo devido ao fato de que o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS mantém as termelétricas em operação, mesmo com a recuperação de parte dos reservatórios. A termelétrica de Porto Sergipe é uma das que tomam o espaço das hidrelétricas dentro das linhas de transmissão que são responsáveis por levar energia do Nordeste ao Centro-Sul do Brasil.

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Estudo revela que grande investimento precisa ser feito em projetos de transmissão até 2030

A termelétrica de Porto Sergipe foi inaugurada em agosto de 2020, pelo presidente da república Jair Bolsonaro. Ela usa gás 100% importado, tendo um custo diário de R$ 12,6 milhões, valor este que é pago por todos os consumidores. Porém, em Sergipe existe uma das maiores reservas já descobertas de pré-sal, com possibilidade de vazão de até 20 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural.

O ONS enviou um documento à Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel, no dia 13 de janeiro deste ano, informando a necessidade de redução do processo de geração de energia pela usina termelétrica Porto Sergipe, justamente pela cota diária consumida.

De acordo com um estudo realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Brasil precisaria, no mínimo, realizar um grande investimento no valor de R$ 18,2 bilhões em projetos de transmissão até o ano de 2030. A estatal relatou que são necessários pelo menos 6.600 km de linhas de transmissão e mais 4 novas subestações até 2030.

Resposta da Aneel ao documento enviado pelo ONS sobre a usina termelétrica Porto Sergipe

Em resposta ao documento enviado pelo ONS, a Aneel respondeu que concordava com a avaliação feira pelo operador. Desse modo, a usina termelétrica de Porto Sergipe terá a geração de energia reduzida de 1.515,64 MW para 1.030 MW (-32%) até o dia 4 de março de 2022.

Na última terça-feira (25), a Aneel pediu para que o ONS reduzisse a geração de energia pelas usinas termelétricas, devido ao grande desperdício de água sem que haja produção de energia.

No documento, em análise feita pelos técnicos da agência, foi concluído que existe um tipo de concorrência de geração hidráulica com o despacho termelétrico que é antecipado. A Aneel deixou claro que defende a redução da geração de energia da termelétrica em prol da diminuição de impacto para os consumidores e também para a natureza.

Nota emitida pelo MME

Ao contrário da análise feita pelo ONS e pela Aneel, a assessoria de comunicação do Ministério de Minas e Energia (MME) se manifestou dizendo que não é real a informação de que as hidrelétricas estejam jogando água fora.

Além disso, a nota emitida pelo MME relata que a pasta e as instituições do setor elétrico estão buscando garantir a total segurança do abastecimento eletroenergético do Brasil, com menos custos possíveis, levando sempre em consideração o cenário e a condição de operação mais atualizados.  

Resposta do ONS

O Operador Nacional do Sistema Elétrico disse em nota, nesta terça-feira, que que, em 13 de janeiro de 2022, enviou carta à Agência Nacional de Energia Elétrica formalizando que estava em negociação com a termelétrica Porto de Sergipe, desde o início de janeiro, para possibilitar a redução do despacho daquela usina, tendo em vista as afluências favoráveis que estavam sendo observadas nas bacias hidrográficas localizadas nas regiões Norte e Nordeste.

“Vale destacar que a termelétrica Porto de Sergipe é uma usina que utiliza Gás Natural Liquefeito (GNL), cujo despacho é definido com 60 dias de antecedência. Portanto, não é possível reduzir de imediato o despacho, pois a compra do combustível é feita de forma antecipada. Por essa razão, o ONS deu início a negociações, visando encontrar uma forma de reduzir a geração da UTE Porto de Sergipe resultando em redução de custos para o consumidor brasileiro”, afirma a nota.

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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