As aposentadas Jo Johnston e Elaine Durham venderam suas casas e trocaram a vida em terra firme por cruzeiros de longa duração, acumulando mais de 1.500 dias navegando e planejando novas viagens pelo mundo
Depois de uma semana em um cruzeiro, muitas pessoas sonham em viver no mar permanentemente. Para as irmãs Jo Johnston, de 69 anos, e Elaine Durham, de 63, esse sonho virou realidade. Solteiras e aposentadas, elas decidiram transformar os navios em suas moradias fixas.
“Continuei fazendo cruzeiros de duração cada vez maior — 30 dias, depois 45, depois 80 — e percebi que adorava passar longos períodos no mar”, contou Johnston ao Business Insider.
Vida entre navios
As duas já somam mais de 1.500 dias navegando, a maioria deles em embarcações da companhia Holland America Line.
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Embora não viajem sempre juntas, compartilham o mesmo entusiasmo por explorar o mundo sobre as ondas.
Os planos seguiram ambiciosos em 2025. Johnston reservou um lugar na Grande Viagem ao Redor do Mundo, com duração de 124 dias, enquanto Durham encarou a jornada De Polo a Polo, com 133 dias de cruzeiro.
Mesmo em rotas diferentes, as irmãs se encontraram em Barcelona, quando os dois navios fizeram escala simultânea na cidade espanhola, em abril.
Casa vendida, vida nova
A mudança de vida exigiu decisões radicais. Ambas venderam suas casas para tornar o sonho viável: Johnston fez isso em 2014, e Durham, em 2022.
“Meus filhos saíram de casa e não voltariam para a região, então percebi que não fazia sentido manter ‘a fazenda’ quando o que eu queria mesmo era viajar”, explicou Durham.
Ela realizou um leilão de bens e vendeu cerca de 98% de tudo o que possuía, mantendo apenas roupas e objetos sentimentais.
As fotos de família ficaram guardadas com os filhos. Johnston também se desfez da maior parte de seus pertences, mantendo apenas documentos e recordações em um pequeno depósito.
O valor arrecadado, somado à economia de não manter uma casa em terra firme, ajuda a bancar a vida a bordo.
Quanto custa viver no mar
O estilo de vida, porém, não é barato. As tarifas para a Grande Viagem De Polo a Polo em 2025 começam em US$ 31.199 por pessoa, enquanto a Grande Viagem ao Redor do Mundo parte de US$ 27.354.
Ainda assim, os custos incluem alimentação, moradia, serviços e entretenimento, o que, segundo as irmãs, compensa.
“Antes, eu tinha uma casa grande, piscina e três carros. Sem tudo isso, tenho muito mais dinheiro para gastar em viagens”, afirmou Johnston.
Planejamento e economia
A experiência também exige disciplina financeira. Durham disse que conseguiu manter o estilo de vida porque não tem dívidas há 20 anos. Quando decidiu vender a casa, criou um plano de cinco anos, com metas e ajustes anuais.
As duas ainda economizam aproveitando programas de fidelidade. Por viajarem tanto com a Holland America, recebem benefícios como refeições gratuitas em restaurantes de especialidade e serviço de lavanderia sem custo.
Johnston também reduz gastos escolhendo cabines mais baratas, muitas vezes com vista obstruída para o mar.
Ela reconhece que viver em cruzeiros pode ou não ser mais econômico do que ter uma casa. “Depende das escolhas. Se eu quisesse gastar menos, faria viagens curtas e repetitivas pelo Caribe. Mas prefiro trajetos longos, em navios menores”, disse.
Desafios e rotina no mar
Nem tudo é glamour. Em 2023, Johnston passou 300 dias navegando pela Europa, Canadá e Nova Inglaterra, longe de familiares e amigos.
“Mantenho contato por e-mail, redes sociais e chamadas via Wi-Fi. Também participo de um clube do livro pelo Zoom”, contou. “O mais difícil às vezes é o fuso horário.”
Outro desafio é manter o estoque de medicamentos. Johnston explicou que aproveita os intervalos entre cruzeiros para comprar suprimentos de 90 dias, usando um serviço de entrega voltado para pessoas que vivem em trailers em tempo integral.
Viver em navios exige adaptação constante
Até o ato de votar exige planejamento. Como estão sempre em movimento, precisam solicitar cédulas de votação por correspondência com antecedência. Ainda assim, dizem que se adaptam às exigências da vida nômade.
“Cruzeiros longos se tornam um estilo de vida, não apenas férias”, resumiu Johnston. “O navio é o nosso lar.”
Com informações de Dusiness Insider.



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