1. Início
  2. / Economia
  3. / Drex prepara o fim do dinheiro anônimo no Brasil e permitirá ao governo rastrear grandes transações, como a compra de carros e imóveis, em tempo real
Tempo de leitura 6 min de leitura Comentários 0 comentários

Drex prepara o fim do dinheiro anônimo no Brasil e permitirá ao governo rastrear grandes transações, como a compra de carros e imóveis, em tempo real

Escrito por Carla Teles
Publicado em 12/10/2025 às 17:28
Drex prepara o fim do dinheiro anônimo no Brasil e permitirá ao governo rastrear grandes transações, como a compra de carros e imóveis, em tempo real
Entenda o que é o Drex e como o Real Digital vai impactar seu dinheiro. Saiba do impacto no crédito ao debate sobre a privacidade de suas transações financeiras.
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Entenda como o Drex, a nova moeda do Banco Central, vai além do Pix para transformar o crédito, a compra de imóveis e o mercado financeiro, mas enfrenta desafios de privacidade.

O Drex, a aguardada moeda digital oficial do Brasil, representa o passo mais transformador na agenda de modernização do sistema financeiro nacional. Longe de ser apenas uma nova versão do dinheiro, a plataforma promete remodelar a forma como brasileiros lidam com crédito, investimentos e a posse de bens. Segundo o Banco Central do Brasil (BCB), fonte principal deste projeto, o objetivo não é substituir o Pix ou o dinheiro em espécie, mas criar uma infraestrutura para transações mais complexas e seguras.

No entanto, o caminho para essa revolução financeira sofreu uma reviravolta estratégica. O plano original de lançar um sistema totalmente baseado em blockchain foi adiado devido a desafios significativos de segurança e privacidade. Com isso, a primeira entrega do Drex, prevista para o segundo semestre de 2026, terá um foco pragmático e de alto impacto: modernizar e baratear o mercado de crédito no país, deixando a tokenização de ativos como imóveis e veículos para uma fase futura.

O que é o Drex e por que ele não é um “novo Pix“?

É fundamental entender que o Drex não é uma nova criptomoeda como o Bitcoin. Em sua essência, ele é a representação digital do próprio Real. De acordo com as diretrizes do Banco Central do Brasil (BCB), cada unidade de Drex sempre valerá exatamente R$ 1,00, garantindo total estabilidade e segurança por ser emitida e controlada pela autoridade monetária. Ele é a terceira peça de uma trilogia de inovação que começou com o Pix e o Open Finance.

Crianças sorrindo e brincando com brinquedos coloridos em promoção no Mercado Livre durante o Dia das Crianças.
Brinquedos infantis em promoção no Mercado Livre para o Dia das Crianças

Enquanto o Pix democratizou os pagamentos instantâneos e o Open Finance permitiu o compartilhamento de dados financeiros entre instituições, o Drex chega para resolver o próximo gargalo: a negociação de ativos e serviços financeiros complexos. A visão do BCB é criar uma plataforma única onde a transferência de um carro, a contratação de um seguro ou a compra de um título de investimento possam ocorrer de forma instantânea, barata e sem o risco de uma das partes não cumprir o acordo.

A reviravolta do projeto: o desafio da privacidade adia o blockchain

A visão original para a Plataforma Drex era ambiciosa: um ecossistema construído sobre Tecnologia de Registro Distribuído (DLT), similar ao blockchain, que permitiria a “tokenização”. Isso significa transformar ativos reais, como um imóvel ou um carro, em representações digitais (tokens) que poderiam ser negociados de forma segura e instantânea através de contratos inteligentes (smart contracts). O exemplo clássico do BCB era a venda de um veículo, onde o pagamento e a transferência de propriedade ocorreriam no mesmo segundo, eliminando qualquer risco para o comprador e o vendedor.

Contudo, os testes do piloto, cuja cronologia é detalhada pela CONTEC (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Crédito), revelaram um obstáculo crítico conhecido como “trilema da privacidade”. Conforme aponta uma análise aprofundada do E-Investidor (Estadão), a transparência necessária para o funcionamento do blockchain entra em conflito direto com as rigorosas leis brasileiras de proteção de dados, especialmente a Lei do Sigilo Bancário. Garantir o sigilo das transações individuais em uma rede programável se mostrou um desafio tecnológico ainda sem solução madura, forçando o BCB a adiar a implementação da DLT para focar em uma entrega mais imediata e centralizada.

