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É um tesouro’: Descoberto naufrágio de mais de 500 anos na costa do Quênia, possivelmente ligado à última viagem de Vasco da Gama

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 25/11/2024 às 22:42
Vasco da Gama, tesouro
Foto: Reprodução

Pesquisadores acreditam ter encontrado um naufrágio na costa do Quênia que pode ser da última expedição de Vasco da Gama, marcando uma descoberta histórica sem precedentes.

Um misterioso naufrágio na costa do Quênia pode ter pertencido a um dos navios da última viagem do explorador português Vasco da Gama, feita ao Oceano Índico há mais de 500 anos. Arqueólogos acreditam que os restos encontrados perto de Malindi podem ser do São Jorge, um navio que afundou em 1524, pouco antes da morte de Vasco da Gama.

Essa descoberta lança luz sobre um período fundamental da história dos navegadores portugueses e pode mudar nossa compreensão sobre as rotas comerciais no Oceano Índico.

O naufrágio

O naufrágio foi descoberto em 2013, mas somente recentemente arqueólogos começaram a investigar o local com mais detalhes. Localizado a cerca de 500 metros da costa de Malindi e a uma profundidade de aproximadamente seis metros, o navio repousa em meio a corais e restos de madeira.

Embora grande parte da estrutura ainda esteja submersa, os mergulhadores desenterraram peças importantes, como fragmentos de casco e de outros materiais do navio, em duas trincheiras arqueológicas.

Filipe Castro, arqueólogo marítimo da Universidade de Coimbra, lidera o estudo recente que investiga a identidade do naufrágio. Ele sugere que o navio encontrado pode ser o São Jorge, um dos barcos que acompanhou Vasco da Gama em sua última viagem ao subcontinente indiano. No entanto, Castro reconhece que ainda não há certeza sobre essa identificação. “Não sabemos ao certo”, afirmou ele, em entrevista à Live Science.

O naufrágio está a cerca de 1.600 pés da costa, a uma profundidade de cerca de 20 pés; pode ser desenvolvido como um museu subaquático para mergulhadores. (Crédito da imagem: Filipe Castro)

A viagem de Vasco da Gama

Vasco da Gama (1469–1524) foi um dos maiores navegadores portugueses, sendo o primeiro a abrir a rota marítima para a Índia, contornando o Cabo da Boa Esperança, na África, em 1497. Durante suas viagens, ele estabeleceu as bases do império comercial português no Oceano Índico.

Sua última expedição, em 1524, envolveu uma armada de cerca de 20 navios, incluindo o São Jorge. Porém, o São Jorge afundou pouco antes de da Gama falecer na Índia, possivelmente devido a complicações de malária.

Caso o naufrágio encontrado seja, de fato, o São Jorge, ele representaria a mais antiga evidência de um naufrágio europeu no Oceano Índico. Segundo Castro, essa descoberta tem um “valor histórico e simbólico significativo“, sendo um testemunho físico da presença dos navegadores portugueses nas águas quenianas durante o século XVI.

A Importância do Achado

Arqueólogos subaquáticos acreditam que o naufrágio seja o São Jorge, um navio português que naufragou em 1524 durante a última viagem de Vasco da Gama ao Oceano Índico.(Crédito da imagem: Filipe Castro)

O naufrágio de Malindi é um dos oito conhecidos que pertencem ao período das viagens portuguesas pelo Oceano Índico. Outros naufrágios de navios portugueses, como o Nossa Senhora da Graça, afundado em 1544, também foram encontrados na região. Se confirmada a identidade do São Jorge, o naufrágio se tornará um marco da história naval. “Este é um naufrágio único, um verdadeiro tesouro”, afirmou Filipe Castro.

Além disso, o naufrágio desperta o interesse das autoridades quenianas, que já estão considerando transformar o local em um museu subaquático. O arqueólogo Caesar Bita, que inicialmente descobriu o local, já retirou artefatos, como lingotes de cobre e presas de elefante, durante a pesquisa inicial. Ele está agora ajudando a coordenar os esforços de investigação para entender melhor a história por trás do naufrágio.

O Valor Cultural e Histórico

Sean Kingsley, arqueólogo marítimo e editor da revista Wreckwatch, comentou sobre a importância da descoberta, destacando que, se o naufrágio for realmente o São Jorge, ele se tornará uma “poeira estelar arqueológica”. O local é considerado um ponto estratégico, não só para entender a história das viagens portuguesas, mas também para compreender o papel do Quênia como ponto de partida para explorar as riquezas da Índia.

Kingsley ressaltou a necessidade de mais investigações para confirmar a identidade do navio, mas também alertou sobre a urgência de proteger o local. “Este naufrágio clama por proteção, respeito e cuidado antes que sua história de fundo desapareça para sempre”, afirmou ele.

Próximos Passos na Investigação

Os pesquisadores agora esperam aprofundar seus estudos com um levantamento arqueológico nos recifes de corais ao norte de Malindi, uma área de cerca de 25 quilômetros. Esse trabalho ajudará a confirmar a identidade do naufrágio e, possivelmente, a desvendar outros segredos relacionados à presença dos portugueses na região.

Essa investigação é um importante passo para a preservação da história marítima e para a valorização do patrimônio cultural da região. Se o São Jorge for confirmado como sendo o navio encontrado, ele não apenas marcará um marco histórico na navegação europeia, mas também enriquecerá o entendimento das relações comerciais e culturais entre o Oriente e o Ocidente no século XVI.

Em um mundo cada vez mais voltado para a tecnologia e o futuro, descobertas como essa nos lembram da importância de entender o passado e preservar os vestígios dos exploradores que ajudaram a moldar o mundo moderno.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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