Antes de se casar, Charles Darwin fez uma lista meticulosa de prós e contras — e quase desistiu da ideia
Em 1838, Charles Darwin vivia uma fase intensa de sua vida. Aos 29 anos, já havia completado sua jornada ao redor do mundo a bordo do HMS Beagle e acumulava anotações que formariam a base da teoria da seleção natural. Mas, no meio desse momento crucial da ciência, outra questão ocupava sua mente: valia a pena se casar?
Darwin encarou essa decisão como um experimento. Não tomou uma decisão por impulso. Pegou lápis e papel e começou a listar, com franqueza e lógica, os prós e os contras do casamento. Tudo de forma metódica. Como se fosse parte de seu trabalho científico.
O lado bom de casar, segundo Darwin
Em julho daquele ano, ele escreveu a lista “Se casar”. Entre os benefícios que enxergava, estavam:
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- Ter filhos, “se Deus quiser”
- Ter uma companheira constante e uma amiga na velhice
- Alguém para amar e com quem brincar — o que, segundo ele, era “melhor que um cachorro”
- Ter um lar e alguém que cuidasse da casa
- Aproveitar a música e as conversas femininas
Apesar disso, expressou um incômodo. Para ele, essas coisas boas poderiam ser também “uma terrível perda de tempo”. Em outro trecho, desabafou:
“Meu Deus, é intolerável pensar em passar a vida inteira como uma abelha castrada, trabalhando, trabalhando, e, no fim das contas, nada. Não, não farei isso.”
Mas logo se contradisse com outra imagem mental: “Imagine viver o dia todo sozinho em uma casa suja em Londres. Imagine uma esposa amável e gentil em um sofá, com uma boa lareira, livros e música, talvez.”
A longa lista de desvantagens
Na sequência, Darwin listou os contras do casamento. E eles eram mais numerosos:
- Perda de liberdade para ir onde quisesse
- Ter que escolher quando socializar
- Ficar sem as conversas com homens inteligentes em clubes
- Ter que visitar parentes e cumprir formalidades sociais
- Preocupações com filhos, brigas e despesas
- Tempo perdido
- Não poder mais ler à noite
- Risco de engordar e ficar ocioso
- Mais responsabilidades
- Menos dinheiro para livros
- Obrigações de trabalhar ainda mais, caso tivesse muitos filhos
- A chance de a esposa não gostar de Londres e acabar exilado e degradado
Mesmo com a balança aparentemente pendendo para o lado negativo, Darwin escreveu ao final da lista:
“Case-se Q.E.D.”
A sigla em latim significa “como estava demonstrado”.
Inseguranças até o fim
Mesmo após escrever que o casamento era necessário, Darwin não estava completamente decidido. Seguiu refletindo. Chegou a escrever dúvidas sobre o momento ideal para isso: “Sendo demonstrado que é necessário casar, quando? Logo ou mais tarde?”
Havia recebido conselhos dizendo que o casamento cedo era melhor, pois os sentimentos ainda estavam vivos e o caráter mais moldável. Mas isso o assustava. Ele listou mais preocupações, entre elas:
- Problemas e gastos sem fim
- Brigas causadas por obrigações sociais
- Perda de tempo diária
- Nunca aprender francês
- Nunca ver o continente
- Nunca voar de balão
- Nunca viajar sozinho para o País de Gales
A dúvida era intensa. Em alguns momentos, ele se via como um futuro “escravo triste”. Em outros, buscava se animar com frases encorajadoras: “Anima-te. Não se pode viver essa vida solitária, com uma velhice entorpecida, sem amigos, com frio e sem filhos.”
No fim, aceitou o destino com resignação: “Não se preocupe, confie no acaso. Há muitos escravos felizes.”
A escolha foi feita
Pouco depois dessa longa jornada de reflexão, Darwin tomou sua decisão. No dia 11 de novembro de 1838, escreveu em seu diário: “O dia dos dias!”
Emma Wedgwood, sua prima, havia aceitado seu pedido de casamento.
Assim, o homem que dedicou a vida a entender a evolução das espécies também passou pelo dilema mais comum da existência humana. Entre tantas anotações e raciocínios, Darwin optou pelo casamento. Escolheu o amor.
Com informações de CNN.