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Sérgio Habib chama o mercado brasileiro de “jabuticaba automotiva” e duvida do sucesso da BYD no país — Eike Batista rebate e afirma que o carro elétrico já venceu a combustão

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 05/10/2025 às 17:16
Eike Batista rebate Sérgio Habib e defende carros elétricos como inevitáveis, mais econômicos e lucrativos que os movidos a combustível fóssil no Brasil.
Eike Batista rebate Sérgio Habib e defende carros elétricos como inevitáveis, mais econômicos e lucrativos que os movidos a combustível fóssil no Brasil.
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Em podcast, empresário rebate críticas de Sérgio Habib e defende a BYD, destacando avanços na autonomia, economia de energia e queda histórica do preço das baterias.

A discussão sobre o futuro dos carros elétricos no Brasil foi destaque em entrevistas no canal Irmãos Dias Podcast. Primeiro, o renomado empresário Sérgio Habib, expôs uma longa análise sobre os limites e desafios do mercado nacional para veículos elétricos, com foco especial na BYD.

Alguns meses depois, Eike Batista participou do mesmo programa e respondeu diretamente às críticas, com ironia, dados e otimismo sobre a revolução elétrica que, segundo ele, “já começou e é inevitável”.

Sérgio Habib: “O Brasil é uma jabuticaba no mercado automotivo mundial”

Sérgio Habib iniciou sua análise afirmando que o mercado brasileiro de automóveis é um caso único no mundo, com características próprias que dificultam a entrada de marcas estrangeiras — especialmente as chinesas que produzem apenas carros elétricos ou híbridos.

Segundo ele, o Brasil é uma “jabuticaba automotiva”, um país onde o mercado segue regras tributárias, hábitos de consumo e condições logísticas muito diferentes das de países como China, Estados Unidos ou Europa.

Habib apresentou números para justificar sua visão: o Brasil tem uma frota de 2,5 milhões de automóveis e cresce pouco, cerca de 3% ao ano.

Dentro desse universo, 2 milhões são carros de passeio, e metade desse total — 52% — são veículos 1.0.

Esses números, diz ele, explicam por que qualquer marca que queira ter presença relevante precisa oferecer carros 1.0 flex ou 1.0 turbo flex, o que exige investimentos altíssimos em engenharia e produção local.

Motores 1.0: o gargalo invisível para as montadoras estrangeiras

Habib enfatizou que o motor 1.0 é uma exigência tributária e econômica típica do Brasil.
Enquanto outros mercados operam com motores 1.2, 1.3 ou 1.5, o sistema brasileiro cobra até 6% a mais de impostos para veículos acima de 1.0 litro.

Essa particularidade, segundo o empresário, obriga as montadoras que querem competir de verdade a desenvolver motores exclusivos para o país — algo caro e sem retorno internacional.

Ele citou o caso da Hyundai, que em 2011 investiu pesadamente para desenvolver o HB20, carro criado especificamente para o mercado brasileiro, com motor 1.0 e características adaptadas ao gosto local.
O modelo se tornou um sucesso de vendas, mas é um exemplo claro do custo de “abrasileirar” a produção:

O HB20 é um carro feito para o Brasil e dentro do Brasil. Não vende na Coreia, na Europa nem nos Estados Unidos”, afirmou.

Na visão de Habib, esse tipo de estratégia destrói a vantagem de escala das marcas estrangeiras, que passam a enfrentar os mesmos custos de produção e logística das montadoras nacionais sem o benefício de volume.

Você deixa de ter mão de obra chinesa, deixa de comprar aço chinês e passa a fabricar tudo com custo brasileiro”, explicou.

Por que a BYD dificilmente dominará o Brasil, segundo Habib

Ao ser questionado sobre o crescimento visível da BYD no Brasil, Habib foi direto:

De jeito nenhum. A BYD não vai dominar o mercado brasileiro.

Ele argumentou que, embora a empresa chinesa tenha produtos de alta qualidade e tecnologia, sua estratégia é incompatível com a realidade do país.

Segundo Habib, a BYD só fabrica carros elétricos e híbridos plug-in, segmentos que representam apenas 2,3% do mercado nacional — e, segundo ele, em queda.