Primeiro impacto real: como o Drex vai baratear o crédito em 2026?

Contrariando as expectativas de uma revolução nos pagamentos do dia a dia, o primeiro benefício tangível do Drex será sentido nos bastidores do sistema de crédito. A plataforma que será lançada em 2026 focará na chamada “reconciliação de gravames”. Um gravame é, em termos simples, o registro que informa que um bem, como um carro ou imóvel, foi dado como garantia em um empréstimo. Atualmente, esses registros são fragmentados e ineficientes, o que aumenta o risco para os credores e, consequentemente, os juros para o consumidor.

Com a nova plataforma, haverá um sistema centralizado e unificado para registrar e consultar essas garantias. Essa mudança trará mais segurança e transparência, permitindo que os bancos e fintechs reduzam os riscos de fraude e os custos operacionais. Na prática, isso tem o potencial de destravar capital, ampliar o acesso ao crédito e, principalmente, reduzir as taxas de juros para quem busca financiamentos, já que o risco da operação será menor para a instituição financeira.

A visão de futuro: imóveis, carros e investimentos na palma da mão

Apesar do adiamento, o Banco Central do Brasil (BCB) não abandonou a visão de uma economia tokenizada. No futuro, quando os desafios tecnológicos da DLT forem superados, a Plataforma Drex permitirá que a compra e venda de ativos de alto valor se tornem tão simples quanto fazer um Pix. A transferência de um imóvel, que hoje leva semanas e envolve cartórios e burocracia, poderá ser concluída em minutos através de um contrato inteligente.

Esse processo, chamado de “liquidação atômica”, garante que a troca do ativo pelo pagamento aconteça de forma simultânea e indivisível. Para os investimentos, isso significará um mercado de capitais mais ágil, onde títulos públicos e privados poderão ser negociados com liquidação instantânea, 24 horas por dia. Essa eficiência promete aumentar a liquidez e democratizar o acesso a novas classes de ativos, permitindo que pequenos investidores comprem frações de imóveis ou de outros bens antes inacessíveis.

O grande debate: seus gastos serão vigiados pelo governo?

A maior polêmica em torno do Drex é a questão da privacidade. A rastreabilidade das transações é uma ferramenta poderosa contra crimes como lavagem de dinheiro e corrupção. No entanto, essa mesma característica gera um temor legítimo sobre a possibilidade de vigilância excessiva e controle estatal sobre a vida financeira dos cidadãos, como destaca o debate analisado pelo E-Investidor. Críticos se preocupam com o potencial de monitoramento e com o uso indevido desses dados.

Para tranquilizar a população, o Banco Central do Brasil (BCB) tem afirmado repetidamente que todas as operações com o Drex seguirão as mesmas regras de sigilo que protegem as contas bancárias hoje. A plataforma estará em total conformidade com a Lei do Sigilo Bancário e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Isso significa que os dados das transações individuais permanecerão privados, e o acesso a eles por parte de autoridades só poderá ocorrer mediante ordem judicial, exatamente como já funciona no sistema financeiro atual.

O Drex se apresenta como um projeto de longo prazo, cuja implementação faseada prioriza a segurança e a estabilidade. A primeira onda de mudanças, focada em tornar o crédito mais acessível, já representa um avanço significativo. A revolução completa, com a tokenização de toda a economia, ainda depende de tempo e maturação tecnológica, mas o caminho já está traçado.

Você concorda com essa mudança? Acha que isso impacta o mercado? Deixe sua opinião nos comentários, queremos ouvir quem vive isso na prática.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Carla Teles

Produzo conteúdos diários sobre tecnologia, inovação, construção e setor de petróleo e gás, com foco no que realmente importa para o mercado brasileiro. Aqui, você encontra oportunidades de trabalho atualizadas e as principais movimentações da indústria. Tem uma sugestão de pauta ou quer divulgar sua vaga? Fale comigo: carlatdl016@gmail.com

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x