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Em evento de uma hora, governo Trump lança plano pró-carvão de R$ 3 bi, mas termo “mudança climática” não foi mencionado uma única vez

Escrito por Carla Teles
Publicado em 29/09/2025 às 21:40
Em evento de uma hora, governo Trump lança plano pró-carvão de R$ 3 bi, mas termo "mudança climática" não foi mencionado uma única vez
Governo Trump lança plano de R$ 3 bi para o carvão e ignora debate climático. Entenda a polêmica estratégia para reviver a indústria e as suas consequências.
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Em evento de uma hora, o governo Trump detalhou incentivos e a abertura de terras federais para mineração, evitando o termo “mudança climática” durante toda a apresentação, segundo o InfoMoney.

O governo Trump anunciou oficialmente nesta segunda-feira (29) um robusto plano de R$ 3 bilhões (o equivalente a US$ 625 milhões) com o objetivo explícito de revitalizar a indústria de carvão nos Estados Unidos. A iniciativa, apresentada em um evento de uma hora no Departamento do Interior, inclui uma série de medidas coordenadas para reverter o declínio do setor, que é o maior contribuinte para as emissões de gases de efeito estufa no mundo. A informação, repercutida pelo InfoMoney, destaca um detalhe crucial: em nenhum momento da apresentação o termo “mudança climática” foi mencionado.

Este esforço concentrado acontece em um contexto de profunda transformação na matriz energética americana. Desde 2005, o uso do carvão despencou no país, sendo sistematicamente substituído por fontes mais baratas e limpas, como o gás natural, a energia eólica e a solar. A nova política representa uma tentativa direta de frear essa transição, apostando na desregulamentação e em subsídios para sustentar uma indústria em crise.

“Minere, baby, minere”: os detalhes do plano pró-carvão

A estratégia do governo Trump para reerguer a indústria do carvão se baseia em três pilares principais: acesso facilitado a recursos, modernização de infraestrutura e flexibilização de regras ambientais. O Departamento do Interior anunciou a abertura de 5 milhões de hectares de terras federais para a mineração de carvão, uma área equivalente a 7 milhões de campos de futebol. Além disso, as taxas de royalties que as mineradoras pagam ao governo para extrair o mineral serão reduzidas, tornando a operação mais lucrativa. A frase do Secretário do Interior, Doug Burgum, marcou o tom do evento: “Além de perfurar, bebê, perfure, precisamos minerar, bebê, mineirar”.

Complementando a frente de mineração, o Departamento de Energia confirmou a liberação de US$ 625 milhões para modernizar as usinas de carvão existentes, muitas das quais estavam programadas para serem desativadas. O objetivo é estender sua vida útil e garantir sua operação contínua. Ao mesmo tempo, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) informou que revogará dezenas de regulamentos implementados pelo governo Biden, que limitavam a emissão de dióxido de carbono, mercúrio e outros poluentes. A agência também revisará normas sobre o descarte de águas residuais das usinas, uma medida considerada cara pela indústria.

O declínio histórico e a nova demanda

A aposta do governo Trump vai na contramão de uma tendência de mercado consolidada há quase duas décadas. No passado, as usinas de carvão geravam quase metade de toda a eletricidade dos Estados Unidos. No ano passado, essa participação foi de apenas 16%. Centenas de usinas foram fechadas desde meados dos anos 2000, à medida que as concessionárias de energia migraram para alternativas mais competitivas e menos poluentes. Regulamentações federais mais rígidas sobre poluição do ar e da água também encareceram a queima do carvão, acelerando seu declínio.

Contudo, um novo fator tem alterado ligeiramente esse cenário. O crescente interesse em inteligência artificial e a expansão de data centers impulsionaram a demanda por eletricidade a níveis inesperados. Segundo o InfoMoney, isso levou as concessionárias a adiarem o fechamento programado de mais de 50 unidades de carvão para garantir a estabilidade do fornecimento. É nesse contexto que a administração atual vê uma janela de oportunidade para justificar a manutenção e até a expansão do uso do carvão, argumentando que a fonte é essencial para a segurança energética nacional.

A justificativa econômica e a crítica ambiental

Durante o evento, as autoridades do governo Trump enquadraram a situação como uma batalha ideológica. Doug Burgum e Lee Zeldin, administrador da EPA, culparam as regulamentações anteriores por uma “guerra ideológica contra o carvão”. A narrativa oficial, conforme destacado pelo InfoMoney, é de que a fonte de energia é uma necessidade econômica e estratégica, crucial para competir globalmente, especialmente contra a China, que continua a ser a maior consumidora de carvão do mundo. O governo argumenta que, sem uma base energética robusta, os EUA podem perder a “corrida armamentista da IA”.

Em contrapartida, grupos ambientalistas e especialistas do setor de energia limpa criticaram duramente as medidas. Holly Bender, diretora de programas do Sierra Club, afirmou que “as ações irresponsáveis anunciadas hoje pelo governo Trump vão prejudicar o povo americano, tudo para sustentar a indústria de carvão envelhecida e ultrapassada“. Os críticos apontam que a reversão das regulamentações aumentará a poluição do ar e da água, além de elevar as contas de eletricidade dos consumidores, que arcarão com os custos para manter operando usinas ineficientes e caras.

O plano do governo Trump representa uma aposta ousada e controversa. Ao injetar bilhões e flexibilizar regras para uma indústria em declínio, a administração prioriza uma visão de segurança energética e competição econômica em detrimento das preocupações climáticas globais. A decisão ignora a transição energética em curso e gera um confronto direto com defensores do meio ambiente e de fontes renováveis. O impacto real dessa política na economia e no clima ainda será medido, mas a direção está clara: uma tentativa de dar sobrevida ao carvão, custe o que custar.

Você concorda com essa mudança? Acha que isso impacta o mercado? Deixe sua opinião nos comentários, queremos ouvir quem vive isso na prática.

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Carla Teles

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