O mercado brasileiro cresceu 3,3% nos primeiros meses do ano, enquanto o de carros elétricos caiu 15%. A BYD domina 75% desse nicho, mas isso equivale a 1,6% do mercado total.”

Além disso, Habib destacou que os carros híbridos plug-in são caros e complexos, pois carregam duas tecnologias completas: a estrutura de um carro a combustão e a de um elétrico, com baterias, motores duplos e sistemas eletrônicos de integração.

É um carro com radiador, bomba d’água, catalisador, alternador, bateria, motor elétrico e toda a eletrônica que une os dois sistemas. Isso não cabe num carro pequeno, só num carro médio — e o mercado de carros médios no Brasil é de apenas 400 mil unidades por ano.

Na visão dele, a marca só crescerá acima de 4% de participação se lançar um carro totalmente novo, com motor flex 1.0 turbo desenvolvido exclusivamente para o Brasil — o que eliminaria qualquer economia de escala e, portanto, inviabilizaria o negócio.

Matematicamente, é impossível passar de 4% com a estratégia atual.

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Eike Batista responde: “Sérgio, você está bebendo gasolina”

Dias depois da entrevista de Habib, o empresário Eike Batista participou do mesmo podcast e respondeu diretamente às críticas.
De bom humor, iniciou dizendo:

Sérgio, você está bebendo gasolina.

Eike discordou de todas as previsões do colega e defendeu a BYD como uma das empresas mais promissoras do país.

Segundo ele, o mercado de elétricos cresce por eficiência, não por modismo, e os consumidores que testam a tecnologia não voltam mais para o carro a combustão.

Eike: economia cinco vezes maior e autonomia de até 600 km

Eike argumentou que o custo por quilômetro rodado é muito menor em veículos elétricos, principalmente em grandes cidades.

“No Rio, eu gasto cinco vezes menos para rodar do que com gasolina. Esse é o número.”

Ele citou exemplos de motoristas profissionais:

“Tem taxista no Rio que está sobrando R$ 3.000 por mês no bolso. O que tem de ruim nisso?”

Também defendeu que a autonomia dos novos modelos mudou completamente o cenário.

“Antes, um carro elétrico andava 200 km e dava ansiedade. Agora faz 500 ou 600 km com uma carga.”

Para ele, isso elimina o principal argumento de Habib sobre infraestrutura, já que muitos usuários podem recarregar os carros em casa, sem depender de postos públicos.

“Eu vou de casa até Angra e volto ainda com 30% da bateria. Chego, boto na tomada e pronto.”

Segurança e tecnologia: “Carro a combustão pega fogo 61 vezes mais”

Eike também respondeu à preocupação de Habib sobre riscos de incêndio.

Um carro a combustão tem 61 vezes mais chance de pegar fogo. Pode checar o número.”

Ele reconheceu que incêndios em elétricos são mais difíceis de conter, mas insistiu que a probabilidade é muito menor e que o debate é distorcido.

Segundo ele, os elétricos são mais seguros, mais limpos e tecnologicamente superiores.

A queda do lítio e a revolução das baterias de sódio

O empresário ainda abordou a questão das baterias, afirmando que o custo despencou nos últimos cinco anos.

As baterias custavam US$ 800 por watt-hora e agora estão entre US$ 80 e US$ 120. Caíram dez vezes.

Ele destacou a chegada das baterias de sódio, produzidas por empresas como a CATL, que prometem ser dez vezes mais baratas que as de lítio.

O lítio caiu 80% no último ano. Não é mais o metal do futuro.

Para Eike, isso prova que o mercado está em rápida transformação, e que a tecnologia elétrica já se tornou mais competitiva do que a combustão.

Duas visões, um mesmo país

O contraste entre Sérgio Habib e Eike Batista resume o dilema brasileiro diante da transição energética.
Habib fala em realismo, custos locais e limitações de escala, enquanto Eike aposta em inovação, eficiência e inevitabilidade tecnológica.

De um lado, o argumento econômico: um mercado de 2 milhões de carros, metade 1.0 e tributação elevada.

Do outro, a aposta tecnológica: autonomia crescente, custos decrescentes e energia mais barata.

Ambos enxergam o mesmo futuro — um Brasil eletrificado —, mas discordam totalmente sobre quando e como ele chegará.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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