O Egito está desenvolvendo um novo mega projeto que promete reduzir significativamente a fome no país. Essa iniciativa tem o potencial de transformar o Egito no maior produtor de peixes do mundo, reforçando sua posição no mercado global de alimentos e contribuindo para a segurança alimentar da região.
Um relatório divulgado pela ONU em 2021 revelou um cenário alarmante: após cinco anos de relativa estabilidade, a fome no mundo deu um salto significativo em 2020. De acordo com o documento “O Estado da Insegurança Alimentar e Nutrição no Mundo em 2020,” elaborado por cinco agências da ONU, até 811 milhões de pessoas enfrentaram a fome apenas em 2020. Em resposta a essa crise global, o Egito deu início a um Mega Projeto ambicioso que pode transformar o país no maior produtor de peixes do mundo, oferecendo uma solução inovadora para combater a fome e promover a segurança alimentar.
Como surgiu o mega projeto no Egito?
No último século, autoridades egípcias decidiram diversificar as fontes de alimento e perceberam que, devido às alterações climáticas e às atividades humanas, o fluxo das águas do Rio Nilo estava cada vez menor e o nível de poluição só cresce.
Dados preocupantes, já que o Egito depende do Rio para mais de 80% de suas necessidades hídricas, inclusive grande parte para agricultura e pecuária.
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Esse aumento populacional não é de hoje e já era um problema há décadas, fazendo com que ao longo dos anos os egípcios usassem mais fertilizantes químicos, esgotando ainda mais o solo, diminuindo a área de pasto para o gado.
Por esses motivos, lançaram uma grande campanha para desenvolver a indústria pesqueira, promovendo fontes e proteínas sustentáveis para a população.
Em 1970 o governo do Egito propôs um mega projeto para acelerar o desenvolvimento do setor. Até o final dessa campanha, em meados dos anos 80, a produção anual de peixe saltou de 17 mil toneladas para 48 mil toneladas, fazendo do país o maior produtor de peixes do mundo.
Durante esse período foram construídas quatro grandes incubadoras de peixes, seis tanques e cinco tanques de coleta de peixes juvenis. Em um período relativamente curto, o Egito teve êxito em diversificar seus recursos alimentares além de gerar milhares de empregos no setor.
Projeto que transformou o país no maior produtor de peixes do mundo foi iniciado em 2017
Mas apesar dos esforços, o desafio era muito grande e a população do país mais que duplicou nos últimos 40 anos. O Egito não conseguiu cumprir toda sua demanda doméstica de peixes até recentemente. Então para alcançar sua autossuficiência na produção de peixes e quem sabe até iniciar uma produção de exportação, o governo do país percebeu que iria precisar de medidas mais drásticas.
Então, em 2017 iniciou um mega projeto com o objetivo ousado de construir o maior complexo de produção de peixe em grande escala do continente. Mas devido à sua complexidade, foi dividido em duas fases.
Na primeira fase, o governo precisava de um local estratégico, que facilitasse a logística, então construiu um complexo de 10 km ao leste do porto Said, uma cidade portuária importantíssima que dá acesso ao canal da Suécia, que por sua vez permite que o Egito importe sua mercadoria entre a Europa e a Ásia. Com o local escolhido para o mega projeto iniciou-se o processo preparatório que inclui o estudo da área, análise de amostras do solo e das rochas e a medição dos níveis da água.
Como é a estrutura do mega projeto do Egito?
Com base nesses dados foi desenvolvido um projeto gigantesco e 700 Lagos ocupam mais de 8.000 hectares, várias docas medindo 9.600 metros quadrados, para acomodar seis barcos de pesca com mais de 30 metros de comprimento cada.
Já para a construção dos reservatórios artificiais, foi necessário escavar 500 mil metros cúbicos de terra, enterrar a cerca de 1,5 milhões de metros cúbicos construírem costas artificiais com comprimento maior de 100 quilômetros e despejar concreto em grandes superfícies que totalizam mais de sete mil metros quadrados.
Mas para o funcionamento de todo ecossistema, ainda foi necessário construir um complexo de estruturas auxiliares para garantir a autossuficiência e a autonomia de trabalho. Então, além dos reservatórios, foram projetadas plantas para o processamento dos peixes, produção de gelo, produção e embalagem de ração, bem como vários laboratórios veterinários e de incubação que foram construídos no território do mega projeto.